Setenta e cinco quilos
de materiais recicláveis foram recolhidos
na Ilha do Mel neste fim de semana por um mutirão
formado por 15 crianças que participam do
projeto Força Verde Mirim, uma parceria da
Polícia Militar com a Secretaria do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos. No trabalho,
o grupo foi acompanhado por 17 crianças moradoras
da Ilha do Mel.
Papéis, plásticos,
vidros, pedaços de colchões, pneus,
guarda-chuvas, potes e latas de cerveja e refrigerante
estão entre os materiais recolhidos. “Essas
crianças representam aqui mais de uma dezena
de turmas do projeto em todo o Paraná. Além
de conhecerem um dos santuários da natureza
no Estado, elas recolhem lixo deixado por visitantes
descuidados”, disse o secretário do Meio
Ambiente, Rasca Rodrigues.
“Esta atitude das crianças
demonstra que se temos novas gerações
com bons conceitos sobre meio ambiente, que tem
o direito de chamar a atenção da geração
da degradação, que somos nós,
os adultos”, completou Rasca.
“ Mais que recolher o lixo e proteger
a natureza, as crianças se conscientizam
da importância de impedir que resíduos
sejam descartados em locais inadequados”, explicou
o major César Lestechem Medeiros, subcomandante
do Batalhão de Polícia Ambiental da
PM. “O trabalho realizado pelas crianças
na Ilha é um exemplo para todos, principalmente
para que as futuras gerações tenham
o direito de conviver com a natureza.”
As crianças que participaram
do mutirão da Força Verde Mirim na
Ilha do Mel moram em Matinhos, no Litoral, e participam
do projeto desde 2009. “Nas turmas já formadas,
e mesmo durante o curso, percebemos uma mudança
drástica no comportamento delas, tanto em
casa quanto no rendimento escolar”, lembrou Lestechem.
“Hoje elas enxergam o mundo sob uma perspectiva
diferente, e transmitem os conhecimentos aos pais,
vizinhos e amigos, agindo como multiplicadores da
consciência ambiental.”
O interesse das crianças
da Ilha em acompanhar o mutirão foi uma grata
surpresa para os organizadores. “Houve uma troca
de experiências entre as crianças,
o que despertou o interesse na atividade. Tendo
isso em vista, nós vamos tentar parcerias
para que possamos formar uma turma do projeto na
Ilha”, frisou o major.
Dione Scheram, de 10 anos, que
vive na Ilha, ajudou a organizar uma recepção
para o grupo do Força Verde Mirim, com cartazes
de boas-vindas, e não separou-se do mutirão
até o final das atividades. “Quando eu crescer,
quero ser protetor ambiental. Agora, quero entrar
no grupo, porque gosto da natureza e sempre lembro
as pessoas da necessidade de jogarmos o lixo no
lugar certo”, disse.
INICIATIVA APROVADA – Moradores
e veranistas da Ilha do Mel acompanharam e aprovaram
o trabalho do grupo de crianças. Um deles
é a parnanguara Regina Tramujas, que também
possui uma casa na Ilha do Mel. “O trabalho destas
crianças é maravilhoso. Apesar de
o turista estar mais consciente sobre a necessidade
de se preservar a natureza, a conscientização
rende mais frutos na criança, e vai ajudar
a formar uma geração de adultos mais
responsáveis”, falou.
A participação da
Polícia Militar na atividade chamou a atenção
de Regina. “Isso precisa continuar sempre”, aprovou.
Marcio Malta, que vive em São Bernardo do
Campo, na Grande São Paulo, disse nunca ter
visto nada parecido. “Além da Ilha do Mel
ser um lugar belíssimo, é bom saber
que é tão bem cuidada, e que crianças
estão envolvidas neste processo, pois elas
representam o futuro”, disse.
O curitibano Cristóvão
Lemos, que tem a Ilha como segunda casa, também
estava satisfeito. “É um projeto dos mais
importantes, pois trabalha com crianças.
Os adultos que por aqui passam e recebem as orientações
tem a atenção despertada pelo que
grupo está fazendo. Com certeza, isso se
refletirá sobre seus atos. Afinal, um gesto
simples como a coleta seletiva contribui para reduzir
os danos à natureza”, afirmou Lemos, que
acompanhou as atividades das crianças.
EXEMPLOS – O grupo embarcou para
a Ilha do Mel no sábado pela manhã.
Ao chegar na Ilha, as crianças receberam
informações sobre o local, visitaram
o posto da Polícia Ambiental na Praia de
Brasília, receberam lanches e, em seguida,
os sacos para recolher o lixo, além de recipientes
para coleta que foram entregues aos veranistas.
Depois, as crianças saíram
de Brasília rumo ao Farol das Conchas em
dois grupos distintos. Ao se encontrarem, as experiências
vividas pelas crianças do projeto Força
Verde Mirim foram repassadas às crianças
da nativas da Ilha.
Felipe Ramos, um dos integrantes
da turma do Força Verde Mirim, encontrou
na mata um recipiente de óleo lubrificante
para motor com restos do produto, e fez questão
de explicar os riscos para a natureza. “O óleo
adere às penas das aves ou na pele de outros
animais, levando-os à morte”, alertou.
Ele citou o caso do navio Vicunha,
que em 2004 explodiu e derramou óleo na Baía
de Paranaguá. Resquícios dos milhões
de litros de óleo foram encontrados a 30
quilômetros do local da explosão. Toda
a baía de Paranaguá, incluindo a Ilha
do Mel, e parte do mar aberto foram poluídos
pelo acidente. “Peixes e aves morreram. Eu mesmo
vi uma ave comendo um peixe poluído com óleo,
e horas a encontrei morta”, disse.
Outra integrante do grupo, Gerlane
da Silva Souza garantiu que seu comportamento e
responsabilidade aumentaram depois que ingressou
na Força Verde Mirim. “Ainda não conhecia
a Ilha do Mel, que achei linda. Ajudar a cuidar
dela, para mim, é um privilégio, tanto
quanto ajudar os adultos a enxergarem que cuidar
da natureza só faz bem a todos”, ensinou.
As crianças também
encontraram potes com água parada, que foram
recolhidos. “Esses locais se tornam criadouros do
mosquito transmissor da dengue. É importante
que a população perceba isso”, pediu
outro integrante do grupo, Luiz Fernando do Nascimento.