Leandro
Zago - Brasília (29/03/2010) - Na Reserva
Biológica Marinha do Arvoredo, um grupo de
pesquisadores do Projeto Ceriantos do Brasil do
Instituto de Biociências da USP, auxiliados
servidores da Reserva, estava à procura de
ceriantos (cnidários solitários que
habitam fundos marinhos e que tem formato semelhante
a uma flor), quando, em um dos mergulhos, encontraram
incrustados em um pedra no fundo marinho, um grupo
de três animais de outra espécie que
até então não haviam visto.
Em decorrência da descoberta,
os pesquisadores da USP abriram nova linha de pesquisa
na reserva para estudar esses animais que foram
encontrados. Nos trabalhos subseqüentes foi
localizado mais um grupo de três animais dessa
espécie, os quais foram fotografados em seu
ambiente natural e um deles coletado e levado aos
laboratórios da USP para ser estudado.
Embora os estudos ainda estejam
em andamento, a equipe de pesquisadores está
certa que se trata de um registro muito valioso
para a ciência. Depois de várias análises
e consultas a outros especialistas, ainda não
foi encontrado qualquer registro científico
anterior daquele pequeno animal marinho, o que indica
a possibilidade de se tratar de uma espécie
nova para a ciência.
De acordo com o doutorando da
USP e pesquisador do Projeto Ceriantos do Brasil,
Sérgio Stampar, os animais encontrados na
reserva pertencem a um grupo denominado Cnidaria.
Esse grupo de organismos tem células especializadas
que são urticantes, ou seja, provocam irritações
semelhantes às da urtiga na pele humana.
Também fazem parte desse grupo os corais,
as anêmonas e águas vivas. Stampar
explica que a espécie encontrada provavelmente
é um coralimorfário (Corallimorpharia)
e que curiosamente só foram encontrados na
Reserva em trios.
Leandro Zago, analista ambiental
do ICMBio, diz que esse tipo de descoberta, quando
associada aos resultados de outras pesquisas que
estão em andamento na Reserva Biológica
Marinha do Arvoredo, revela a importância
daquela área para a conservação
de muitas espécies conhecidas e de muitas
outras ainda desconhecidas pela ciência.
Apesar das pesquisas científicas
ainda terem muito que desvendar sobre a biodiversidade
marinha e terrestre da Reserva, os resultados obtidos
até o presente mostram que aquela área
é extremamente rica em espécies. Os
trabalhos já realizados e catalogados no
banco de dados da Reserva registraram a ocorrência
de mais de 1.400 espécies na Unidade, sendo
21 delas novas para a ciência e 22 ameaçadas
de extinção.
Outro exemplo da riqueza e importância
biológica da Reserva é a recente descoberta
de uma colônia de pólipos de águas-vivas
também feita pelos pesquisadores do Projeto
Ceriantos do Brasil. O pesquisador Sergio Stampar
encontrou esses pólipos na Reserva durante
uma das campanhas de pesquisa e, segundo ele, a
Reserva é “a primeira localidade no Brasil
onde será possível o acompanhamento
da população desses animais em ambiente
natural”, afirma.
Ascom/ICMBio
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Ameaçadas de extinção,
ararinha-azul e arara-azul-de-lear são repatriadas
Izabela Ribeiro - Brasília
(24/03/10) – O Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio) acaba de repatriar duas
aves da fauna brasileira extremamente ameaçadas
de extinção: uma ararinha-azul (Cyanopsitta
spixii), espécie encontrada hoje apenas em
cativeiro, e uma arara-azul-de-lear (Anodorhynchus
leari), que tem só 900 indivíduos
na natureza.
As duas aves foram desembarcadas
na segunda-feira (22), no Aeroporto de Congonhas
(SP), vindas da Fundação Loro Parque,
em Tenerife, na Espanha. Elas haviam sido enviadas
para lá em 2006 por meio de um programa de
cooperação entre os dois países
para a conservação de espécies
ameaçadas.
