02/04/2010
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O mercado de certificação
ambiental vem crescendo no Brasil, tanto nas unidades
agrícolas e florestais produtoras de matérias-primas
quanto no de produtos acabados que chegam ao consumidor
final.
A informação é
do secretário-executivo da organização
não governamental Instituto de Manejo e Certificação
Florestal e Agrícola (Imaflora), Luis Fernando
Guedes Pinto. Fundada em 1995, a entidade se dedica
a promover a conservação e o uso sustentável
dos recursos naturais e gerar benefícios
sociais nos setores agrícola e florestal.
“O que a gente vê no Brasil,
tanto no setor florestal como agrícola, é
que a certificação cresce a taxas
muito altas desde a década de 90”, disse
Guedes Pinto à Agência Brasil.
Boa parte, porém, da produção
certificada ainda é exportada e não
chega a todos os brasileiros. Segundo Guedes Pinto,
na agricultura a certificação é
cada vez mais importante, principalmente para quem
quer acessar mercados especiais.
“E o mercado internacional de exportação
é principal para isso”.
No setor de florestas naturais
de madeira tropical, a certificação
não tem crescido muito porque existem ainda
entraves a serem resolvidos no que se refere ao
crescimento legal e certificável das madeireiras
no Brasil. O processo, contudo, já começou.
“Seja para atingir novos mercados, seja por uma
questão de gerenciar risco ambiental, seja
para melhorar a imagem e reputação
da empresa”.
Guedes Pinto afirmou que o consumidor
brasileiro ainda não tem consciência
das normas de proteção socioambiental
envolvidas no processo de certificação.
“Ele ainda não entende o que são esses
selos que estão nos produtos, mas cada vez
encontra uma oferta maior de produtos certificados,
coisa que na Europa, no Japão e em algumas
áreas dos Estados Unidos, o consumidor já
tem contato há muito mais tempo”.
Ele afirmou, entretanto, que a
tendência do mercado de certificação
no Brasil é irreversível, no sentido
de tornar-se um instrumento cada vez mais importante
para diferenciar os produtores e seus produtos.
“Para apresentar garantias de
origem, seja para o consumidor final, para investidores,
acionistas, e até para acessar mercados mais
exigentes, como é o caso dos biocombustíveis,
do etanol, do açúcar, que querem ter
certeza de que esses produtos vêm de uma origem
responsável, que respeita o meio ambiente
e os trabalhadores”.
+ Mais
Feira exibe em São Paulo
produtos ambientalmente corretos
02/04/2010
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Na próxima semana os consumidores
poderão conhecer produtores e produtos certificados
como ambientalmente corretos e socialmente justos
durante a 4ª Brasil Certificado, feira que
o Instituto de Manejo e Certificação
Florestal e Agrícola (Imaflora) promove,
nos dias 7 a 9, em São Paulo, em parceria
com várias entidades ambientais.
A novidade este ano é que
estarão expostos produtos variados como móveis,
pisos, papel, chocolate, informou à Agência
Brasil o secretário executivo do Imaflora,
Luis Fernando Guedes Pinto. “A grande novidade é
o varejo”.
Para o consumidor que pretende
redecorar sua casa com produtos fabricados de forma
sustentável, a 4ª Brasil Certificado
é uma grande oportunidade de conhecer os
produtos ambientalmente corretos.
Um exemplo é a Tora Brasil,
empresa que trabalha com peças artesanais
exclusivas, feitas em madeira proveniente de áreas
de manejo florestal, como pau santo, ipê,
pequiá e muiracatiara. O processo de produção
mostra preocupação com a emissão
mínima de carbono e redução
do gasto de energia elétrica.
O presidente da Tora, agrônomo
Cristiano Ribeiro do Valle, disse à Agência
Brasil que esse conjunto de fatores faz parte da
preocupação com a necessidade de o
mundo ser mais harmônico e gostoso de se viver.
Valle explicou que a preocupação
com a conscientização ambiental dos
proprietários da empresa começou há
sete anos, “para conseguir colocar a cabeça
no travesseiro e dormir tranquilo”. Ele lamentou
apenas que o consumidor brasileiro ainda prefira
comprar produtos mais baratos, ainda que sem o selo
de certificação de origem ambientalmente
correta e socialmente justa. Na Europa, por exemplo,
os consumidores são mais exigentes. Ele destacou,
porém, que o quadro já começa
a mudar no Brasil, tendo nas crianças o elemento
propulsor.
Participam desta edição
da feira 35 empresas. Está prevista a realização
de fóruns de discussão sobre o mercado
da certificação no Brasil e no mundo.
A ideia é mostrar como é possível
transformar matéria-prima oriunda de florestas
certificadas em produtos de consumo consciente.
Duas entidades internacionais
independentes respondem pela concessão de
selos sócioambientais no Brasil. Na área
florestal, a certificação é
dada pelo Forest Stewardship Council (FSC), ou Conselho
de Manejo Florestal. Na área agrícola,
o selo está ligado ao sistema da Rede de
Agricultura Sustentável (RAS). As duas organizações
elaboram as normas de certificação
e são responsáveis também pela
sua aplicação, de modo a dar credibilidade
ao sistema.