06/04/2010
Luana Lourenço
Repórter da Agência
Brasil
Brasília - Parlamentares ambientalistas e
organizações não governamentais
defenderam hoje (6) o adiamento da discussão
sobre alterações no Código
Florestal para 2011, após as eleições.
No entanto, se depender do relator da Comissão
Especial da Câmara que analisa as mudanças,
deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), o assunto deve
ser encerrado antes de outubro.
Rebelo disse hoje (6) que pretende
apresentar seu relatório ainda este mês.
“Os ambientalistas têm todo o tempo do mundo,
os produtores rurais não. Eles têm
uma safra todo ano para colher. A safra dos produtores
rurais não depende da ajuda dos governos
europeus, depende do trabalho deles, ao contrário
dos ambientalistas”, disse.
ONGs e parlamentares da Frente
Ambientalista temem que a mudança na legislação
ambiental em época de eleições
seja usada como moeda de troca por parlamentares
ligados ao agronegócio para garantir apoio
em suas bases.
“A bancada ruralista permeia toda
a base aliada. Podem chantagear o governo e têm
enorme pode de fogo”, argumentou o deputado Ivan
Valente (P-SOL-SP), após participar de audiência
pública da comissão especial.
O debate terminou mais uma vez
em bate-boca. O deputado Sarney Filho (PV-MA) se
irritou quando o colega Anselmo de Jesus (PT-RO),
que presidia a sessão, disse que ia encerrar
a audiência por causa de uma reunião
fechada para discutir o relatório de Aldo
Rebelo.
“Essa reunião é
excludente ou é aberta para os outros deputados?”,
questionou Sarney Filho. “Não vou pegar ninguém
no colo para levar para reunião. Não
é uma reunião pública, é
uma obrigação nossa, que andamos esses
estados todos, e não de outros que nem descolaram
a bunda da cadeira”, respondeu Anselmo de Jesus.
Coube ao ruralista Moacir Micheletto
(PMDB-PR), presidente da comissão, acalmar
os ânimos. “Será uma reunião
eminentemente técnica. Fiquem tranquilos
porque nada está sendo feito nos subterrâneos”,
disse.
+ Mais
Comissão quer impulsionar
mercado de crédito de carbono no Brasil
07/04/2010
Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A comissão criada hoje
(7) para elaborar as normas técnicas a fim
de regulamentar o mercado voluntário de carbono
do Brasil se reuniu pela primeira vez na sede da
Federação das Indústrias de
São Paulo (Fiesp). Estavam presentes representantes
da Associação Brasileira de Normas
Técnicas, do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior e especialistas
do setor.
Segundo o coordenador, Marco Antonio
Fujihara, a “mecânica da transação”
com crédito de carbono é um dos principais
assuntos em discussão pelos integrantes da
comissão. Ele disse que o objetivo é
estabelecer metodologias para certificar os créditos,
que deverão deixar o mercado mais transparente.
Fujihara prevê que a regulação
mais transparente poderá impulsionar o mercado
de carbono no Brasil. “Os investidores se sentem
mais propelidos a trabalhar em ambientes regulados”,
afirmou.
Na avaliação do
coordenador da comissão, o mecanismo de financiamento
privado, por meio de compra e venda de créditos
pode ser a maneira mais eficaz de financiar o desenvolvimento
de tecnologias que emitam menos gases causadores
de efeito estufa.
Para Fujihara, esse modelo seria mais importante
do que os fundos públicos de adaptação
climática. “Os países emergentes já
têm um mercado que regula esses processos
e melhor relação custo benefício,
o [modelo] mais barato possível, é
por meio do mercado, e não pelos fundos públicos”,
disse.