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08 December 2009 - Copenhague, Dinamarca O livro,
Soluções Naturais: áreas protegidas
ajudando as pessoas a lidar com as mudanças
climáticas exprime como as áreas protegidas
contribuem significativamente para reduzir os impactos
das alterações climáticas e
o que é necessário para ampliar e
consolidar essa contribuição.
Apresentado nesta terça-feira
(8/12) durante 15ª Conferência das Partes
(COP-15) da Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudanças do Clima, o livro foi
elaborado pelas instituições UICN
(União Internacional para a Conservação
da Natureza), TNC (The Nature Conservancy), o PNUD
(Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento), WCS (Wildlife Conservation Society),
Banco Mundial e WWF.
Segundo a publicação,
as áreas protegidas têm um papel importante
no combate ao aquecimento global já que cerca
de 15% do estoque mundial de carbono terrestre
312 giga toneladas são armazenados em áreas
protegidas ao redor do mundo.
As áreas protegidas também
servem como redutoras dos impactos climáticos
e outros desastres, como enchentes, deslizamentos
de terra e tempestades. Alem disso, são responsáveis
por manter recursos naturais saudáveis e
produtivos gerando resultados positivos também
para os moradores de centros urbanos. Entre os serviços
ecológicos das áreas protegidas podemos
destacar o fornecimento de água potável,
regulação do clima, formação
dos solos e manutenção de sua fertilidade,
manutenção da biodiversidade e controle
de pragas e doenças.
Os líderes mundiais precisam
reconhecer que criar e manter adequadamente as áreas
protegidas é um investimento na segurança
de suas comunidades. A rede global de áreas
protegidas precisa de apoio financeiro para sua
máxima eficiência e ampliação,
afirma Alexander Belokurov, gerente de Conservação
do WWF Internacional.
Para o WWF-Brasil, a manutenção
e expansão das áreas protegidas devem
ser reconhecidas, tanto na Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança
do Clima (UNFCCC), como também na Convenção
sobre a Diversidade Biológica (CDB), como
uma poderosa ferramenta, que deve ser utilizada
nas estratégias nacionais sobre alterações
climáticas, seja para minimização
das mudanças, seja para nossa adaptação
à elas.
Brasil e as áreas protegidas
A Amazônia desempenha um
papel central na manutenção do clima
global, além de ser uma das regiões
do globo potencialmente mais afetadas pelas mudanças
climáticas. A redução das emissões
oriundas por desmatamento na Amazônia representa
mais da metade dos compromissos brasileiros anunciados
recentemente.
As áreas protegidas contribuem
de forma significativa, tanto aumentando a resistência
dessa e outras regiões, como Pantanal, aos
impactos das mudanças climáticas,
como contribuindo para essa redução
de emissões. Somente na Amazônia, as
áreas protegidas evitariam emissões
de 8 giga toneladas de carbono até 2050.
O programa Arpa, lançado
pelo governo brasileiro em 2002, apóia a
criação de novas áreas protegidas
na Amazônia, além da implementação
e gestão em longo prazo, com meta de apoiar
60 milhões de hectares. As áreas protegidas
apoiadas pelo programa Arpa são responsáveis
por armazenar 4,6 bilhões de toneladas de
carbono, número que representa um décimo
do carbono retido nas florestas remanescentes na
Amazônia brasileira.
Um estudo realizado pelo Instituto
de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com
participação e apoio do Woods Hole
Research Center e WWF-Brasil, divulgado em 2008,
calculou a quantidade de carbono armazenada em 13
áreas protegidas que recebem suporte do Arpa
e comparou com o desmatamento estimado na região
se as áreas não fossem criadas e apoiadas
pelo programa, revelando que as áreas protegidas
apoiadas pelo programa Áreas Protegidas da
Amazônia (Arpa) têm potencial para reduzir
pelo menos 1,1 bilhão de toneladas de emissões
de carbono originárias de desmatamento e
degradação florestal até 2050,
representando montante aproximadamente igual ao
total de emissões do mundo todo por desmatamento
e degradação florestal em 2007.
O Brasil tem potencial para
ampliar e consolidar o sistema de áreas protegidas,
não só na Amazônia, como no
Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica, bem como
em outras áreas do país, contribuindo
ainda mais para a redução das emissões
de gases de efeito estufa e a adaptação
aos efeitos das mudanças climáticas.
Por isso é importante continuar fortalecendo
a implementação do Programa Áreas
Protegidas da Amazônia (Arpa) e incentivar
iniciativas de conservação em todos
os biomas, afirma a secretária-geral do
WWF-Brasil, Denise Hamú.
Em seminário realizado
em outubro, em Brasília, as organizações
não governamentais e gestores de unidades
de conservação solicitaram ao governo
brasileiro esforços para fortalecimento do
sistema de áreas protegidas, em parceria
com comunidades locais e povos indígenas,
para cumprir as funções de minimização
e adaptação às mudanças
climáticas.
+ Mais
WWF-Brasil: discutir hidrelétricas
uma a uma é desperdício de energia
Posted on 08 December 2009 - O
Brasil poderia gerar mais eletricidade e desperdiçar
menos energia em discórdias entre governos,
sociedade civil e iniciativa privada se adotasse
uma perspectiva mais ampla no planejamento da matriz
elétrica que levasse em conta o funcionamento
dos sistemas ecológicos e a dinâmica
social e cultural em torno das bacias hidrográficas
, abandonando o modelo atual de licenciar barragem
por barragem.
O WWF-Brasil entende que a discussão
de usina por usina, a maioria com construção
programada há mais de 20 anos, gera um desgaste
desnecessário e um atraso oneroso no atendimento
à demanda de energia elétrica no Brasil
Também ganharia muito se
investisse mais na identificação e
no fomento aos sistemas de produção
de energia ditos não convencionais, que utilizam,
por exemplo, a força dos ventos e a biomassa
(subprodutos da agricultura, tais como bagaço
e restos de cana).
Além disto, o país deveria investir
em eficiência energética, reduzindo
o desperdício de energia hoje calculado
em 38% e apostando na modernização
do parque hidrelétrico já existente.
Colocando em prática tais
medidas até 2020, não somente o meio
ambiente seria beneficiado com a redução
da necessidade de usinas hidrelétricas, como
também seria possível uma economia
da ordem de R$ 33 bilhões para os consumidores
além, evidentemente, de reduzir drasticamente
o desgaste representado pelo debate infindável
e infundado sobre a relação desenvolvimento
versus meio ambiente.
Estas são as principais
conclusões do documento de posicionamento
do WWF-Brasil (veja download ao lado) sobre a produção
de energia elétrica no Brasil, lançado
na esteira de mais uma grande controvérsia
sobre a construção de hidrelétricas
desta vez envolvendo a Usina Hidrelétrica
de Belo Monte, no Pará mais especificamente
no lendário Rio Xingu.