Notícia - 15
abr 2010 - Ativistas lembram em protesto aos líderes
de Brasil, Rússia, Índia e China e
ao presidente da África do Sul, que sem energia
limpa e florestas não haverá futuro.
Brasília (DF) - Os policiais
que guardavam a entrada do prédio do Itamaraty
em Brasília onde ocorria uma reunião
entre Índia, Brasil e África do Sul
antes da cúpula dos Brics, da qual participariam,
além dos dois primeiros países, a
China e a Rússia, tomaram um susto quando
abriram-se as portas de dois veículos semelhantes
aos carros oficiais. Ao invés de autoridades,
dele saltaram quatro ativistas do Greenpeace, dois
fantasiados como árvores e os outros vestidos
como barril de petróleo e painel solar, para
protestar contra a falta de um comprometimento claro
desses governos com um plano de desenvolvimento
limpo – fundamental para reverter, ou ao menos mitigar,
os impactos do desmatamento e das energias fósseis
no clima do planeta.
A segurança agiu rápido
contra os ativistas. Alguns foram jogados no chão
e tiveram suas fantasias rasgadas pelos policiais.
Quatro foram presos, mas liberados cerca de uma
hora depois de levados para a 1ª Delegacia
da Asa Sul. Ao todo, oito ativistas participaram
da ação, que apesar de ter durado
pouco tempo, serviu para lembrar que o encontro
dos Brics em Brasília, focado em questões
econômicas e financeiras, deixou de fora da
discussão a crise do clima. Se ela não
for encarada, o mundo corre o risco de, no futuro,
nem ter uma economia para ser tema de uma discussão.
“Esse encontro poderia ser uma
oportunidade para que os governantes, líderes
de países que, de acordo com o FMI, foram
responsáveis por 46, 3% do crescimento mundial
nos dois últimos anos, discutirem maneiras
de gerar desenvolvimento e, ao mesmo tempo, evitar
a catástrofe climática”, disse João
Talocchi, coordenador da campanha de Clima do Greenpeace.
“O comprometimento desses países, novos motores
da economia global, com uma economia verde, que
inclua a proteção de florestas e a
implementação de uma matriz limpa
de geração de energia, é crucial
para manter o aumento médio da temperatura
do planeta abaixo dos 2 graus nas próximas
décadas”.
Infelizmente, o comportamento
nessa área dos países que formam os
Brics, e mais a África do Sul, tem sido no
mínimo errático nesse aspecto. O caso
brasileiro é um bom exemplo. A destruição
de florestas, sobretudo na Amazônia, é
a principal fonte de emissões brasileiras
de CO2, um dos gases do efeito-estufa. Lula diz
que quer reduzir sensivelmente o desmatamento. Seu
governo, no entanto, não age de forma definitiva
para barrar, no Congresso Nacional, a ofensiva ruralista
contra nossas leis de proteção ambiental.
E diz que fará Belo Monte na marra, uma hidrelétrica
que provocará um dos maiores desmatamentos
deste ano – 50 mil hectares – no Norte do país.
“A proteção de florestas
é vital para a biodiversidade e a criação
de um modelo de desenvolvimento sustentável”,
afirma Rafael Cruz, da campanha Amazônia do
Greenpeace. O governo brasileiro também parece
agir de forma contraditória na área
de geração de energia. Apóia
a nova Lei de Renováveis que tramita na Câmara,
mas investe em geração de energia
suja e propagandeia que no petróleo do pré-sal
está o futuro do Brasil. A crescente dependência
das economias emergentes em petróleo e carvão
para a geração de energia vai significar
um desenvolvimento efêmero porque elas não
são fontes sustentáveis.
“Dado o peso global de suas economias
atualmente, que lhes dá uma capacidade de
influência e liderança imensa no mundo,
o engajamento desses governos com energias renováveis
como solar e eólica podem provocar uma revolução
virtuosa”, diz Talocchi. “Mais do que reduzir emissões,
essas tecnologias estimularão a criação
de empregos e a distribuição de energia,
contribuindo para melhorar a qualidade de vida nesses
países e no planeta”.
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O atracadouro da devastação
Notícia - 16 abr 2010
Em audiência que debateu os impactos de um
novo porto em Ilhéus, Greenpeace aponta para
os danos à biodiversidade local. O porto
pode muito bem ser feito em outra região.
Procurador do Ministério Público Federal,
Eduardo El-hage, entrega ao Ibama recomendação
contrária à construção
do Terminal de Uso Privativo da empresa Bahia Mineração
Ltda, parte integrante do Complexo Intermodal Porto
Sul, devido aos grandes impactos ambientais do projeto,
durante a audiência pública realizada
em Ilhéus Bahia.
