26/03/2010 - O setor de graxaria,
que processa 8,8 milhões de toneladas/ano
de subprodutos de abatedouros e frigoríficos,
gera uma receita que chega aos R$ 3,5 bilhões
exibindo um vigor próprio de um país
que possui o maior rebanho bovino do mundo e se
posiciona em terceiro e quarto lugares na produção
de aves e de suínos.
Um pouco desse sucesso foi mostrado,
nos dias 25 e 26.03, durante o IX Workshop sobre
Subprodutos de Origem Animal e a V FENAGRA - Feira
Nacional de Graxarias, organizados pelo Sindicato
Nacional dos Coletores e Beneficiadores de Subprodutos
de Origem Animal – SINCOBESP, no auditório
da Fecomércio, em São Paulo.
O presidente da Companhia Ambiental
do Estado de São Paulo - CETESB, Fernando
Rei, que participou da solenidade de abertura da
FENAGRA salientou a importância do evento,
no qual a agência ambiental instalou um estande
para divulgar ações de controle da
poluição distribuindo, entre outros
materiais, o Guia Técnico Ambiental – Série
Produção + Limpa, para difundir práticas
para reduzir o consumo de insumos como energia e
água, otimizar os processos produtivos gerando,
por conseqüência, a geração
de menos resíduos.
Poluição
O setor de graxaria, que processa
matérias-primas como sangue, ossos, cascos,
chifres, gorduras, aparas de carne, vísceras
e animais condenados pela inspeção
sanitária, para a fabricação
de sabões, sabonetes e insumos para a indústria
química, além de farinhas de proteína
e de cálcio de origem animal e adubos, apresenta
um elevado potencial poluidor.
No entanto, aproximou-se da CETESB
nos últimos anos, participando da Câmara
Ambiental do Setor de Abate, Frigorífico
e Graxaria criada pela agência ambiental para
promover a articulação entre o órgão
de controle e o setor produtivo, para discutir questões
como o consumo de água que chega a 30 litros
por ave abatida ou 850 por um suíno ou por
um bovino. Em média, de 80 a 95% da água
consumida é descarta como efluente líquido
com alta carga orgânica.
Outro grave problema ambiental
é a emissão de substâncias odoríferas,
decorrente do processo de cozimento ou digestão
da matéria-prima utilizada, resultando na
formação de compostos como gás
sulfídrico, sulfetos de metila e dimetila,
mercaptanas, di- e tri-metilamina, dimetilpirazinas,
butilamina, amônia, escatol e outros.
Por esse motivo, o presidente
da SINCOBESP, Gustavo Razzo Netto, enfatizou o conceito
da reciclagem em sua fala na abertura da FENAGRA.
Disse que “a feira não é só
uma exposição de equipamentos do setor,
mas a demonstração do que procuramos
fazer, buscando a modernidade nas operações
em termos de conservação, adotando
métodos ambientalmente corretos para evitar
conflitos entre a sociedade e o setor produtivo.”
O empresário informou,
ainda, que a entidade está se filiando a
uma associação internacional, o que,
na opinião de Fernando Rei, é positivo,
pois o mercado importador também vai agregar
exigências, somando-se às que a CETESB
já impõe ao setor.
Palestra
Em 26.03, o gerente do Setor de
Produção e Consumo Sustentáveis,
da CETESB, José Wagner Faria Pacheco fez
uma palestra sobre o tema Produção
+ Limpa, mostrando como a agência ambiental
atua junto às indústrias do setor
de graxaria.
“As graxarias, disse, como fontes
fixas potenciais de poluição são
objetos de ações da CETESB, primeiro,
de caráter preventivo, na fase de licenciamento
ambiental da atividade, e depois, de caráter
corretivo, por meio de fiscalização
das fontes de poluição”.
O especialista lembrou que o diálogo
é fundamental para potencializar e melhorar
o resultado dessas ações, tendo a
Câmara Ambiental como um importante instrumento
para essa finalidade, permitindo o encaminhamento
de problemas e a busca de soluções
de forma conjunta. É desse diálogo
que resultam trabalhos como os Guias Ambientais
de Produção + Limpa, um dos quais
é destinado ao setor de graxaria, apresentando
as boas práticas de caráter preventivo.
“O setor de graxaria, certamente,
já pode relatar algumas experiências
bem sucedidas de Produção + Limpa”,
afirmou.
Texto: Newton Miura
Foto: Pedro Calado
+ Mais
CETESB e ICLEI firmam parceria
para capacitar municípios paulistas a organizar
inventário de emissões de gases do
efeito estufa
29/03/2010 - A Companhia Ambiental do Estado de
São Paulo - CETESB e o ICLEI Brasil firmaram
parceria com o intuito de capacitar os municípios
paulistas a desenvolveram seus inventários
de emissões de gases de efeito estufa. O
Termo de Cooperação Técnica
assinado, em 29.03, contempla outras ações
conjuntas, como o desenvolvimento de metodologias
voltadas à melhoria da eficiência e
gestão estadual e municipal, na questão
de energia, qualidade do ar, clima, licenciamento
ambiental, saneamento, resíduos sólidos,
recursos hídricos e cobertura vegetal, entre
outras.
O ICLEI foi lançado como
o Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais
Locais, em 11000, na sede das Nações
Unidas, em Nova Iorque. É uma associação
internacional de governos locais e organizações
governamentais nacionais e regionais que assumiram
um compromisso com o desenvolvimento sustentável.
Mais de 1.100 cidades, municípios e associações
fazem parte da instituição, participando
de campanhas e programas internacionais.
Segundo Laura Valente, diretora
executiva do ICLEI Brasil, que esteve na sede da
agência paulista acompanhado pelo diretor-presidente
Adjunto, Konrad Otto-Zimmermann, a instituição
desenvolve a Campanha Cidades pela Proteção
do Clima, prestando assistência as cidades
pela adoção de políticas e
implementação de medidas quantificáveis
para a redução de emissões
locais de gases de efeito estufa como forma de melhorar
a qualidade do ar e de vida nos centros urbanos.
Mais de 800 governos locais participam da CCP, integrando
medidas de mitigação das mudanças
climáticas em seus processos decisórios.
O ICLEI promove essa campanha na Austrália,
Canadá, Europa, Japão, América
Latina, México, Nova Zelândia, África
do Sul, sul e sudeste asiático, e os Estados
Unidos.
Está previsto para setembro
próximo, a primeira ação prática
que se integrará à esta nova parceria
entre a CETESB e ICLEI, com a realização
de um curso aberto a representantes municipais,
instituto de pesquisas e outras corporações
da iniciativa pública e privada, sobre a
elaboração de inventários de
emissões de gases.
“Trabalharemos para aprofundar
a cultura do inventário nos municípios
e nas corporações públicas
e privadas, ao mesmo tempo que estaremos pavimentando
um trabalho conjunto que esperamos ser multiplicado”,
observou Josilene Ferrer, do setor de Clima e Energia
da CETESB e uma das organizadoras do Inventário
Estadual de Emissões de Gases Efeito Estufa,
elaborado com apoio da Embaixada Britânica
e que deve ser divulgado até novembro.
Texto: Renato Alonso
Foto: Pedro Calado