21 de Dezembro de 2009 - Daniel
Mello - Repórter da Agência Brasil
- São Paulo - Apesar de ter terminado sem
estabelecer um acordo, a Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP
-15) foi importante para inserir o problema do aquecimento
global na agenda política brasileira. Segundo
o coordenador executivo da campanha Tic Tac Tic
Tac, Aron Belinky, a conferência de Copenhague
consolidou “uma grande mudança de postura
do governo brasileiro” em relação
ao tema.
Ele ressaltou, no entanto, que
o novo posicionamento parece estar presente apenas
no discurso do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva.
Belinky apontou o fato de o Projeto
de Lei Complementar 12/03 ter sido aprovado na semana
passada na Câmara dos Deputados. O projeto
define as competências da União, dos
estados e dos municípios para a proteção
ambiental. Na opinião de Belinky, o texto
“torna muito mais frágil a proteção
das florestas”, por aumentar o poder dos órgãos
estaduais em detrimento do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama).
A falta de detalhamento do modo
de cálculo das metas brasileiras de redução
de emissões de gases de efeito estufa é
outro ponto que, de acordo com Belinky, mostra que
ainda não há um comprometimento total
do governo com o problema.. “Não foi detalhado
como esse estudo foi feito, os números são
misteriosos”, afirmou.
Para a coordenadora do Centro
de Referência em Biomassa da Universidade
de São Paulo (USP), Suani Coelho, o engajamento
do país em relação às
mudanças climáticas foi um dividendo
da COP-15. “Teve um avanço, o estado de São
Paulo apresentou metas [de redução
de emissões] e o Brasil, também.”
Suani mostrou-se, entretanto,
decepcionada com os resultados da Conferência
do Clima. “Não é possível que
as pessoas não se toquem com o que está
acontecendo em termos de mudanças climáticas”,
lamentou. Para Suani, ainda não é
possível prever se as negociações
vão evoluir até a COP -16, marcada
para o ano que vem, no México.
Belinky atribuiu que classificou
de “desastre” da conferência de Copenhague
à descontinuidade das negociações
após a COP-13, realizada há dois anos
em Bali, na Indonésia. “Ninguém consegue
fazer em duas semanas o que não se fez em
dois anos”, afirmou. Para o encontro do próximo
ano, ele acredita que a pressão pelo fato
de se vivenciar um momento histórico pode
aumentar o interesse dos líderes mundiais.
“Vai ser a última chance que eles vão
ter de não passar para a história
como incompetentes e irresponsáveis.”
De acordo com o coordenador da Tic Tac Tic Tac,
a coalizão de movimentos sociais que fazem
campanhas continuará com o movimento de conscientização
da sociedade e pressão sobre os governantes
no próximo ano.
A COP-15 reuniu representantes
de 192 países durante as últimas duas
semanas em Copenhague, capital da Dinamarca. O encontro,
no entanto, terminou sem um novo acordo climático.
Apenas um acordo parcial foi fechado entre os Estados
Unidos, a China, a Índia, o Brasil e a África
do Sul, com apoio de outros países.
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Secretário da COP-15 diz
que é preciso trabalhar para tornar real
carta de intenções
20 de Dezembro de 2009 - Da Agência
Brasil - Brasília - A 15ª Conferência
das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (COP-15) resultou em uma “carta
de intenções”, de acordo com o secretário
executivo do encontro, Yvo de Boer, que é
também secretário da Convenção
do Clima da ONU. Ele avaliou que é preciso
trabalhar para torná-la “real, mensurável
e verificável”. As informações
são da BBC Brasil.
Yvo de Boer admitiu que o acordo
ficou aquém das expectativas. “Temos que
ser honestos sobre o que temos. O mundo sai de Copenhague
com um acordo. Mas, claramente, as ambições
precisam subir significativamente se queremos manter
o mundo [o aumento da temperatura global] a 2 graus
Celsius (ºC)”, afirmou.
A COP-15, encerrada na madrugada
desse sábado (19) em Copenhague, na Dinamarca,
contou com a participação de representantes
de 192 países. Ao fim do encontro, os países
participantes não conseguiram fechar um acordo
vinculante sobre as emissões de gases de
efeito estufa.
O chamado Acordo de Copenhague
foi aprovado sem unanimidade, como exige o procedimento
das Nações Unidas para que entre em
vigor. Esse acordo prevê ações
para a manutenção do aumento da temperatura
global a 2ºC, mas não define qualquer
redução de emissões de gases
que provocam efeito estufa.
O documento, contudo, prevê
a criação de um fundo emergencial
de US$ 30 bilhões, nos próximos três
anos, para ajudar países pobres a combater
causas e efeitos das mudanças do clima, além
de angariar recursos para financiamentos de longo
prazo de até US$ 100 bilhões até
2020.
O documento foi resultado de um
encontro entre os Estados Unidos, o Brasil, a África
do Sul, a Índia e a China e por isso não
foi reconhecido por representantes de diversas nações,
como o Sudão, a Bolívia, Venezuela,
Nicarágua e outras.
Já o secretário-geral
das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, saudou
o acordo como "um começo importante".
Ele ressaltou, porém, que o acordo precisa
ser transformado em um tratado com valor legal no
próximo ano.
Sem um acordo definitivo para
combater a mudança do clima, serão
necessárias novas negociações
em 2010 para que uma nova estratégia global
possa ser discutida. “Vamos tentar chegar a um acordo
obrigatório com valor legal até a
COP-16, no México”, disse de Boer.
A próxima reunião
sobre a mudança do clima será realizada
no fim de 2010, no México, mas antes disso
haverá uma reunião preparatória
na Alemanha.