01 Fevereiro
2010 - O Serviço Nacional de Áreas
Protegidas do Peru decidiu, este ano, alocar recursos
financeiros para ajudar a proteger um grande bloco
da Amazônia, numa região que abriga
várias espécies ameaçadas e
alguns grupos indígenas.
O órgão peruano
prometeu aplicar US$ 280 mil em atividades de vigilância
desse grande bloco, formado pelo Parque Nacional
do Alto Purus e a Reserva Comunitária do
Purus, cuja área conjunta é maior
do que El Salvador. Essas áreas protegidas
foram criadas oficialmente em 2004, em parte com
o apoio da Rede WWF.
A área ocupa algumas das
florestas mais intocadas do Sudoeste da Amazônia
e abriga onças, botos cor-de-rosa, pirarucus
e outras espécies ameaçadas. Ali também
vivem no mínimo oito grupos étnicos,
inclusive um número não conhecido
de povos indígenas isolados.
Durante anos, atividades ilegais
de extração madeireira – principalmente
mogno –, caça e pesca causaram danos a essas
florestas únicas e perturbaram as comunidades
indígenas.
Pan-Amazônia
“Esse compromisso do governo do Peru com a conservação
da Amazônia peruana representa um grande êxito
para todos os peruanos e irá ajudar a desenvolver
estratégias de longo prazo para cerca de
3 milhões de hectares de florestas que estão
entre as mais ricas do mundo”, disse o biólogo
Jorge Herrera, diretor da Iniciativa para as Nascentes
da Amazônia (AHI, na sigla em inglês)
da Rede WWF, que trabalha nessa área há
mais de cinco anos.
“A perspectiva de apoio concreto
a duas áreas protegidas tão importantes
quanto essas do Peru é positiva não
só para a conservação da Amazônia
peruana, mas para todos os países amazônicos”,
afirma Cláudio Maretti, superintendente de
conservação do WWF-Brasil.
Maretti explica: “a conservação
da Amazônia e dos imprescindíveis serviços
ecológicos que a floresta presta só
será possível se feita no nível
da Pan-Amazônia, pela interação
natural entre os ecossistemas, espécies e
dinâmicas climáticas. Para isso, é
indispensável o esforço conjunto e
coordenado dos nove países que possuem partes
do bioma em seus territórios”.
De acordo com o superintendente
de conservação, esforços compartilhados
são ainda mais importantes neste ano, em
que acontece a décima Conferência das
Partes da Convenção sobre Diversidade
Biológica das Nações Unidas.
“Durante a COP, os países amazônicos
apresentarão uma avaliação
integrada de suas áreas protegidas”, conta.
Aplicação dos recursos
“O apoio governamental que foi recém anunciado
ajudará não só a manter uma
equipe de mais de 20 guarda-parques e as cabeceiras
situadas na reserva e no parque como, também,
promoverá estratégias de capacitação”
disse Jorge Herrera. “Com isso, a Rede WWF poderá
concentrar o foco em outras ações
complementares e garantir que, a partir de agora,
o Purus esteja mais seguro do que antes”, concluiu.
Desde 2004, o WWF-Peru apoia
– com recursos financeiros da Fundação
Gordon e Betty Moore –atividades de controle e vigilância
realizadas pelas autoridades do parque e da reserva,
equipando-as e ajudando-as a implementar sete postos
de controle estratégicos, bem como a formar
uma equipe eficiente de guarda-parques, composta
por técnicos experientes e povos indígenas
locais que possuem grande conhecimento dos rios
e florestas que agora estão sob sua proteção.