Os animais foram trazidos de volta
pelo curador de aves da Fundação Loro
Parque, Mathias Reinschmidt, autorizado a colocá-las
em gaiolas na cabine do avião, para maior
segurança. Reinschmidt foi recebido no aeroporto
pela chefe do Setor de Aves, a bióloga Fernanda
Junqueira Vaz, e a coordenadora dos programas de
cativeiro da ararinha-azul e arara-azul-de-lear,
Yara Barros, diretora técnica do Foz Tropicana
Parque das Aves, de Foz do Iguaçu.
QUARENTENA – Após os trâmites
de liberação junto às autoridades
sanitárias, as aves foram levadas por uma
equipe do Zoológico de São Paulo para
o quarentenário do Zôo em Cananéia
(SP). Lá, elas deverão ficar em quarentena
por um período mínimo de 15 dias,
durante os quais passarão por exames. Serão
acompanhadas em tempo integral por um biólogo
e uma veterinária do Zôo.
A ararinha-azul, que ganhou o
nome de “Mela”, é uma fêmea de 3 anos
de idade. Nasceu no Loro Parque e terá como
destino o Zôo de São Paulo, onde será
pareada (formará casal) com um macho. A arara-azul-de-lear
tem também 3 anos de idade e é filhote
de um casal enviado do Brasil para o Loro Parque
em 2006. Mesmo tendo nascido em um centro de reprodução
no exterior, é propriedade do governo brasileiro.
Os pais da arara-azul-de-lear
nunca haviam reproduzido no Brasil. Na Espanha,
nesses quatro anos, geraram 11 filhotes, que integram
o programa de cativeiro do Loro Parque. Antes, um
deles já havia sido mandado de volta ao Brasil,
onde, atualmente, forma casal com um exemplar da
espécie no Zoológico de Belo Horizonte
(MG).
AMEAÇA – Segundo o coordenador-geral
de Pesquisa do Instituto Chico Mendes, Ugo Vercillo,
as duas espécies de arara são endêmicas
da caatinga baiana, ou seja, só ocorrem nesse
local. A situação de extrema ameaça
por que passam se deve, principalmente, à
captura para o comércio ilegal e à
perda de habitat, que se acentuaram nos últimos
anos.
Das duas espécies, a ararinha-azul
é a que enfrenta a situação
mais crítica. Desde 2002, é considerada
oficialmente extinta na natureza. O último
registro de um indivíduo selvagem foi feito
dois anos antes. Sua única chance de recuperação
é o manejo em cativeiro.
Ainda segundo Vercillo, o Programa
de Reprodução da Ararinha-Azul conta
com apenas 80 aves, distribuídas em centros
no Brasil (Zoológico de São Paulo
e Fundação Lymington, também
em São Paulo), Espanha (Fundação
Loro Parque), Qatar (Al Wabra Wildlife Preservation)
e Alemanha (ACTP). O objetivo é garantir
o retorno da espécie à natureza por
meio de reintroduções controladas.
Já a arara-azul-de-lear,
embora criticamente ameaçada, tem uma situação
um pouco melhor. De acordo com Vercillo, há
hoje 900 indivíduos em ambiente natural.
Eles se encontram basicamente nos municípios
de Canudos, Jeremoabo, Euclides da Cunha e Sento
Sé, no oeste da Bahia. Não muito raro,
exemplares dessa espécie são apreendidos
pela polícia em poder dos traficantes. Alguns
já foram, inclusive, confiscados em outros
países e repatriados.
De acordo com o coordenador de
Pesquisa do ICMBio, cerca de 60 arara-azuis-de-lear
apreendidas pela fiscalzação são
atendidas hoje por um programa de reprodução,
que busca estabelecer uma população
de segurança em cativeiro para futuras reintroduções
à natureza.
Os centros de reprodução
da arara-azul-de-lear que fazem parte desse programa
estão localizados no Brasil (Zoológico
de São Paulo, Zoológico de Belo Horizonte,
Fundação Lymington/SP e Crax Sociedade
de Pesquisa em Vida Silvestre/MG), Espanha (Fundação
Loro Parque), Qatar (Al Wabra Wildlife Preservation)
e Inglaterra Harewod Hall).
