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DESMATAMENTO NA CAATINGA JÁ DESTRUIU METADE DA VEGETAÇÃO ORIGINAL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2010

02/03/2010 - Carine Corrêa - A Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, possui atualmente metade de sua cobertura vegetal original. Em 2008, a vegetação remanescente da área era de 53,62%. Dados do monitoramento do desmatamento no bioma realizado entre 2002 e 2008 revelam que, neste período, o território devastado foi de 16.576 km2, o equivalente a 2% de toda a Caatinga. A taxa anual média de desmatamento na mesma época ficou em torno de 0,33% (2.763 km²).

Em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (2/3) para divulgar os números deste levantamento, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que o índice é alto, considerando-se que a região é a mais vulnerável do País aos efeitos das mudanças climáticas, com forte tendência à desertificação.

De acordo com os dados do monitoramento, a principal causa da destruição da Caatinga deve-se à extração da mata nativa, que é convertida em lenha e carvão vegetal destinados principalmente aos pólos gesseiro e cerâmico do Nordeste e ao setor siderúrgico de Minas Gerais e do Espírito Santo. Outros fatores apontados foram as áreas criadas para biocombustíveis e pecuária bovina. O uso do carvão em indústrias de pequeno e médio porte e em residências também foi indicado.

"Para reverter a situação é importantíssimo pensarmos em uma matriz energética diferente para a região, como energia eólica, gás natural e pequenas centrais hidrelétricas", completou o ministro. Dentre as ações de mitigação previstas, estão a recuperação de solos e micro-bacias, o reflorestamento e as linhas de crédito para combate à desertificação.

Carlos Minc revelou que o Banco do Nordeste estuda a criação do Fundo Caatinga, e que o Banco do Brasil tem a intenção de implementar o Fundo contra a Desertificação. O MMA pretende destinar ao Nordeste cerca de R$ 500 milhões oriundos do Pré-Sal para o Fundo Clima. O Ibama já planeja 25 grandes operações de combate ao desmatamento e ao carvão vegetal ilegal na região, que devem ocorrer simultaneamente a partir deste mês.

Área - Com uma área total de 826.411 km², a Caatinga está presente nos estados da Bahia, Ceará, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Maranhão, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte e Minas Gerais. Os dois primeiros desmataram, sozinhos, a metade do índice registrado em todos os estados. Em terceiro e quarto lugar estão Piauí e Pernambuco. Já o estado de Alagoas, por exemplo, possui atualmente apenas 10.673 km² dos 13.000 km² de área de Caatinga originais.

Os municípios que mais desmataram foram Acopiara(CE), Tauá (CE), Bom Jesus da Lapa (BA), Campo Formoso (BA), Boa Viagem (CE), Tucano (BA), Mucugê (BA) e Serra Talhada (PE) (confira as taxas por estado e municípios nos links abaixo).

O padrão de desmatamento observado no bioma é pulverizado, o que dificulta as ações de combate à prática. De acordo com Luciano Menezes, diretor de Proteção Ambiental do Ibama, o monitoramento é muito importante para a elaboração de um plano de combate ao desmatamento e de mitigação dos efeitos dessa prática. Por isso, será lançado em 28 de abril o Plano de Combate ao Desmatamento na Caatinga (PPCaatinga), que no futuro deve ser incorporado ao Plano Brasileiro de Mudanças Climáticas.

Para amenizar os efeitos da desertificação no semi-árido brasileiro, amanhã (3/3) terá início em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) uma reunião que vai tratar do Plano de Combate à Desertificação no Nordeste. O evento terá a participação de todos os governadores e secretários de Meio Ambiente da região.

Ações de combate - Estudos revelam que o Nordeste pode perder um terço de sua economia até o final do século com os efeitos do aquecimento global e da desertificação. O ministro Minc revelou que foi feito um acordo com o governo do Piauí para a criação da maior unidade de conservação da Caatinga nas Serras Vermelha e da Confusão. A área terá cerca de 550 mil hectares. Além desta, a criação de novas unidades de conservação também é indicada como fator de proteção ao bioma.

A secretária de Biodiversidade e Florestas do MMA, Maria Cecília Wey de Brito, explica que a Caatinga tem apenas 7% de áreas protegidas, somando áreas estaduais e federais, sendo que 2% são de proteção integral e os outros 5% são de unidades de conservação de uso sustentável. Ela também aponta a importância da Caatinga como habitat de espécies endêmicas (aquelas que só ocorrem em uma determinada região) em extinção, como a arara-azul-de-lear, além de lagartos, anfíbios e pequenos roedores.

