Belo Horizonte
(08/03/2010) - Belo Horizonte ganhou na sexta-feira,
dia 5, o maior aquário de água doce
do Brasil. A Prefeitura, por meio da Fundação
Zoo-Botânica de Belo Horizonte (FZB-BH), inaugurou
o Aquário da Prefeitura – Bacia do Rio São
Francisco. O aquário tem aproximadamente
3 mil metros quadrados e é o primeiro a retratar
exclusivamente a vida na Bacia do São Francisco.
A obra, que custou cerca de R$ 5,5 milhões,
passa a ser mais uma grande atração
da capital mineira, oferecendo estudos sobre biologia,
criação e manutenção
de peixes em cativeiro. O aquário fica no
Jardim Zoológico (avenida Otacílio
Negrão de Lima, 8.000, Pampulha).
O prefeito Marcio Lacerda e sua
mulher, Regina Lacerda, o vice-prefeito Roberto
Carvalho, o presidente da FZB-BH, Evandro Xavier,
o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
Roberto Messias, o secretário de Estado de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável,
José Carlos Carvalho, o ex-prefeito de Belo
Horizonte, Fernando Pimentel, o prefeito de Pirapora,
Warmillon Braga, secretários municipais e
outras autoridades participaram da solenidade de
inauguração.
Marcio destacou que a inauguração
do aquário é especial para a cidade,
que ganha mais um espaço para lazer, entretenimento
e principalmente, para a difusão do conhecimento
e defesa da preservação ambiental.
“A inauguração deste aquário
tem vários significados importantes e o principal
deles é a oportunidade das pessoas verem
de perto a fauna do rio São Francisco em
um contexto sócio ambiental que vai ajudar
a aumentar a consciência ecológica”,
disse. Para o prefeito, o aquário também
será uma referência turística
na cidade. “É um privilégio ter uma
atração como esta, que vai encantar
turistas de todo o país e servirá
também como referência de pesquisa
e educação ambiental”, afirmou.
Segundo Evandro Xavier, a inauguração
é importante especialmente pelo fato de o
aquário representar uma parte do rio São
Francisco a ser protegido e conhecido. “A concretização
deste projeto é a realização
de um sonho que somente foi possível graças
ao empenho de muitas pessoas. Assim como esta obra
uniu municípios, governos, organizações
não governamentais e representantes do terceiro
setor, o nosso desejo é que, com o aquário,
possamos conseguir unir e integrar ações
que busquem conservar e revitalizar o rio”, salientou.
Ao visitar o aquário, o
público terá a oportunidade de conhecer
diferentes espécies de peixes e obter informações
sobre o “Velho Chico”. Entre os destaques da ictiofauna
(conjunto de peixes de uma região ou ambiente)
do rio São Francisco que poderão ser
conhecidos e apreciados no novo espaço estão
surubins, dourados, curimatãs, matrinxãs
e vários outros.
Admiração
A funcionária pública Fátima
Lopes elogiou todo o espaço. “É um
presente ver a natureza unida à inteligência
do homem ao criar esse aquário. A paisagem
e a cenografia são lindas e aconselho que
todos venham conhecer este novo local de lazer”,
ressaltou. O estudante Frederico Azevedo se encantou
com a novidade. “Eu não tinha nenhuma ideia
de quais eram as espécies de peixe do rio
São Francisco e, por isso, achei muito interessante
poder vê-las de perto”, afirmou.
Resultado de uma parceria entre
a Prefeitura e o Ministério do Meio Ambiente,
as obras do aquário começaram em 2006,
com a meta de promover a conservação
da vida aquática do Velho Chico por meio
de exibições dos ecossistemas e de
sua interpretação, educação
e pesquisa. Ao longo dos últimos três
anos, outros parceiros adotaram esta ideia, como
Cemig, Codevasf, Copasa, Epamig, Instituto Estadual
de Florestas (IEF), Sesc, Prefeitura Municipal de
Pirapora, Sociedade dos Amigos da Fundação
Zoo-Botânica e Instituto Terra Brasilis.
O aquário em detalhes
• 1.200 peixes de 50 espécies
• 22 tanques nos dois pavimentos com 1 milhão
de litros de água.
• Espécies como pirambeba, piau-três-pintas,
mandi prata, cascudo e surubim.
• Aquário São Francisco, com capacidade
para 450 mil litros de água, representando
um “braço” do Velho Chico, com uma cenografia
que apresenta tanto a margem quanto o fundo do rio.
