Recife (01/03/10)
- O Ibama concluiu na manhã da última
sexta sexta-feira (26/02) a soltura de 46 jabutis
(Chelonoidis carbonaria) em propriedades rurais
do município de Taquaritinga do Norte, em
Pernambuco. Os animais fazem parte de um lote de
111 jabutis provenientes do zoológico de
Recife e de mantenedores ilegais. Os restantes serão
soltos na próxima semana, no município
de Sertânia.
Segundo o coordenador do projeto
de soltura, o analista ambiental Edson Andrade,
esses jabutis são originários do bioma
caatinga e vão ajudar a fortalecer as populações
naturais da espécie. “Todos foram analisados
e marcados com números nos cascos. Assim
poderemos acompanhar seu deslocamento por até
dois anos” explica.
Andrade esclarece que nesse trabalho
de monitoramento os proprietários e moradores
das fazendas terão papel fundamental. “Eles
receberam orientações para nos informar
quando encontrarem os jabutis marcados, tanto os
vivos quanto os que morrerem”, diz. Por meio dessas
informações será possível
entender um pouco mais da dinâmica da espécie
na área.
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Na noite de ontem, moradores da
comunidade de Pedra Preta, vizinha ao local das
solturas, receberam uma palestra educativa sobre
os trabalhos de soltura na região e a importância
dos jabutis para a natureza. Cerca de 50 adultos
e crianças acompanharam as explicações
e aprenderam que os jabutis são grandes disseminadores
de sementes, o que ajuda no reflorestamento natural
da caatinga. Também se impressionaram ao
saber que tanto as fezes quanto a carne dos jabutis
podem transmitir sérias doenças aos
humanos.
Os palestrantes alertaram os presentes que a captura
de jabutis e de outros animais silvestres, além
de causar um prejuízo ao meio ambiente, também
pode resultar em multas de R$ 500 por animal, além
de processos criminais com penas de até um
ano de detenção.
Airton De Grande
Ascom/Ibama/PE
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Desmatamento na Caatinga já
destruiu metade da vegetação original
Brasília (02/03/2010) -
Considerado o único bioma exclusivamente
brasileiro, a Caatinga possui atualmente metade
de sua cobertura vegetal original. Em 2008, a vegetação
remanescente da área era de 53,62%. Dados
do monitoramento do desmatamento no bioma realizado
entre 2002 e 2008 revelam que, neste período,
o território devastado foi de 16.576 km²,
o equivalente a 2% de toda a Caatinga. A taxa anual
média de desmatamento na mesma época
ficou em torno de 0,33% (2.763 km²).
Em entrevista coletiva realizada
nesta terça-feira (02/3) para divulgar os
números deste levantamento, o ministro do
Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que o índice
é alto, considerando-se que a região
é a mais vulnerável do País
aos efeitos das mudanças climáticas,
com forte tendência à desertificação.
De acordo com os dados do monitoramento,
a principal causa da destruição da
Caatinga deve-se à extração
da mata nativa, que é convertida em lenha
e carvão vegetal destinados principalmente
aos pólos gesseiro e cerâmico do Nordeste
e ao setor siderúrgico de Minas Gerais e
do Espírito Santo. Outros fatores apontados
foram as áreas criadas para biocombustíveis
e pecuária bovina. O uso do carvão
em indústrias de pequeno e médio porte
e em residências também foi indicado.
“Para reverter a situação
é importantíssimo pensarmos em uma
matriz energética diferente para a região,
como energia eólica, gás natural e
pequenas centrais hidrelétricas”, completou
o ministro. Dentre as ações de mitigação
previstas, estão a recuperação
de solos e micro-bacias, o reflorestamento e as
linhas de crédito para combate à desertificação.
Carlos Minc revelou que o Banco
do Nordeste estuda a criação do Fundo
Caatinga, e que o Banco do Brasil tem a intenção
de implementar o Fundo contra a Desertificação.
O MMA pretende destinar ao Nordeste cerca de R$500
milhões oriundos do Pré- Sal para
o Fundo Clima. O Ibama já planeja 25 grandes
operações de combate ao desmatamento
e ao carvão vegetal ilegal na região,
que devem ocorrer simultaneamente a partir deste
mês.
