Espécies brasileiras não
constam na lista, mas os primatas estão desaparecendo
no resto do mundo. Bristol, Inglaterra , 19 de fevereiro
de 2010 — Os parentes mais próximos da humanidade
na escala evolutiva- macacos, chimpanzés,
gorilas, lêmures e outros primatas - estão
à beira da extinção e necessitam
de medidas urgentes de conservação.
De acordo com um novo relatório divulgado
ontem, quase metade de todas as espécies
de primatas está em perigo de extinção.
O trabalho foi realizado por um grupo de 85 especialistas
em Primatas da Comissão de Sobrevivência
das Espécies (SSC, da sigla em inglês)
da União Mundial para a Natureza (IUCN, da
sigla em inglês) e pela Sociedade Internacional
de Primatologia (IPS, da sigla em inglês),
em colaboração com a Conservação
Internacional (CI).
Intitulado Primates in Peril:
The World’s 25 Most Endangered Primates, 2008–2010.
(Primatas em Perigo: os 25 Primatas mais ameaçados
do Mundo, 2008-2010), o documento aponta como principais
ameaças aos primatas a destruição
das florestas tropicais, o comércio ilegal
de animais silvestres e a caça comercial.
A lista inclui cinco espécies de primatas
de Madagáscar, seis da África, 11
da Ásia, e três da América Central
e do Sul, que necessitam de medidas urgentes para
sua sobrevivência.
Algumas espécies contam
com poucos indivíduos sobreviventes. O langur-de-cabeça-dourada,
do Vietnã, é um deles, com apenas
60 a 70 espécimes remanescentes. Do mesmo
modo, há provavelmente menos de 100 indivíduos
do Lemur-desportista-do-norte (Lepilemur septentrionalis)
em Madagáscar, e aproximadamente apenas 110
de Gibão-de-crista-negra (Nomascus nasutus)
no nordeste do Vietnã.
"Os resultados da avaliação
mais recente feita pela IUCN sobre a situação
de mamíferos no mundo indicam que os primatas
são, entre os grupos de vertebrados, os mais
ameaçados. O propósito de nossa lista
com as 25 espécies é destacar aquelas
que estão sob maior risco, chamar a atenção
do público, estimular os governos nacionais
a fazer mais e, especialmente, encontrar os recursos
para implementar medidas de conservação
extremamente necessárias”, afirma Dr. Russell
Mittermeier, presidente da CI e chefe do grupo de
especialistas em primatas da IUCN/ SSC.
Brasil - Apesar desse quadro pessimista,
os conservacionistas apontam para o sucesso na recuperação
de espécies ameaçadas. No Brasil,
o mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus)
era apontado como uma espécie criticamente
ameaçada de extinção na Lista
Vermelha da IUCN, assim como o mico-leão-dourado
(Leontopithecus rosalia) integrava a lista com as
25 espécies de 2004-2006. Ambas as espécies
continuam como ameaçadas, mas com o resultado
de três décadas de esforços
de conservação envolvendo inúmeras
instituições, suas populações
agora estão bem protegidas. Entretanto, permanecem
ainda muito pequenas, o que indica uma necessidade
urgente de reflorestamento para ampliar seu habitat
e garantir a sobrevivência no longo prazo.
Conheça as 25 espécies
de primatas mais ameaçadas do mundo (2008-2010),
por região:
Madagascar
Lêmur-gentil (Prolemur simus)
Lêmur-da-cabeça-cinza (Eulemur cinereiceps)
Lêmur-preto-de-olho-azul (Eulemur flavifrons)
Lêmur-desportista-do-norte (Lepilemur septentrionalis)
Sifaka-sedoso (Propithecus candidus)
África
Galago-anão-de-Rondo (Galagoides
rondoensis)
Mono roloway (Cercopithecus diana roloway)
Colobo-vermelho-do-rio-Tana (Procolobus rufomitratus)
Colobo-vermelho- do- Delta-do-Niger (Procolobus
epieni)
Kipunji (Rungwecebus kipunji)
Gorila do Rio Cruz (Gorilla gorilla diehli)
Ásia
Társio-da-ilha-Siau (Tarsius
tumpara)
Lóris-lento-de-Java (Nycticebus javanicus)
Langur-da-cauda-de-porco (Simias concolor)
Langur-de-Delacour (Trachypithecus delacouri)
Langur-de-cabeça-dourada (Trachypithecus
p. poliocephalus)
Langur-de-cara-roxo do oeste (Trachypithecus (Semnopithecus)
vetulus nestor)
Langur-de-cabeça-cinza (Pygathrix cinerea)
Langur-de-nariz-arrebitado-de-Tonkin (Rhinopithecus
avunculus)
Gibão-de-crista-negra do leste (Nomascus
nasutus)
Gibão-Hoolock-do-oeste (Hoolock hoolock)
Orangontango-de-Sumatra (Pongo abelii)
América do Sul e Central
Saguim-de-cabeça-de-algodão
(Saguinus oedipus)
Macaco-aranha ou Coatá (Ateles hybridus)
Macaco-barrigudo-da-cauda-amarela (Oreonax flavicauda)
Para acesso ao relatório
completo:
www.conservation.org/2010primates
Para mais informações, favor contatar
as equipes de assessoria de imprensa de:
Zoológico de Bristol
Conservação Internacional
IUCN
A Conservação Internacional
(CI) foi fundada em 1987 com o objetivo de promover
o bem-estar humano fortalecendo a sociedade no cuidado
responsável e sustentável para com
a natureza, amparada em uma base sólida de
ciência, parcerias e experiências de
campo. Como uma organização não-governamental
global, a CI atua em mais de 40 países, em
quatro continentes. A organização
utiliza uma variedade de ferramentas científicas,
econômicas e de conscientização
ambiental, além de estratégias que
ajudam na identificação de alternativas
que não prejudiquem o meio ambiente. Para
mais informações sobre os programas
da CI no Brasil, visite www.conservacao.org
A Comissão de Sobrevivência
das Espécies (The Species Survival Commission
- SSC) é uma das seis comissões voluntárias
da IUCN – The World Conservation Union, que é
uma união de estados soberanos, agências
de governo e organizações não-governamentais.
A missão da SSC é conservar a diversidade
biológica pelo desenvolvimento e realização
de programas para salvar, restaurar e manejar criteriosamente
as espécies e seus hábitats. A sobrevivência
das espécies e subespécies vivas de
primatas do mundo é a principal missão
do Grupo de Especialistas em Primatas da IUCN/SSC,
com mais de 400 profissionais voluntários
que representam a linha de frente na conservação
internacional de primatas.
A Sociedade Internacional de Primatologia
(IPS) foi criada para estimular todas as áreas
da pesquisa científica primatológica
não-humana, para facilitar a cooperação
entre cientistas de todas as nacionalidades dedicados
à pesquisa de primatas, e para promover a
conservação de todas as espécies
de primatas. A Sociedade foi organizada para atender
a finalidades exclusivamente científicas,
educativas e caritativas. Veja mais informações
sobre a IPS no site www.internationalprimatologicalsociety.org