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CAPTURA ACIDENTAL AMEAÇA TARTARUGAS MARINHAS

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2010

Estudo global mostra relação entre o uso de equipamentos de pesca, como anzóis e redes, e o aumento da captura acidental das tartarugas marinhas

Arlington, Estados Unidos, 07 de abril de 2010 — O manejo inadequado das atividades pesqueiras em todo o mundo resulta na captura acidental de milhões de tartarugas marinhas, segundo estudo divulgado hoje pela organização não-governamental Conservação Internacional (CI) em parceria com universidades norte americanas.

O relatório, publicado pelo jornal Conservation Letters, é a primeira avaliação mundial da pesca acidental de tartarugas marinhas pelos três principais tipos de equipamentos de pesca – redes, espinhel e redes de arrasto. Intitulado “Parceiros Globais da Pesca Acidental de Tartarugas Marinhas” (Global Patterns of Marine Turtle Bycatch), o relatório aponta a conexão clara entre o aumento do uso de equipamentos de pesca e a captura acidental de tartarugas.

A captura acidental ocorre quando equipamentos como espinhéis, redes e anzóis são utilizados indiscriminadamente e acabam capturando outros animais que não eram o alvo da atividade pesqueira. As tartarugas marinhas, juntamente com tubarões, golfinhos e albatrozes, estão entre as espécies capturadas acidentalmente com maior frequência. O afogamento causado pelas redes de pesca, ingestão ou alojamento de anzóis no estômago e garganta causam ferimentos graves que frequentemente levam à morte.

Resultado de uma parceria com o Projeto GLoBAL (Global By-catch Assessment of Long-lived Species - Avaliação da pesca acidental global em espécies logevas, em português) da Universidade de Duke (EUA), o relatório mostra que o Mediterrâneo e o Leste do Pacífico são as principais áreas onde se registra o colapso das populações de tartarugas marinhas devido à captura acidental. Ainda segundo o documento, existem atualmente vastas regiões do oceano em que se sabe pouco sobre a pesca acidental e onde são necessárias ações urgentes de preservação para impedir a extinção desses animais ameaçados.

O Dr. Bryan Wallace da CI e a Dra. Rebecca Lewison da San Diego State University, autores do relatório, investigaram o impacto da pesca acidental das tartarugas marinhas em todo o mundo de 11000-2008. O resultado da pesquisa mostra que aproximadamente 85 mil tartarugas marinhas foram capturadas acidentalmente nos últimos vinte anos. Entretanto, Wallace e seus colegas enfatizam que provavelmente o número real é significativamente maior.

“Como os relatórios que analisamos cobrem menos de um por cento de todas as frotas, com pouca ou nenhuma informação sobre atividade de pesca de pequena escala, estimamos de forma conservadora que o total real provavelmente não chega a milhares, mas a milhões de tartarugas capturadas através da pesca acidental nas últimas duas décadas", disse o Dr. Wallace, consultor científico do programa de tartarugas marinhas da CI.

Gigantes marinhas ameaçadas - As tartarugas marinhas são animais migratórios que percorrem enormes distâncias no oceano entre as áreas de desova e alimentação e que viajam milhares de quilômetros todos os anos, cruzando fronteiras internacionais. Sua distribuição ampla as expõe a várias ameaças, inclusive a captura direta para consumo de carne e coleta de ovos, destruição das praias de desova, poluição do oceano e mudança climática. Entretanto, a pesca acidental é a ameaça mais séria e aguda para as populações de tartarugas marinhas em todo o mundo. Estima-se que seis das sete espécies de tartarugas marinhas estão categorizadas como Vulneráveis, Em Perigo ou Criticamente em Perigo de extinção , segundo a Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), incluindo as tartarugas de couro, tartarugas de pente, tartarugas oliváceas, tartarugas verdes (todas encontradas no Brasil) e as tartarugas-de-kemp.

O estudo revelou que as taxas mais altas de pesca acidental em áreas de pesca com espinhel ocorre na península da Baja Califórnia no México. A região do Norte do Adriático no Mediterrâneo lidera o ranking das localidades com maior taxa de pesca acidental com redes, enquanto o Uruguai possui as maiores taxas de pesca acidental por redes de arrasto. Entretanto, quando as taxas de pesca acidental e a quantidade de atividade de pesca relatadas para todos os três tipos de equipamentos de pesca são combinadas e comparadas, quatro regiões surgem como as prioridades mais urgentes de preservação: o Mediterrâneo, o Leste do Pacífico, o Sudoeste do Atlântico e Noroeste do Atlântico.

