Manaus (23/02/2010) - A Superintendência
do Ibama do Amazonas continua trabalhando para a
destinação dos felinos que estão
no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS).
Atualmente, o Ibama mantém três espécimes
de jaguatirica (Leopardus pardalis)
e duas fêmeas de gatos mouriscos (Herpailurus
yaguaroundi) nas dependências do Cetas da
Superintendência e uma jaguatirica em outra
unidade do Ibama, próxima a Manaus.
Além desses felinos, o
Núcleo de Fauna Silvestre – Nufas/Ibama/AM
está buscando também a destinação
de um filhote de onça (Panthera onca), de
aproximadamente dez meses, e de um gato maracajá
(Leopardus weidii), ambos sob os cuidados de técnicos
da Secretaria de Meio Ambiente e Turismo – Sematur,
de Coari/AM, que entraram em contato com o Ibama
para buscar destinação para os mesmos.
O histórico desses animais
é bem semelhante. Geralmente, são
vítimas de caçadores que muitas vezes
matam a mãe e ficam com os filhotes até
que esses, ao entrarem na fase adulta, ou mesmo
quando ainda jovens, começam a apresentar
comportamento mais agressivo e a dar mais despesas;
a manutenção de felinos em cativeiro
requer investimentos em infraestrutura de segurança
e altos custos financeiros, principalmente devido
à alimentação carnívora.
Além do problema decorrente
da caça, os felinos são vítimas
também de outros fatores que têm se
refletido na diminuição dessas espécies
na natureza. Denotam-se aqui a destruição
do habitat natural por meio do desmatamento que
dá lugar à agricultura e pecuária,
além do preconceito e a desinformação;
a maioria da população desconhece
a importância dos felinos na natureza e só
os vêem como ameaça. No entanto, como
predadores de topo da cadeia alimentar, os felinos
ajudam a regular os outros níveis tróficos
e manter, direta ou indiretamente, o equilíbrio
das populações de outros grupos de
animais como mamíferos, aves, répteis
e demais espécies presentes em suas áreas
de ocorrência.
Hoje em dia existem trabalhos
com sugestões de medidas práticas
que podem ajudar na solução de problemas
de ataque de felinos a criações domésticas
e que demonstram que os prejuízos causados
por onças e outros felinos a essas criações
são pequenos quando comparados ao impacto
das ações humanas sobre essas espécies.
Em 2009, o Cetas Ibama/AM registrou,
entre resgates, apreensões e entregas espontâneas,
sete felinos, além dos quatro animais remanescentes
de anos anteriores. Um deles, uma onça parda,
foi destinado ao Nex, em Corumbá de Goiás/GO,
após quase três anos de manutenção
no Cetas/Ibama/AM. Outros foram destinados a zoológicos
e mantenedores de fauna silvestre, a maioria das
regiões Sul e Sudeste.
A destinação desses
animais não tem sido fácil. Os registros
de capturas e resgates têm sido maiores que
a disponibilidade de vagas nas entidades aptas a
recebê-los e de novos registros de entidades
de criação de animais em cativeiro.
Por isso, é urgente a tomada de medidas educativas
e de controle que previnam e impeçam a saída
desses animais da natureza.
É importante ressaltar
que diante desta realidade faz-se necessário
o envolvimento e planejamento integrado de ações
entre órgãos públicos do Sisnama,
instituições de ensino e pesquisa,
iniciativa privada, imprensa e sociedade, no sentido
de se buscar caminhos para a conservação
in situ e ex situ dessas espécies, especialmente
na região amazônica, onde a ocorrência
desses problemas tem sido acentuada. Ações
como gerenciamento de “conflitos” entre gente e
onça em áreas de ocorrência
da espécie, campanhas educativas, apoio a
pesquisas científicas sobre a biologia e
comportamento das espécies, implementação
de unidades de conservação e ações
de monitoramento, controle e fiscalização
podem colaborar na mitigação desse
problema.
Tal envolvimento se faz necessário
também para aqueles animais que se encontram
em cativeiro, buscando-se assim o destino mais adequado
para eles.
Natália A. de Souza Lima
Ibama/AM