Metodologia - O monitoramento foi feito por 25 técnicos contratados pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e por analistas ambientais do MMA e do Ibama, que utilizaram como referência o mapa de cobertura vegetal do MMA/Probio (programa de levantamento da cobertura vegetal do Brasil que detectou as áreas de vegetação nativa e antropizadas até o ano de 2002), bem como imagens de satélite.

Também foi realizado um fórum técnico-científico para discutir os dados finais com especialistas em mapeamento da Caatinga. O detalhamento do mapa base do Probio em 2002 tinha uma escala de 1:250.000. Já o utilizado neste levantamento teve uma escala de 1:50.000. A precisão na identificação dos desmatamentos foi de 98,4%.

De acordo com o ministro Minc, o MMA pretende realizar o mapeamento e monitoramento dos cinco biomas brasileiros (Cerrado, Caatinga, Pantanal, Pampa e Mata Atlântica) até o final do ano.

Para mais informações, acesse os dados em:
http://www.mma.gov.br/portalbio
http://www.ibama.gov.br/csr

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Serviço Florestal capacita comunitários da Flona do Purus em manejo sustentável

04/03/2010 - Os moradores da Vila Céu do Mapiá vivem no coração da Floresta Nacional do Purus (AM) em meio a uma área de floresta preservada, onde o acesso leva pelo menos 6 horas de barco pelo rio Purus e igarapé Mapiá e o mesmo tempo para atravessar 200 km de estrada para quem sai de Rio Branco em direção à cidade de Boca do Acre.

A comunidade busca uma forma de aumentar a renda e viu no manejo florestal a chance de obter recursos com a venda de madeira legalizada e conservar a cobertura de floresta. O Serviço Florestal deve ajudá-los a alcançar esses objetivos com um curso sobre plano de negócios que será realizado dos dias 5 a 6 de março.

"Vamos discutir levantamento de custos, receita, divisão de tarefas e tentar fazer um planejamento financeiro", afirma o técnico da Gerência de Florestas Comunitárias Hélio Pontes, que ministrara o curso.

Durante a capacitação, os participantes vão analisar qual o mercado em potencial e o que fazer para acessá-lo. Segundo o técnico Daniel Mendes, que integra a equipe do Serviço Florestal, o curso vai permitir que os moradores introduzam essa atividade econômica na comunidade com organização e planejamento. "Para iniciar o negócio, é preciso pensar em todos os aspectos, humanos, financeiros e operacionais", diz.

É a primeira vez que a comunidade, que realiza agricultura de subsistência e cria pequenos animais, fará manejo florestal. Hoje, parte da renda dos 600 moradores da Vila vem do extrativismo.

MANEJO - Os comunitários têm 1,4 mil hectares para a realização do manejo florestal e vão usar, por ano, uma área de produção em torno de 100 hectares. O Plano de Manejo, que detalha o uso da área, deve ser proposto em breve para o órgão ambiental responsável.

A expectativa é começar a extração de madeira ainda este ano e, para isso, já está em curso a elaboração do Plano Operativo Anual, etapa seguinte à aprovação do Plano de Manejo. O documento será produzido com recursos do Serviço Florestal, que contratou uma empresa com essa finalidade.

Embora a ideia seja de começar o manejo em uma área pequena, os comunitários têm a possibilidade de realizar a atividade em uma área maior tão logo amadureçam a capacidade de gerir o empreendimento. A zona de uso comunitário da Flona é de 66 mil hectares, e cerca de 20 mil hectares poderiam ser usados para manejo florestal.

O apoio aos comunitários da Vila Céu do Mapiá tem sido feito em conjunto com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela gestão da unidade de conservação, criada em 1988.

"Um dos nossos objetivos é beneficiar as comunidades residentes, trabalhar pela melhoria da qualidade de vida deles", diz o chefe da Flona, Flávio Paim.

Ele faz coro aos ganhos que devem resultar da atividade. "Um dos grandes benefícios é a geração de renda para a população. Além disso, o manejo vai garantir sustentabilidade desses estoques [florestais]", diz.

O conhecimento empregado na capacitação deve ser usado pelo Serviço Florestal para apoiar o manejo em outras regiões da Amazônia. A atividade na Flona está entre as ações do Plano Anual de Manejo Florestal e Comunitário 2010, coordenado pelos ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Agrário.


 

Fonte: Ministério do Meio Ambiente
Ascom

 
 
 
 

 

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