(02/03/2010) Ações
do documento A Embrapa Clima Temperado está
realizando pesquisas que pretendem estabelecer orientações
que auxiliem o produtor rural em práticas
de sistemas agroflorestais, adequado para a recuperação
de matas ciliares ou áreas degradadas. Para
isso, foram implantados na Estação
Experimental da Cascata diversos experimentos que
em breve poderão identificar quais as espécies
arbóreas e plantas de cobertura possuem potencial
para a restauração ambiental de áreas
degradadas.
Através do sistema agroflorestal
é possível conservar o meio ambiente
e fornecer retorno para o produtor. “Porém,
é preciso destacar que o foco deixa de ser
a otimização da produção
e passa a se considerar a diversificação
de culturas, através de estratégias
de manejo melhorador do solo e condições
ecofisiológicas dos cultivos. Este estilo
de cultivo da terra permite produzir alimentos e
tornar as terras mais produtivas, ou seja, a produção
de alimentos não é um fim em si mesmo,
mas um processo que serve para recuperar áreas
degradadas e conservar a natureza”, explica o pesquisador
da Embrapa Clima Temperado, Joel Cardoso.
Ele salienta que a conservação
das matas de borda de rio e de topos de morro é
uma exigência do Código Florestal.
Esse estabelece que propriedades rurais que possuem
nascentes d´água e córregos
devem manter suas margens preservadas. É
necessário respeitar uma distância
mínima dos cursos d´água, pois
a mata encontrada nessas áreas mantêm
um corredor ecológico que favorece a biodiversidade
e protege os recursos hídricos.
“Áreas de grande importância
ecológica, cobertas ou não por vegetação
nativa não podem sofrer ação
humana, além disso, a agricultura que não
respeita esses processos vai futuramente causar
problemas a coletividade”, enfatiza Joel. Segundo
ele, a conservação ambiental é
possível através dos sistemas agroflorestais
que possibilitam recuperação ambiental
das matas de borda de rio e topos de morro. “Isso
auxilia na conservação dos recursos
hídricos, beneficia o produtor e as propriedades
rurais vizinhas. Inclusive, quem mora na cidade
também ganha, pois terá água
limpa e em abundância”, enfatiza.
Segundo ele, os sistemas agroflorestais
incentivam o uso de práticas agrícolas
de forma integrada, calcadas em conhecimentos tradicionais.
Consiste no plantio de espécies lenhosas
perenes (árvores e arbustos) que estão
se desenvolvendo em associação com
plantas herbáceas (vegetais, pastagens) ou
animais, em um arranjo espacial, uma rotação,
ou ambos. “Através da utilização
inclusive de árvores frutíferas, associadas
às atividades apícolas e ao turismo
ecológico”, acrescenta.
“O sistema agroflorestal pode
ser sintetizado como um diálogo de vidas,
que trabalham de forma cooperada em favor do aumento
e qualidade da própria vida do sistema”,
informa Joel.
Christiane Rodrigues Congro
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Aquecimento global é tema
de palestra na Conferência Mundial do Café
(02/03/2010) O pesquisador e coordenador
de estudos sobre mudanças climáticas
da Embrapa Informática Agropecuária,
Eduardo Delgado Assad, realizou palestra no dia
28 de fevereiro na Conferência Mundial do
Café, realizada no último fim de semana
na cidade da Guatemala. O tema da palestra de Assad
foi Mudanças Climáticas e Produção
de Café: vulnerabilidade e possível
adaptação.
O pesquisador tratou, em sua palestra
das conclusões de um estudo feito por especialistas
em zoneamento climático da Embrapa e da Universidade
de Campinas – Unicamp sobre os efeitos do aquecimento
global nas culturas agrícolas. A partir de
dois possíveis cenários, um prevendo
o aumento de temperatura variando entre 2ºC
a 5,4ºC, e outro um pouco mais otimista, prevendo
o aumento entre 1,4ºC e 3,8ºC, a pesquisa
estudou os impactos em várias culturas agrícolas,
como o algodão, arroz, café, cana-de-açúcar,
feijão, girassol, mandioca, milho e soja.
Os cenários foram montados para os anos de
2010, 2020, 2050 e 2070 tomando-se como base o Zoneamento
de Riscos Climáticos de 2007 e o relatório
do Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC).
Conforme a pesquisa, o aumento
de temperatura poderá provocar uma alteração
profunda na geografia da produção
agrícola no Brasil, acarretando na migração
de plantas para regiões que hoje não
são de sua ocorrência em busca de condições
climáticas melhores. No caso do café
arábica, cultivado principalmente na Região
Sudeste do País, sua produção
terá que se adaptar ao novo clima nessas
regiões ou irá migrar para latitudes
maiores, como a região mais ao sul do Brasil.
Para Eduardo Assad, porém,
as soluções para a adaptação
do café ao clima mais quente já estão
sendo buscadas pela pesquisa. Os estudos em melhoramento
genético poderão criar cultivares
mais robustas e capazes de suportar temperaturas
mais altas. Além disso, pesquisas na área
de manejo, como o sombreamento do cafezal com frutas
ou espécies madeireiras, poderão possibilitar
a permanência do café em regiões
onde ele está adaptado atualmente.
Jurema Iara Campos