• Auditório, espaços de exposição
lúdicos, jardins, laboratório, lagoa
marginal, lanchonete e lojinha.
Fauna da Bacia do Rio São
Francisco no Zoológico
O Aquário da Prefeitura - Bacia do Rio São
Francisco já está aberto à
visitação pública e apresenta
aos visitantes cerca de 1.200 peixes de 40 espécies,
distribuídos em 22 “recintos” ou aquários.
Além de ser um espaço
para a realização de estudos e pesquisas,
o Aquário da Prefeitura configura-se como
local para conhecimento de aspectos socioambientais
e culturais das populações que ocupam
as margens do Rio São Francisco. Desse modo,
apresenta objetos característicos dessas
comunidades, como carrancas, redes de pesca, âncora,
canoas, peças de cerâmica, esculturas,
uma réplica, em tamanho reduzido, do barco
a vapor Benjamim Guimarães, entre outros.
O auditório, com capacidade para cerca de
100 pessoas, é equipado com moderna aparelhagem
audiovisual (telão, data show e som) que
possibilita a apresentação de documentários
sobre a Bacia do Rio São Francisco e a organização
de eventos temáticos.
O Serviço de Educação
Ambiental da Fundação Zoo-Botânica
será responsável por desenvolver e
aplicar estratégias educativas junto ao público
visitante, para que todos possam ser conscientizados
a respeito da utilização da água
e na preservação de uma das principais
bacias hidrográficas brasileiras. Placas
e painéis informativos servirão de
subsídio para programas e ações
científico-educativas. Dessa forma, o público
poderá conhecer e compreender e também
participar de ações em defesa dos
ecossistemas aquáticos.
Biodiversidade
Entre as espécies de peixes em exposição
nos 22 recintos do Aquário da Prefeitura
estão a pirambeba, o piau-três-pintas,
o piau verdadeiro, o piau branco, o mandi prata,
o mandi amarelo, a manjuba, a piaba rapadura, a
piaba-do-rabo-vermelho, a piaba-do-rabo-amarelo,
o cascudo, o surubim, o dourado e o matrinxã.
Para receber os peixes, foi realizada
uma sofisticada ambientação com pedras,
areia e cascalho, pedaços de madeira curtidos,
além de plantas aquáticas. No Aquário
São Francisco (Tanque Maior), a cenografia
contou com peças moldadas em resina e em
fibra de vidro, e pintadas com tinta especial. Assim,
os visitantes têm a impressão de ver
a estrutura de níveis que compõem
um leito de rio, inclusive com sua gradação
de cores e texturas. Segundo o biólogo Thiago
da Motta Carvalho, os elementos de composição
dos tanques foram distribuídos conforme a
necessidade de cada espécie. “Em alguns há
plantas e em outros não. Tudo depende da
biologia do peixe, por exemplo, se vai ou não
comer plantas, ou ainda da profundidade e luminosidade
do aquário”, ressalta.
Curiosidades da Bacia do Rio São
Francisco
Descoberto em 4 de outubro de 1501 pelo navegador
europeu Américo Vespúcio, o rio São
Francisco nasce no Parque Nacional da Serra da Canastra.
Sua bacia drena seis estados brasileiros: Minas
Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Sergipe
e Alagoas, além do Distrito Federal. Em seu
curso, o São Francisco percorre três
biomas: Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica.
Seus maiores afluentes são os rios Paraopeba,
das Velhas, Paracatu, Urucuia, Corrente e Grande.
O “Velho Chico” possui a 3ª
bacia hidrográfica do Brasil e a 1ª
contida inteiramente em território brasileiro.
Sua extensão é de 2,7 mil quilômetros
e, em Minas Gerais, estão inseridos 36,8%
dela.
A ictiofauna do rio São
Francisco compreende cerca de 180 espécies
de peixes de água doce. Deste total, 160
espécies são conhecidas, 158 já
foram registradas e 18 delas encontram-se em extinção
no estado mineiro. Cerca de 13% das espécies
da bacia têm valor comercial para consumo
humano, sendo que 80% dessas não conseguem
se reproduzir em cativeiro nas condições
normais, o que exige a indução artificial
à desova.
O desmatamento, além de
contribuir para as secas das nascentes e de seus
afluentes, provoca a queda de barrancas, gerando
acúmulo de terra no leito do rio, criando
assim, ilhas de areia e dificultando a navegação.
As barragens hidrelétricas produzem também
forte impacto para toda a bacia.
Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.