12 de Dezembro de 2009 - Bruno
Bocchini - Repórter da Agência Brasil
- São Paulo - A pecuária é
responsável pela metade das emissões
de gases de efeito estufa no Brasil. A constatação
é de estudo realizado por diversos pesquisadores
coordenados por Mercedes Bustamante, da Universidade
de Brasília (UnB), Carlos Nobre, do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e Roberto
Smeraldi, da organização não
governamental (ONG) Amigos da Terra – Amazônia
Brasileira.
O estudo, que considera principalmente
o período de 2003 a 2008, mostra que a pecuária
emite aproximadamente 1.000 milhões de toneladas
(Mton ) de gases estufa por ano, ante uma produção
total no país de 2 mil a 2,2 mil Mton anuais.
A pesquisa indica três fontes
principais de emissões de gases de efeito
estufa pela pecuária: o desmatamento para
formação de pastagens e queimadas
da vegetação derrubada; as queimadas
de pastagens; e a fermentação entérica
do gado (gases produzidos durante a digestão
dos alimentos). O estudo destaca que a maior contribuição
da pecuária às emissões se
deve ao desmatamento para formação
de novas pastagens na Amazônia.
Os pesquisadores ressaltam que
a concentração das emissões
brasileiras em um único setor pode representar
um fator positivo. “Podemos ter uma concentração
de ações focadas na melhoria da qualidade
tecnológica desse setor e reduzir as emissões
de uma forma geral no país. É mais
fácil que uma série de ações
pulverizadas em todos os setores”, afirma Peter
May, da ONG Amigos da Terra, um dos participantes
do estudo.
A proposta brasileira levada à
15ª Conferência do Clima das Nações
Unidas (COP-15), em Copenhague (Dinamarca), prevê
redução entre 0,95 e 1,75 bilhões
de toneladas (Gton () de gases de efeito estufa
ao ano até 2020. As reduções
de emissões do setor agropecuário
figuram com destaque. A recuperação
de pastagens degradadas é apresentada como
a principal atividade para diminuição
das emissões.
O estudo cita a redução
do desmatamento, a eliminação do fogo
no manejo de pastagens, recuperação
de pastagens e solos degradados, a regeneração
da floresta secundária, a redução
da fermentação entérica, como
fundamentais para o combate às emissões
brasileiras. É destacada ainda a necessidade
de investimento na qualidade da pastagem, a melhoria
genética do rebanho, o uso de rações
complementares e sal mineral, que permitem a engorda
mais rápida.
“Temos cálculos com base
no trabalho da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária] e o custo [para realizar as
ações de combate às emissões
de gases estufa pela pecuária] não
é tão significativo. Ele não
vai fazer com que o produtor não tenha condições
de sobreviver no mercado, mas vai, inclusive, melhorar
a produtividade e a rentabilidade”, diz May.
O pesquisador ressalta que a redução
das emissões brasileiras implica principalmente
em readequação do sistema de financiamento
destinado à pecuária. “Temos um sistema
que favorece a expansão do rebanho. Não
há preocupação ambiental, nem
com a qualidade do rebanho e tampouco com o sistema
de produção.”
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Projeto prevê investimento
de R$ 20 milhões em pesquisa sobre agricultura
sustentável
10 de Dezembro de 2009 - Danilo
Macedo - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - Parceria da Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA),
do Ministério da Agricultura e da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
vai permitir que se invista R$ 20 milhões,
em nove anos, em pesquisas para a prática
da agricultura sustentável. Serão
pesquisados os seis biomas: Amazônia, Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.
É o projeto Biomas, que
tem o objetivo de conciliar preservação
do meio ambiente e ampliação da oferta
de alimentos. O termo de cooperação
técnica foi assinado hoje (10) pelo ministro
da Agricultura, Reinhold Stephanes, e a presidente
da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO).
“Precisamos produzir mais alimentos,
pois cerca de 1 bilhão de pessoas passam
fome ao redor do mundo e até mesmo no Brasil,
mas não podemos abrir mão de nossas
florestas, da nossa biodiversidade”, afirmou Kátia
Abreu. Segundo ela, com o projeto, serão
realizados estudos científicos para recuperar
áreas de cobertura nativa em propriedades
rurais com mecanismos que também garantam
a geração de renda para o produtor
rural.
“O acordo é extremamente
importante pois mostra o interesse que a agricultura
tem em sustentabilidade”, afirmou Stephanes.