5 de Dezembro de 2009 - Daniel
Mello - Repórter da Agência Brasil
- São Paulo - O chefe do Laboratório
de Monitoramento e Controle Ambiental em Transportes
da Universidade de Brasília (UnB), Felipe
Azevedo, disse que o transporte público de
qualidade e que utilize combustíveis
limpos é uma das medidas mais importantes
para reduzir as emissões de gás carbônico
causadas pelo deslocamento de pessoas.
Ele ressaltou que o “setor de
transporte nos centros urbanos é um dos principais
atores na emissão de poluentes e, por isso,
é importante adotar medidas que reduzam as
emissões de gases de efeito estufa nessa
área.
Segundo dados do Inventário
Nacional de Emissões de Gases Estufa, o transporte
rodoviário representou 5,7% do total de carbono
lançado pelo Brasil em 2005. Em 11000, o
setor correspondia a 5,3% do total. Em valores absolutos,
os deslocamentos por terra passaram a emitir 72%
mais carbono nos 15 anos avaliados, passando de
214.922 toneladas em 11000 para 362.032 toneladas
em 2005.
Além de incentivar a população
dos grandes centros a trocar os veículos
individuais pelo transporte coletivo, Azevedo acrescentou
que a frota de ônibus deve utilizar cada vez
mais energia limpa, como biocombustíveis
e gás natural.
“Não é só
o fator combustível, tem também a
manutenção desses veículos”,
destacou. Segundo ele, o uso de veículos
modernos e com a manutenção em dia
garante um consumo menor de energia e, por consequência,
menos emissões.
Azevedo admitiu, entretanto, que
fazer com que a população troque o
carro pelo transporte coletivo é algo que
demanda tempo e dificilmente pode ser implementado
de imediato. “É claro que para você
mudar toda a maneira de se locomover de uma população
é um pouco complicado, não é
de uma hora para outra que isso vai acontecer”.
Em relação aos automóveis,
o pesquisador acredita que um ponto importante é
renovar a frota e fiscalizar principalmente os veículos
antigos ainda em uso. De acordo com ele, como os
carros novos seguem as determinações
do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) em
relação a emissão de poluentes,
“os novos veículos não são
os que preocupam mais, os que preocupam mais são
os que já estão rodando. Esse são
os que mais emitem. Os que estão saindo de
fábrica estão de acordo com as resoluções
do Conama”.
+ Mais
Setor público precisa assumir
compromisso com a redução das emissões,
diz Abemc
3 de Dezembro de 2009 - Alana
Gandra - Repórter da Agência Brasil
- Rio de Janeiro - A administração
pública brasileira já deveria ter
assumido uma postura mais pró-ativa na questão
do aquecimento global, afirmou hoje (3) o presidente
da Associação Brasileira das Empresas
do Mercado de Carbono (Abemc), Flávio Gazani.
Em entrevista à Agência
Brasil, ele disse que mesmo os Estados Unidos, maior
poluidor mundial, responsável por 25% das
emissões globais, já começam
a apresentar uma mudança de postura em relação
ao tema, com a nova gestão do presidente
Barack Obama.
“Já tem muitos estados
e municípios (norte-americanos) que fizeram
seus inventários de emissões, estabeleceram
metas e estão buscando reduzir as emissões.
Estou falando de órgãos da administração
direta e indireta “, afirmou.
Segundo ele, no Brasil, apenas
o estado de São Paulo apresentou a primeira
iniciativa de elaborar um inventário de emissões.
“Existe uma falta de compromisso da administração
pública e do país como um todo em
assumir a nossa mea-culpa”, analisou Gazani. Entre
os países desenvolvidos, não ratificaram
o Protocolo de Quioto, além dos Estados Unidos,
a Nova Zelândia e a Austrália.
Apesar disso, Gazani está
otimista em relação ao resultado das
negociações que ocorrerão durante
a 15ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15)
em Copenhague, na Dinamarca , entre 7 e 18 de dezembro.O
encontro objetiva elaborar um acordo em substituição
ao Protocolo de Quioto, cuja vigência termina
em 2012.
Embora o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e a chanceler alemã Ângela
Merkel tenham afirmado hoje que não se deverá
chegar a um “acordo ideal” na COP-15, Gazani assegurou
que “toda e qualquer tentativa de salvar o resultado
final da conferência é válida”.
Segundo ele, a convergência
das atenções do mundo para essa conferência
vai sensibilizar a sociedade mundial com relação
à seriedade do problema das mudanças
climáticas. “A gente tem maiores chances
de que os governantes assumam posturas mais responsáveis.
À medida em que há a participação
pública, a possibilidade de demonstração
de vontade política aumenta”.
Gazani disse que observa com satisfação
os governos do Brasil, da França e Alemanha
engajados nesse esforço de encontrar uma
saída para o problema do aquecimento global
“até porque existe uma necessidade premente
de que um novo acordo ou a continuação
desse acordo seja atingido logo, para que não
haja uma interrupção no compromisso
assumido em Quioto, nem nas iniciativas que já
vêm contribuindo de alguma forma para a mitigação
das mudanças climáticas”.
A proposta brasileira de reduzir
as emissões entre 36,1% e 38,9% até
2020, em relação aos níveis
de 2005, foi considerada audaciosa pelo presidente
da Abemc. “E coloca o Brasil em uma posição
de liderança ante outras nações
em desenvolvimento”.
Gazani ressaltou, contudo, que
as metas estabelecidas pelo governo brasileiro são
voluntárias. Isso significa que não
há, ainda, a intenção do Brasil
de assumir metas mandatórias, como foi feito
anteriormente pelos países desenvolvidos.
Para estimular a redução
das emissões no Brasil, em especial aquelas
oriundas do desmatamento, Gazani sugeriu que todos
os meios de financiamento sejam direcionados a projetos
ou iniciativas que visem reduzir o desmatamento,
principalmente na Amazônia. “Nós temos
hoje cerca de 40% das florestas tropicais do mundo”.
Ele defendeu que seja instituído
um sistema misto, em que fundos de governo e fundos
privados possam investir nessas iniciativas de redução
de emissões, aceitando a inclusão
de mecanismos de mercado, como os projetos de mecanismo
de desenvolvimento limpo (MDL), que gerem créditos
de carbono e tenham um valor no mercado internacional
“para que essas iniciativas venham ocorrer de fato
e o mais rápido possível”.
O mercado voluntário de
carbono é relativamente pequeno, se comparado
ao mercado regulado pelo Protocolo de Quioto. Ele
representa 2,9% do mercado regulado em termos relativos.
Em faturamento, a participação é
de 0,6%. O mercado global de carbono faturou no
ano passado cerca de US$ 126 bilhões, enquanto
o mercado voluntário registrou um total de
US$ 700 milhões.
Para Gazani, a participação
nesse mercado voluntário de carbono pode
ser interessante para as empresas brasileiras, porque
os créditos voluntários são
mais baratos. Os projetos não têm que
passar pelo mesmo processo de aprovação
do mercado regulado.