10 de Dezembro de 2009
- Jorge Wamburg - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - “O catador, organizado,
jamais será pisado”. As palavras de ordem,
puxadas pelo presidente do Movimento Nacional dos
Catadores, Eduardo Ferreira, marcaram hoje (10)
a solenidade de transferência de quatro terrenos,
no total de 160 mil metros quadrados, do Patrimônio
da União para a Central de Cooperativas de
Catadores de Materiais Recicláveis do Distrito
Federal (Centcoop-DF) para a instalação
de unidades de reciclagem que vão beneficiar
milhares de catadores de lixo.
"A frase não é
apenas uma imagem poética, pois os catadores
são mesmo muitas vezes humilhados, pisados
e espancados no seu trabalho pela polícia
e por fiscais estaduais", disse Ferreira.
A plateia de catadores, também
puxada por ele, entoou o hino que fala da luta e
da resistência dos que vivem do lixo, mas
também de esperança de dias melhores
e emocionou as autoridades presentes à solenidade
de dos documentos que dão à Centcoop,
entidade que reúne 22 cooperativas de catadores,
o direito de uso das áreas cedidas pelo governo
federal em quatro locais do Distrito Federal.
As áreas transferidas estão
situadas nas localidades de Riacho Fundo 2 (40 mil
metros quadrados), Planaltina (40 mil metros quadrados),
Setor Oeste/Cidade Estrutural (60 mil metros quadrados)
e Lago Oeste (20 mil metros quadrados).
O valor de mercado, segundo estimativas
da Centcoop, baseada no preço do metro quadrado
normalmente cobrado nessas regiões, é
de R$ 80 milhões. Com a construção
das quatro centrais de triagem e reciclagem do lixo,
cada catador que trabalhar no local poderá
obter uma renda de R$ 1 mil mensais, segundo o presidente
da Centcoop, Ronei Alves da Silva - pelo menos dez
vezes mais do que atualmente.
Lá serão construídas
as unidades de reciclagem de materiais que vão
transformar o lixo recolhido pelos catadores em
centenas de produtos que poderão voltar a
ser usados no dia a dia da população,
gerando renda e, ao mesmo tempo, benefícios
para o meio ambiente, como a extinção
do lixão da Cidade Estrutural.
O presidente da Centcoop afirmou
que os catadores ganharam um local pra trabalhar.
"Antes, sem esses centros de triagem, nós
éramos obrigados a trabalhar nas ruas, no
cerrado e no lixão; na chuva, no sol, de
todas as formas que se possa imaginar.”
Ronei também denunciou
as violências contra os catadores: "Quantos
aqui não sofreram todo tipo de mau trato
pelos fiscais do governo do Distrito Federal?”.
A construção de
galpões e a compra de equipamentos para instalação
dos centros de triagem do lixo reciclável
serão financiadas pela Fundação
Banco do Brasil em parceria com o BNDES. O custo
está estimado em cerca de R$ 10 milhões,
segundo o diretor de Desenvolvimento Social da Fundação,
Jorge Streit.
Ele destacou que a transferência
dos terrenos possibilita novos avanços para
os recicladores cuja organização social
e econômica no DF vinha sendo prejudicada
pelo fato de não terem locais adequados para
trabalhar. A Centcoop reúne em suas 22 filiadas,
4 mil catadores em todo o DF, segundo o presidente
Ronei Alves da Silva.
O presidente Lula foi representado
na solenidade pelo secretário-geral da Presidência
da República, Gilberto Carvalho. Ele falou
do apreço que o presidente tem pelos catadores
e das constantes cobranças que faz de sua
equipe de medidas que os beneficiem, como a doação
de terrenos que foi feita pelo Patrimônio
da União.
“Nós temos que devolver
para vocês um direito que sempre lhes pertenceu,
que é o direito de usufruir, de aproveitar,
de ter a dignidade respeitada num país tão
rico como esse e com uma riqueza tão mal
distribuída, onde pouco acumulou tanto e
os milhões foram excluídos”.
+ Mais
Fiocruz e Viva Rio acertam parceria
para coleta seletiva de lixo de comunidades pobres
7 de Dezembro de 2009 - Alana
Gandra - Repórter da Agência Brasil
- Rio de Janeiro - Em parceria com a organização
não governamental Viva Rio, a Fiocruz lança
amanhã (8) um programa de cunho social, voltado
à coleta seletiva de resíduos sólidos
em seu campus da Mata Atlântica, em Jacarepaguá,
zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, que irá
atender a cinco comunidades da região (Caminho
da Cachoeira, Sampaio Correia, Viana do Castelo,
Faixa Azul e Remédios).
O programa desenvolvido em parceria
com o Viva Rio terá duas vertentes, informou
hoje (7) à Agência Brasil o gestor
da diretoria de Administração da Fiocruz
no campus da Mata Atlântica, William Keller
de Rezende Lima. O material que for coletado no
pavilhão agrícola da Fiocruz será
transportado para o campus de Manguinhos. “Simultaneamente,
o programa vai atender às comunidades localizadas
dentro do campus, por meio de um trabalho já
articulado com cooperativas”.
Os funcionários da Fiocruz
e do Viva Rio envolvidos no programa receberão
treinamento para aprender a separar e armazenar
o lixo de forma correta, “para que a coisa funcione
normalmente”, disse Keller. Os materiais recicláveis
externos ao campus da Mata Atlântica serão
enviados à Cooperativa de Catadores CoopBarra.
O gestor de Meio Ambiente da Fiocruz,
Tatsuo Shubo, disse que o programa que será
desenvolvido no campus Mata Atlântica é
pontual e difere do programa institucional que a
instituição implantou no campus de
Manguinhos, na zona norte, por força do decreto
presidencial 5.940/2006, que trata da coleta seletiva
pelos órgãos públicos federais.
No campus de Manguinhos, o programa
de coleta seletiva solidária de resíduos
sólidos já conseguiu ter 42% de cobertura,
em um ano e meio de implantação. A
tecnóloga ambiental da Fiocruz Karina Santoro
revelou que isso significa que dez unidades da Fiocruz
já estão sendo atendidas pelo programa,
envolvendo 50 departamentos e prédios que
já efetuam a coleta de papel e papelão.
Karina Santoro disse que quando
o programa atingir 100% de cobertura, será
implantada a coleta de outro tipo de resíduo,
como plástico, por exemplo. Isso deverá
ser alcançado dentro de dois anos.
A área de Meio Ambiente
da Fiocruz promove cursos e treinamentos para as
equipes de limpeza. “Se a gente não qualificar,
não adianta nada, porque eles são
os agentes principais dessa coleta”. No ano passado,
o campus de Manguinhos consumiu 34 mil resmas de
papel de escritório em dez unidades. Desse
total, 17% foram encaminhados à reciclagem.
Karina Santoro informou que a coleta efetuada desde
2008 superou 90 toneladas de material encaminhado
para reciclagem em uma empresa conveniada.
A ideia é ampliar, em 2010,
o programa institucional de coleta seletiva solidária
de resíduos sólidos aos demais campus
da Fiocruz (Manguinhos, Expansão, Mata Atlântica,
Instituto Fernandes Figueira (IFF) e Laboratório
Hélio Fraga, recentemente incorporado à
Fiocruz).