28 de Dezembro de 2009 - Danilo
Macedo - Repórter da Agência Brasil
- Elza Fiúza/Abr - Brasília - O coordenador
de Agroecologia do Ministério da Agricultura,
Rogério Dias, fala sobre o cadastramento
de produtores que plantam orgânicos e da necessidade
de certificação exigida por lei
Brasília - A regulamentação
dos produtos orgânicos, à qual toda
a cadeia produtiva deve se
adequar até 31 de dezembro de 2010, deve
trazer mais segurança a todos os envolvidos
nesse processo.
As certificadoras, que atestam
se o alimento é orgânico, deverão
ser creditadas pelo Instituto Nacional de Metrologia
(Inmetro), o que, segundo o presidente da Câmara
Temática de Agricultura Orgânica do
Ministério da Agricultura, José Pedro
Santiago, deve elevar a qualidade no setor.
“Com a regulamentação,
no mercado interno haverá possibilidades
legais de coibir e punir a venda de produtos que
se dizem orgânicos, mas não são.
Isso é uma garantia para os consumidores
e para a credibilidade do movimento orgânico”,
afirmou Santiago.
Com normas oficiais para a produção
de alimentos orgânicos, disse Santiago, investidores,
importadores e também o consumidor brasileiro
terão um quadro mais claro do setor, o que
deverá promover o crescimento da produção
e das vendas. “Nos Estados Unidos e na Europa, a
produção e o consumo de orgânicos
deram um salto após a aprovação
das suas respectivas leis. Isso deverá acontecer
também no Brasil.”
Além disso, Santiago ressalta
a importância do banco de dados com as informações
do setor que será criado no Ministério
da Agricultura. “Preencheremos uma terrível
lacuna. Hoje, não sabemos ao certo o que
o Brasil realmente produz de orgânicos. Claro
que isso terá impacto no mercado interno
e vai ajudar muito nas exportações”,
observou.
De acordo com o coordenador de
Agroecologia do Ministério da Agricultura,
Rogério Dias, a partir do próximo
ano, haverá novos dados oficiais sobre o
setor, a partir do Cadastro Nacional de Produtores
Orgânicos, que devem facilitar a aplicação
de políticas públicas específicas.
“Com esse cadastro, vamos saber
quem são os produtores, quantos são,
onde estão e o que produzem. Vamos saber
qual é a área de soja, milho, frutas,
carnes, ovos e leite, porque no cadastro teremos
também a atividade produtiva de cada um”,
explicou.
Segundo o Censo Agropecuário
2006, divulgado em setembro pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), a produção
orgânica no Brasil concentra-se na pecuária
e criação de outros animais (41,7%)
e na produção de lavouras temporárias
(33,5%).
A maior parte da produção
(60%) é voltada para a exportação,
principalmente para o Japão, os Estados Unidos
e a União Europeia. A maioria do que segue
para o mercado externo é de produtos in natura,
processados da soja, açúcar, café,
cacau, carnes, leite e derivados do mel.
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Orgânicos - Chefs de cozinha
afirmam que pratos ficam mais saborosos
28 de Dezembro de 2009 - Daniel
Mello - Repórter da Agência Brasil
- São Paulo - O sabor e o aroma mais acentuados
também são pontos que diferenciam
o alimento orgânico do convencional, garante
Renato Caleffi, chef de um restaurante paulistano
especializado nesse tipo de culinária. “Em
termos de produto final, sensorial, o orgânico
tem muito mais sabor, muito mais aroma, mais cor
e um peso maior, inclusive, do que o convencional.”
Ricardo Andrade, que comanda a
cozinha de um restaurante em Gonçalves, no
sul de Minas Gerais, observa que o alimento orgânico
é “menorzinho e tem sabor mais forte”. Especializado
em culinária mineira, o restaurante de Andrade
usa apenas produto orgânicos na preparação
dos pratos. “Cozinha moderna com um toque caipira”,
define o lema da casa.
A versatilidade dos alimentos
produzidos sem aditivos químicos é
outra vantagem apontada pelo chef Renato Caleffi.
Ele ressalta, porém, que tais produtos tanto
podem ser “destruídos”, quando passam por
exemplo por um processo de fritura, quanto valorizados,
em receitas que realçam seu sabor natural.
Ele aponta ainda a confusão
feita pelos que relacionam alimentação
orgânica com alimentação vegetariana
e outras similares. São coisas diferentes,
explica Caleffi, lembrando que existem carne, ovos,
laticínios e até bebidas alcoólicas
orgânicas.
Quanto ao preço, Caleffi
recomenda que não se pense no fato de o orgânico
custar mais, mas no pouco valor do convencional.
“O raciocínio não é que o alimento
orgânico seja mais caro, o convencional que
é muito barato, só que ele causa malefícios.”
Ele procura combinar ingredientes mais baratos com
outros mais caros para oferecer preços mais
em conta. Produtos de origem animal, como carnes
e laticínios, por exemplo, são mais
caros.