Área
Com uma área total de 826.411 km², a
Caatinga está presente nos estados da Bahia,
Ceará, Piauí, Pernambuco, Paraíba,
Maranhão, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do
Norte e Minas Gerais. Os dois primeiros desmataram
sozinhos a metade do índice registrado em
todos os estados. Em terceiro e quarto lugar estão
o Piauí e Pernambuco. Já o estado
de Alagoas, por exemplo, possui atualmente apenas
10.673 km² dos 13.000 km² de área
de caatinga originais.
Os municípios que mais
desmataram foram Acopiara(CE),Tauá (CE),
Bom Jesus da Lapa (BA), Campo Formoso(BA), Boa Viagem
(CE),Tucano (BA), Mucugê (BA) e Serra Talhada
(PE) (confira as taxas por estado e municípios
nos links abaixo).
O padrão de desmatamento
observado no bioma é pulverizado, o que dificulta
as ações de combate à prática.
De acordo com Luciano Menezes, diretor de Proteção
Ambiental do Ibama, o monitoramento é muito
importante para a elaboração de um
plano de combate ao desmatamento e de mitigação
dos efeitos desta prática. Por isso, será
lançado em 28 de abril o Plano de Combate
ao Desmatamento na Caatinga (PPCaatinga), que no
futuro deve ser incorporado ao Plano Brasileiro
de Mudanças Climáticas.
Para amenizar os efeitos da desertificação
no semi-árido brasileiro, amanhã (03/3)
terá início em Petrolina(PE) e Juazeiro(BA)
uma reunião que vai tratar do Plano de Combate
à Desertificação no Nordeste.
O evento terá a participação
de todos os governadores e secretários de
Meio Ambiente da região.
Ações de combate
Estudos revelam que o Nordeste pode perder um terço
de sua economia até o final do século
com os efeitos do aquecimento global e da desertificação.
O ministro Minc revelou que foi feito um acordo
com o governo do Piauí para a criação
da maior unidade de conservação da
Caatinga nas Serras Vermelha e da Confusão.
A área terá cerca de 550 mil hectares.
Além desta, a criação de novas
unidades de conservação também
é indicada como fator de proteção
ao bioma.
A secretária de Biodiversidade
e Florestas do MMA, Maria Cecília Wey de
Brito, explica que a Caatinga tem apenas 7% de áreas
protegidas, somando áreas estaduais e federais,
sendo que 2% são de proteção
integral e os outros 5% são de unidades de
conservação de uso sustentável.
Ela também aponta a importância da
Caatinga como habitat de espécies endêmicas
(que só ocorrem em uma determinada região)
em extinção, como a arara-azul-de
lear, além de lagartos, anfíbios e
pequenos roedores.
Metodologia
O monitoramento foi feito por 25 técnicos
contratados pelo Pnud (Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento) e por analistas ambientais
do MMA e Ibama, que utilizaram como referência
o mapa de cobertura vegetal do MMA/Probio(programa
de levantamento da cobertura vegetal do Brasil que
detectou as áreas de vegetação
nativa e antropizadas até o ano de 2002),
bem como imagens de satélite.
Também foi realizado um
fórum técnico científico para
discutir os dados finais com especialistas em mapeamento
da caatinga.O detalhamento do mapa base do Probio
em 2002 tinha uma escala de 1:250.000. Já
o utilizado neste levantamento teve uma escala de
1:50.000. A precisão na identificação
dos desmatamentos foi de 98,4%.
De acordo com o ministro Minc,
o MMA pretende realizar o mapeamento e monitoramento
dos cinco biomas brasileiros (Cerrado, Caatinga,
Pantanal, Pampa e Mata Atlântica) até
o final do ano.
Para mais informações,
acesse os portais de acesso aos dados:
http://www.mma.gov.br/portalbio
http://www.ibama.gov.br/csr
Carine Corrêa - Ascom MMA
Foto: Jefferson Rudy/MMA - Desmatamento na Caatinga
já destruiu metade da vegetação
original