08 Abril 2010 - O aquecimento
global é uma crise real e sem precedentes.
Naturalmente, os gases que, acumulados, geram o
efeito estufa, garantem a vida na Terra tal e qual
a conhecemos. Em teoria, a energia solar deveria
entrar na atmosfera e sair logo em seguida
- fenômeno semelhante ao de um espelho. Graças
ao carbono e seus pares, porém, uma alta
porcentagem de calor é mantida, e não
dissipada. Tal fato permite que a temperatura média
do planeta atinja os 15ºC; se não fosse
assim, ela circularia em torno dos -18ºC.
O grande problema é quando
o balanço destes gases é modificado
a partir de atitudes antrópicas. Perde-se
o equilíbrio, acumula-se maior quantidade
de calor. O último relatório do Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(IPCC, na sigla em inglês) das Nações
Unidas afirma, com 90% de certeza, que o homem é
o culpado pelo excesso de concentração
de carbono na atmosfera. Basicamente, os problemas
começaram com a Revolução Industrial
e se distribuíram, ao longo dos anos, pelos
diversos setores da sociedade.
O único acordo legalmente
vinculante de redução das emissões
de gases estufa entre os países é
o Protocolo de Quioto, assinado em 1997 e ratificado
em 2005, com o ‘sim’ da Rússia. Em resumo,
até 2012, as nações do Anexo
I (países desenvolvidos, portanto, historicamente
responsáveis pelas alterações
no clima) precisam cortar, em média, 5,2%
do lançamento de gases estufa realizados
em âmbito doméstico durante 11000,
ano-base do Tratado.
Na última COP-15, realizada
em dezembro, na Dinamarca, embora avanços
fossem feitos em alguns assuntos, como o financiamento
para adaptação aos efeitos das mudanças
climáticas, os negociadores não chegaram
a um consenso sobre vários temas chaves como
novas metas de redução de emissões,
prazos e regras das transferências de tecnologia
e capital para países em desenvolvimento.
A Natura, durante a mesma conferência
em Copenhague, mostrou que pensa diferente quando
o assunto são as ações em favor
da natureza. Ela pegou a caneta e assinou uma parceria
de médio prazo com o WWF-Brasil. Embora os
termos sejam simples, os resultados tendem a contribuir
muito para uma economia de baixo carbono: redução,
até 2012, de 10% no lançamento de
gases causadores de efeito estufa em seu processo
produtivo, com base em 2008. Em outras palavras,
ela vai substituir o combustível fóssil
em seus fornos e frotas de veículos por etanol
e biomassa, energias renováveis.
A adesão do mundo corporativo
às técnicas de combate às mudanças
climáticas é de extrema relevância,
uma vez que o consumismo sem restrições
é um dos maiores vilões do esgotamento
dos recursos naturais e, também, do acúmulo
de carbono na atmosfera. Em seu livro “Eco-economia”,
o cientista norte-americano e fundador do World
Watch Institute, Lester Brown, pede por uma sociedade
baseada em energias alternativas, e não em
petróleo e derivados.
O Programa Defensores do Clima,
da Rede WWF, oferece esta oportunidade ao setor
privado. Através do engajamento direto nas
soluções, a empresa pode ser líder
em seu segmento e auxiliar nas políticas
climáticas. Mas, ao mesmo tempo, o ingresso
no compromisso significa, também, um auxílio
essencial aos negócios em busca de uma economia
de baixo carbono.
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Certificação cresce
no mundo e já é diferencial competitivo
08 Abril 2010 - WWF-Brasil participa
da Feira Brasil Certificado, entre 7 e 9 de abril,
em São Paulo. Evento reúne empresas,
ONGs e governos envolvidos com a temática
do desenvolvimento sustentável
Bruno Taitson, de São Paulo
- A quantidade de florestas e empresas certificadas
pelo Conselho de Manejo Florestal (FSC) tem aumentado
significativamente nos últimos anos. O número
de organizações que obtiveram a certificação
de cadeia de custódia – que assegura que
todo o processo produtivo acontece em conformidade
com padrões de sustentabilidade ambiental
e social – tem crescido, em média, 40% ao
ano desde 2006. O total já chega a 17 mil
instituições no mundo.
Em termos de extensão,
a certificação FSC também vem
crescendo de maneira expressiva. As áreas
florestais referendadas pelo Conselho de Manejo
Florestal aumentaram 16% nos últimos três
anos. Atualmente são mais de 130 milhões
de hectares certificados em todo o planeta. Deste
total, 5 milhões estão em território
brasileiro.
De acordo com o diretor do FSC
Internacional, André de Freitas, a certificação
tem se mostrado eficaz não apenas em termos
de conservação, mas também
como um diferencial competitivo de negócios.
“Os produtos certificados têm mais acesso
a diferentes mercados no Brasil e no mundo e já
existem muitos casos em que os compradores remuneram
melhor os produtos que têm o selo FSC”, observa
o diretor.
André de Freitas acrescenta
que o principal segmento que tem aderido à
certificação é a indústria
do papel, na fabricação de folhas
para impressão, lenços, guardanapos
e embalagens. “A demanda tem sido puxada, principalmente,
por empresas, mas o consumidor final vem assumindo
um papel cada vez mais importante no sentido de
exigir produtos de origem sustentável, como
aqueles com a certificação FSC”, avalia.
O WWF-Brasil participa da IV Feira
Brasil Certificado, em um estande organizado pelo
Governo do Estado do Acre, parceiro da ONG ambientalista
em diversos projetos. Para Mauro Armelin, coordenador
do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável
do WWF-Brasil, o crescimento da certificação
em todo o mundo é irreversível.
“As áreas certificadas
só não crescem mais no Brasil devido
aos problemas fundiários na Amazônia
e à confusão nos processos de licenciamento
ambiental. Ainda é muito difícil licenciar
um plano de manejo, o processo é oneroso
e lento, durando em média seis meses e às
vezes ultrapassando um ano”, critica Mauro Armelin.
Certifcação no Acre
De acordo com Carlos Ovídio
(Resende), secretário estadual de Florestas
do Acre, o setor florestal do estado atingiu um
estágio de maturidade no que se refere à
certificação. “No passado, a certificação
era vista apenas do ponto de vista ambiental e social.
Hoje, no Acre, há empresas que sobrevivem
graças ao fato de terem a certificação,
pois podem vender seus produtos em diversos mercados,
obtendo boa remuneração”, relata Resende.
A certificação FSC
assegura que uma área florestal opera de
forma sustentável, em obediência a
rigorosos padrões ambientais e sociais. O
selo também garante, na modalidade cadeia
de custódia, que todos os passos do processo
produtivo – desde a obtenção da matéria-prima
até o ponto de venda – acontecem de acordo
com critérios socioambientais e respeito
às legislações fiscal e trabalhista.
A Feira Brasil Certificado foi
criada há cinco anos para promover o setor
florestal brasileiro comprometido com a sustentabilidade,
fomentando negócios entre os produtores e
compradores de produtos certificados. Na edição
de 2009, passaram pelo evento cerca de 3 mil pessoas.