Posted on 23 December 2009
- O ano de 2010 passa a ser crucial para que se
alcance um acordo global de clima para manter o
aquecimento do planeta abaixo dos 2oC.
O mundo esperava de Copenhague
um acordo justo, ambicioso e com força de
lei, para que pudesse começar a ser implementado
imediatamente. Para o WWF-Brasil, saímos
de lá sem nada disso. O acordo de Copenhague
não é ambicioso e nem legalmente vinculante.
Após o enorme fiasco, o
WWF-Brasil espera, para 2010, um processo claro
e transparente de consulta a todas as partes envolvidas,
de forma as discussões evoluam e se possa
dar a resposta que a ciência indica como necessária
para manter o aquecimento global em 2oC, como a
sociedade espera de seus líderes.
Somente assim será possível
salvar o processo multilateral de um julgamento
completamente negativo pelos povos de todo o mundo.
Para isto, é necessário que todos
queiram chegar a um acordo, mas, por enquanto, sequer
isto está assegurado.
E não houve falta de tempo.
Mas, sim, de vontade política e mandato claro
aos negociadores para se chegar a um acordo. Para
o WWF-Brasil, o fim melancólico da Conferência
representa uma imensa oportunidade desperdiçada,
após quatro anos de conversas iniciadas a
partir da COP-11, que criou os grupos de trabalho
sobre diálogo de longo prazo, no âmbito
da Convenção, e sobre o diálogo
de novas metas para os países do Anexo I,
no âmbito do Protocolo de Quioto.
Desperdiçaram-se, ainda,
dois anos de negociação com mandato
claro, ou Plano de Ação de Bali –
acordado em 2007 na COP-13. Este plano definia um
mandato de negociação sobre diferentes
temas. No âmbito do Protocolo de Quioto, metas
para os países desenvolvidos no pós-2012.
Para a Convenção, uma visão
compartilhada, meta para os países do Anexo
I não signatários de Quioto (Estados
Unidos), ações para países
em desenvolvimento, financiamento de mitigação
e adaptação nos países em desenvolvimento,
capacitação, transferência de
tecnologia REDD etc.
Acordo pífio -- Ao final,
redigiu-se um acordo de última hora, discutido
às pressas, apenas para tentar salvar uma
reunião que reuniu mais de 100 chefes de
estado de uma situação, no mínimo,
muito embaraçosa. O acordo redigido foi pífio,
sem apoio de todos os países e a franca oposição
de alguns, o que impede que o documento seja transformado
em decisão efetiva da Conferência e
que, portanto, possa ser implementado seguindo as
regras da própria Convenção.
Num dos poucos e ainda tímidos
avanços observados durante a Conferência
– a definição de recursos para investimento
de curto prazo e a indicação de recursos
de US$ 100 bilhões até 2020 –, faltou
clareza sobre quem contribui, com quanto, fontes
de recursos e metas.
Quanto ao Brasil, o contundente
discurso do presidente Lula no dia 18 da Conferência
não foi suficiente para liderar rumo a um
acordo robusto nem quebrar a oposição
de muitos países que parecem não querer
chegar a lugar algum.
O olhar no amanhã -- Na
opinião do WWF-Brasil, todos os países
têm o dever de trazer o diálogo de
clima de volta aos trilhos da responsabilidade.
Hoje, o futuro do clima do Planeta não está
livre das conseqüências mais severas
das mudanças climáticas.
Milhares de pessoas estão
expostas às consequências do aquecimento
global, milhares perdem suas casas, seus bens e
até mesmo suas vidas a cada ano, em consequência
de secas, tempestades, enchentes. Na COP-15, ninguém
pode dizer que fez o suficiente. Nem mesmo o Brasil.
Em 2010, será inaceitável
um novo fracasso. É preciso um processo claro,
transparente de diálogo e consultas ao longo
do ano no âmbito da Convenção.
E com a meta de chegarmos à COP-16 com um
acordo detalhado e muito avançado para referendo
na Conferência.
Não vamos conseguir reverter
o julgamento negativo sobre os líderes mundiais
na COP-15. Mas temos a chance de tomar as medidas
necessárias para dar a resposta que nosso
Planeta precisa.