“Através da cooperação
entre governos e mantenedores, é possível
obter um crescimento genética e demograficamente
sustentável das populações
em cativeiro, que viabilizem a conservação
dessas espécies”, disse Vercillo, ao destacar
a importância desse trabalho.
Ascom/ICMBio
+ Mais
Complexo das Paineiras é
um presente para o Rio, diz ministro
Brasília (19/03/2010) –
Foi lançado nesta sexta-feira (19) no Rio
de Janeiro o edital de concessão do Complexo
Paineira do Parque Nacional da Tijuca. A obra deve
ficar pronta dentro de três anos e a expectativa
é de transformar a área em um moderno
espaço de visitação, com serviços
de hotelaria, centro de convenções,
transporte rodoviário, estacionamentos, restaurantes,
lojas, salas de exposição e centros
culturais.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos
Minc, esteve presente ao evento, que ocorreu no
antigo prédio do hotel no Parque da Tijuca.
Ele disse que "o projeto é um presente
para a cidade”. Segundo Minc, projetos dessa natureza
servem para incentivar o turismo nos parques nacionais
e a terceirização de alguns serviços
como os de hotel e restaurante.
Ainda durante o evento, o ministro
assinou acordo com o Serviço de Patrimônio
Nacional (SPN), transferindo a posse do parque para
o Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio).
O projeto do Complexo das Paineiras
vai exigir investimentos de R$ 40 milhões,
e o complexo poderá servir de opção
de hospedagem para turistas que estarão no
Rio durante a Copa de 2014 e as Olimpíadas
de 2016.
A reativação do
hotel - que já abrigou celebridades e serviu
de concentração para os tricampeões
mundiais de futebol de 1970- faz parte do Programa
de Turismo nos Parques Nacionais, mantido pelos
ministérios do Meio Ambiente e do Turismo.
Um dos pontos do programa prevê a concessão
da prestação de serviços de
uso público como forma de equipar os parques
com uma melhor estrutura para os visitantes.
A instalação do
Complexo das Paineiras integra o processo de requalificação
completa da área do Corcovado/Paineiras,
proposto no plano de manejo do parque. A licitação
foi promovida pelo Ministério do Meio Ambiente,
Instituto Chico Mendes, governo do Rio de Janeiro
e prefeitura municipal do Rio de Janeiro.
No ano passado, o Instituto dos
Arquitetos do Brasil (IAB) organizou um concurso
nacional para escolher o projeto arquitetônico
que seria implementado no local. A seleção
ficou a cargo do Instituto Chico Mendes (responsável
pela administração do Parque da Tijuca),
que recebeu mais de 80 propostas.
Após a aprovação
do projeto, foi desenvolvido um estudo de mercado
e de viabilidade econômica que indicou a composição
dos negócios e a viabilidade dos empreendimentos
propostos. A concessão para a operação
terá prazo de 20 anos.
ÁGUA FLORESTAS – O ministro
Carlos Minc também participou nesta sexta-feira
do lançamento do Projeto Água Florestas,
em Mesquista (RJ). O objetivo da proposta é
estabelecer a gestão compartilhada para conservação
do solo e da água na APA Municipal de Mesquita,
por meio de um conjunto socialmente identificado
de problemas, objetivos e soluções.
O projeto vai formar 60 agentes
de desenvolvimento local sustentável e implementar
agroflorestas ciliares em nascentes e margens de
córregos em 20 estabelecimentos rurais, de
forma a recuperar e conservar mananciais e promover
o aumento da renda familiar por meio da colheita
de produtos não-madeireiros.
Para o ministro Carlos Minc, este
foi mais um dia de avanço para a consciência
ecológica no País e avanço
das parcerias em prol do meio ambiente.
Com isso, os idealizadores esperam
alcançar uma articulação comunitária
em núcleos autogestores, bem como lançar
unidades demonstrativas rurais de conservação
do solo e da água. Pretendem ainda organizar
uma rede escolar de monitoramento da água.
O projeto é uma parceria
da prefeitura de Mesquita com o Instituto Walden,
e conta com o patrocínio da Petrobras.
Ascom/MMA