No mar Mediterrâneo, onde mais de 20 países pescam espécies como atum azul e peixe-espada, na mesma bacia oceânica, a falta de um controle integrado gerou uma das maiores concentrações de pesca com espinhel e redes de arrasto do mundo e, consequentemente, algumas das mais altas taxas de pesca acidental de tartarugas. Da mesma forma, no Leste do Pacífico – que vai da Baja Califórnia até a Patagônia chilena e abriga áreas críticas de desova e procriação das tartarugas de couro e oliváceas – as populações de tartarugas de couro e tartarugas de pente quase entraram em colapso devido, em parte, à captura acidental em áreas de pesca que com uso intensivo de espinhéis, redes e redes de arrasto tanto em alto mar quando próximo da costa.

Outras regiões destacadas como prioridades urgentes de preservação no relatório incluem o Sudoeste do Atlântico e o Noroeste dos Estados Unidos, onde é encontrada uma das maiores populações de tartarugas de couro do mundo, mas onde a alta incidência de pesca com espinhel e redes de arrasto também contribui para a alta incidência de pesca acidental.

“Nós estamos apenas começando a descobrir a realidade da pesca acidental de tartarugas marinhas”, afirma Dr. Wallace. “Nossa análise revelou importantes lacunas de dados em regiões onde existem áreas de pesca de pequena escala, especialmente na África, leste do Oceano Índico e sudeste da Ásia. Essas regiões e áreas de pesca são prioridades urgentes para um maior monitoramento e esforço quanto à maior divulgação de informações para que possamos preencher algumas lacunas sobre a pesca acidental de tartarugas”.

Para diminuir as taxas de pesca acidental de tartarugas marinhas e melhorar a saúde geral dos oceanos, o programa Marinho da Conservação Internacional recomendou algumas estratégias importantes no combate à captura acidental dos animais marinhos:

*Governança regional: estabelecer áreas de proteção marinha similares aos exemplos de sucesso demonstrados pela CI no Leste do Pacífico Tropical (Eastern Tropical Pacific Seascape - ETPS), Bird's Head na Indonésia, Sulu Sulawesi nas Filipinas e Indonésia e na Região dos Abrolhos, no Brasil.

*Reforma sustentável de áreas de pesca: incluindo fechamentos sazonais para controlar atividades de pesca nas áreas de migração das tartarugas bem como cotas de captura, que definam limites para as pescarias e reduzam a disputa por peixes.

*Modificação seletiva de equipamentos: o uso contínuo de anzóis circulares juntamente com a implementação de Dispositivos de exclusão de tartarugas (TEDs), que funcionam como escotilhas de escape para tartarugas marinhas capturadas em redes de arrasto.

*Consumo responsável de frutos do mar: conscientização dos consumidores e utilização de guias e recursos informativos, como Fishphone, sobre as opções de frutos do mar não prejudiciais à sobrevivência das tartarugas marinhas.

A implementação coordenada dessas estratégias terá um efeito drástico na viabilidade e na subsistência de nossos oceanos e tartarugas marinhas, pois elas, como outros animais marinhos grandes e extremamente migratórios, são líderes na saúde do oceano.

“As tartarugas marinhas são espécies sentinelas do modo como os oceanos estão se comportando. O impacto que as atividades humanas têm sobre elas nos dão uma idéia de como essas mesmas atividades afetam os oceanos dos quais bilhões de pessoas em todo o mundo dependem para seu bem-estar” continua Dr. Wallace. “Nossa esperança é que esse estudo dê aos governos e áreas de pesca o ímpeto para apoiar os esforços contínuos de redução da pesca acidental de tartarugas marinhas e para apoiar práticas mais sustentáveis de pesca o mais rápido possível”, finaliza.

Conservação Internacional (CI): Tendo como base os alicerces sólidos da ciência, as parcerias e as demonstrações em campo, a Conservação Internacional possibilita que as sociedades cuidem da natureza, de forma responsável e sustentável, para o bem-estar da humanidade. Com sede em Washington, DC, a CI atua em mais de 40 países em quatro continentes. Para obter mais informações acesse www.conservation.org

Centro para Preservação Marinha da Duke University: um consórcio interdisciplinar da Nicholas School of the Environment de Duke que se concentra em pesquisa, educação e difusão da preservação marinha. O Projeto GloBAL (Global By-catch Assessment of Long-lived Species - Avaliação da pesca acidental global em espécies longevas) é uma iniciativa da Duke e do Instituto Blue Ocean que visa o estudo da pesca acidental de mamíferos marinhos, aves e tartarugas marinhas. Para obter mais informações, acesse marineconservation.duke.edu

Guias e Fishphone do Instituto Blue Ocean: O FishPhone é um serviço de mensagens de texto sobre frutos do mar sustentáveis do Blue Ocean que fornece informações sobre frutos do mar sustentáveis instantaneamente. Para obter mais informações sobre sua opção de frutos do mar, envie uma mensagem de texto com a palavra FISH e o nome do peixe desejado para 30644. O Guia de frutos do mar não prejudiciais aos oceanos do Instituto Blue Ocean também está disponível para usuários de telefones celulares e dispositivos móveis em fishphone.org


 

Fonte: Conservação Internacional Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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