Os números representam
uma vitória dos órgãos ambientais:
nesta temporada apenas três veículos
foram autuados por estacionar sobre as áreas
de Dunas e Restinga, um em
Matinhos e dois em Guaratuba, nos 61 dias de Operação
Viva o Verão 2009/2010. Na temporada 2008/2009,
foram 193 autuações emitidas por técnicos
do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), junto
com policiais do Batalhão de Polícia
Ambiental/Força Verde, que atuam na fiscalização
e orientação de veranistas e moradores,
no Litoral paranaense.
De acordo com o secretário
do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca
Rodrigues, que desde 2007 assumiu pelo Governo a
frente do projeto Restinga e Dunas, o resultado
mostra que com educação e consciência
é possível mudar o comportamento da
população em prol do meio ambiente.
“O trabalho dos técnicos e policiais tem
priorizado a informação e orientação.
Publicamos materiais educativos exclusivos, sobre
a importância da restinga no controle do avanço
do mar e os resultados nos mostram que as pessoas
entenderam o recado e estão ao lado do meio
ambiente”, disse.
O trabalho de conscientização
foi tão eficaz que, neste ano, no balneário
de Pontal do Sul, onde tradicionalmente o fluxo
de veículos estacionados na praia era intenso,
não houve nenhum caso de autuação.
“Durante o mês de janeiro
me surpreendi positivamente pela ausência
de carros circulando na areia”, afirma o curitibano
Rafael Augusto Schmitt, proprietário de uma
casa no balneário de Pontal do Sul há
mais de 25 anos. “Além da segurança,
o fim dos veículos na praia é uma
garantia de que teremos a nossa orla intacta no
futuro, diferente de alguns balneários onde
ruas e residências foram degradadas pelo avanço
do mar e falta de proteção da vegetação”,
ressalta Rafael. Segundo ele, com a interdição
das ruas de acesso a praia para veículos,
é fundamental que a prefeitura de Pontal
do Paraná faça a manutenção
das trilhas para pedestres.
NÚMEROS – Durante a temporada
de verão 2010, IAP e Força Verde orientaram
514 proprietários de veículos, em
Pontal do Paraná que, alguns por serem de
outros estados, ou até mesmo por desconhecer
a Lei, estavam estacionados de forma irregular sobre
a restinga e dunas – consideradas Áreas de
Preservação Permanente (APP). Em Guaratuba
foram orientados 361 proprietários de veículos
e 38 em Matinhos.
“Percebemos que, quanto mais conversamos
e explicamos o porquê da preservação
da restinga, mais as pessoas passam a respeitá-la.
Além disso, com a instalação
das placas informativas, nos principais pontos da
orla, os resultados tornaram-se cada vez mais eficazes”,
destaca Rasca.
O comandante do Batalhão
de Polícia Ambiental Força Verde,
coronel Rosa Neto, disse que a tendência é
reduzir cada vez mais as autuações.
“Esperamos ter a população como aliada.
Quanto mais conversamos e explicamos, mais as pessoas
respeitam a restinga. Com isso, a própria
população atua como fiscal da natureza.
É uma tendência que almejamos para
o futuro, não apenas no Litoral, mas em áreas
de diferentes ecossistemas do Paraná”, disse
Rosa Neto.
Para o coronel, o descaso de alguns
motoristas é isolado. “É o caso dos
dois autos de infração lavrados na
praia de Caieiras, em Guaratuba. Os motoristas,
após terem sido informados sobre a irregularidade,
foram pegos circulando de carro sobre a vegetação.
Além da multa, eles assinaram um termo circunstanciado
que deve reverter o dano no local degradado”, completou.
AÇÕES POSITIVAS
– Nos últimos anos o Governo vem ganhando
aliados na luta pela preservação da
restinga. Entre elas, estão as Associações
de Surfe e a Federação Paranaense
de Bodyboard. Em 2007, devido a iniciativa da Associação
de Surfe de Guaratuba, com o Projeto ‘Restinga e
Dunas’, os voluntários conseguiram literalmente
‘mover montanhas’. Eles isolaram uma área
de cinco quilômetros da praia brava de Guaratuba
– conhecida como Praia dos Paraguaios - com postes
de madeira para proteger a vegetação.
Com isso, os surfistas garantiram a recomposição
natural de dois metros de dunas nos locais onde
a restinga foi isolada. Além disso, também
foram instaladas lixeiras e placas explicativas
“A partir daí começamos a atuar na
educação das pessoas sobre a importância
desta vegetação para proteção
da orla e formação das ondas”, afirma
o presidente da Associação de Surfe
de Guaratuba Márcio Oderawagem.
O exemplo de Guaratuba foi tão
positivo que hoje o Projeto foi levado pela Federação
de Bodyboard e Associações de Surfe
de Ipanema, Matinhos, Pontal do Sul, Grajaú,
Praia de Leste e Ipanema aos demais balneários
onde há ameaça à vegetação.
“O resultado está chamando a atenção
dos moradores que querem ajudar e aumentar a área
de isolamento”, disse o presidente da Federação
Paranaense de Bodyboard, Stéfano Triska.
No próximo mês será
a vez de Matinhos aderir definitivamente ao projeto.
A Federação de Surfe do Paraná
assinará um convênio com a SEMA, IAP,
Prefeitura de Matinhos e Copel para replicar o projeto
em todo o município.
Outra ação que contribuiu
foi a publicação da Série Ecossistemas
Paranaenses – elaborado pela coordenadoria de Biodiversidade
e Florestas da SEMA e lançado em 2009. “O
volume I foi integralmente dedicado à Restinga
e a repercussão está sendo muito boa”,
disse o biólogo da SEMA, Leversi Vieira Filho,
que coordena o trabalho. O material tem informações
sobre porque deve-se preservar a restinga, área
de abrangência, fauna e flora existentes na
restinga, legislação e dicas para
que cada cidadão possa contribuir com a preservação.
Já o Projeto Caiçara
reforçou o trabalho de conscientização.
Idealizado pela coordenadoria de Educação
Ambiental, da Secretaria do Meio Ambiente e desenvolvido
em parceria com a Organização Não-Governamental
Mar Brasil e Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade
Federal do Paraná, o projeto promove palestras,
exposições e oficinas voltadas à
valorização da flora e da fauna local.
“As atividades terão continuidade durante
o ano todo”, enfatiza o professor e pesquisador
que coordena o Projeto, José Claro.
As palestras acontecem no Parque
do Perequê, em Pontal do Sul, com duração
de uma hora. O Projeto Caiçara apostou também
em incentivar o ecoturismo com passeios temáticos
pelo entorno do Parque do Perequê. A primeira
trilha do Micuim – com 665 metros de extensão
e que atravessa uma área de transição
entre o manguezal e restinga inicia o trajeto. Já
a Trilha da Coruja – com mil metros de extensão
- percorre trecho de restinga, campo e dunas, entre
o Parque e a praia de Pontal do Sul. Nos dois passeios,
o visitante conhece a vegetação local
e observa animais típicos da região
como, por exemplo, a coruja Buraqueira.
O projeto também investiu
em uma cartilha de atividades para as crianças
com passatempos e jogos dedicados a restinga. Mais
informações sobre o material no site
www.sema.pr.gov.br