Ilhéus (BA) – A audiência
pública sobre o licenciamento do Terminal
da Bahia Mineração (Bamin), parte
de um complexo de transporte que envolve ferrovia
e atracadouros conhecido como Porto Sul, começou
atrasada por causa das fortes chuvas que caíam
sobre Sul da Bahia. O aguaceiro, no entanto, não
afastou a audiência. Quando os trabalhos foram
abertos, o auditório estava lotado. O encontro
durou quase 12 horas e nele houve de tudo. Claque
da empresa formada por gente que nem sabia porque
estava lá, depoimentos emocionados de pescadores
que serão afetados pelo projeto e discursos
inflamados.
Ao fim da reunião, marcada
por várias manifestações do
Greenpeace contra a instalação do
Porto Sul numa região que o Ministério
do Meio Ambiente define como prioritária
para a conservação da biodiversidade,
ficou clara a oposição local à
obra. Estiveram presentes representantes da Bamin,
IBAMA, governo da Bahia, cidade de Ilhéus,
Ministério Público Federal, organizações
não-governamentais e a população
local. O objetivo da audiência foi debater
os impactos sócio-ambientais do Porto Sul.
Atualmente, comunidades da região vem sendo
bombardeadas por propagandas da Bamin.
O Greenpeace, aliado à
organizações da região, questionou
os efeitos do projeto na biodiversidade e na vida
de quem depende dela para seu sustento. Essas são,
aliás, questões que a Bamin não
consegue responder. É evidente que a devastação
que obrigatoriamente terá que acontecer na
região para prepará-la para abrigar
o complexo do porto tem tudo para afetar o turismo,
a pesca e as matas que crescem na earea de implantaçnao
do projeto. No primeiro caso, a Bamin não
explica como um porto continuará atraindo
turistas que acorrem ao local em busca de praias
e natureza. Nos outros dois, ela mantém,
igualmente, a boca fechada.
Eduardo Elhage, procurador federal,
arrancou aplausos da platéia quando disse
que fará todo o possível para impedir
que o Porto Sul saia do papel. Ele já deu
parecer contrário à construção.
Depois dos discursos iniciais, o plenário
foi aberto para perguntas. Foi nesse que o Greeneace
deu início aos seus protestos, abrindo uma
faixa qe dizia “Porto Sul, muito mais destruição”,
numa clara referência que o Porto Sul crioiu
para se vender à população
local, “Porto Sul, muito mais que um porto”.
Ao longo dos blocos de perguntas,
ativistas do Greenpeace, vestidos como as populações
que sofrer os impactos do projeto, abriram outras
faixas detalhando a devastação que
a obra vai trazer para a região. ‘Pescadores’
seguraram a faixa que dizia “Porto Sul, muito menos
peixe”. A carregada por ‘Turistas’ ecoava: “Porto
Sul, muito menos praia”. As duas últimas
apontavam que a obra traria impactos para a saúde
e a segurança. O Greenpeace é contrário
a construção do complexo sobretudo
por conta de seu impacto sobre a vida marinha, já
tão ameaçada pelo aquecimento global,
a pesca ilegal e a falta de fiscalização.
Além disso, existem alternativas
claras ao projeto, que poderia muito bem ser deslocado
para áreas já degradadas na Bahia,
como o Porto de Aratu.
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‘Mico’ na reunião da Nestlé
Notícia - 16 abr 2010
Trinta ativistas saudaram os acionistas na chegada
à Reunião Geral Anual da Nestlé
hoje com um recado: “Dá um tempo: ninguém
ganha com a destruição das florestas”
Lausanne, Suiça - Trinta
ativistas do Greenpeace fantasiados de orangotangos
pediram hoje aos acionistas da Nestlé para
‘darem um tempo’ – uma referência ao slogan
do Kit Kat, uma das marcas de chocolate da Nestlé
mais vendidas no mundo – e pararem de investir em
atividades ligadas à destruição
das florestas da Indonésia. Além de
acelerar a perda de biodiversidade, o desmatamento
agrava os efeitos do aquecimento global. O recado
foi dado na chegada dos acionistas à Reunião
Geral Anual da Nestlé, em Lausanne, na Suíça.
Dentro da reunião, os ativistas do Greenpeace
abriram uma faixa pedindo que a Nestlé pare
de usar óleo de dendê proveniente de
desmatamento em seus produtos. O coordenador internacional
da campanha de Florestas do Greenpeace, Pat Venditti,
discursou durante o evento, reforçando nossa
demanda para que a multinacional suíça
de alimentos mude sua política de compras,
retirando o desmatamento da sua cadeia produtiva:
“Estamos aqui hoje para pedir
à Nestlé que mude sua política
‘KitKatastrófica’. Ao comprar produtos provenientes
de desmatamento, a empresa não está
apenas agravando a crise climática e a perda
de biodiversidade, mas também prejudicando
sua reputação corporativa. Pedimos
então que os acionistas usem sua influência
para garantir que os produtos Nestlé não
tenham qualquer relação com o óleo
de dendê ou outros produtos (como papel) fornecidos
– direta ou indiretamente – pela Sinar Mas”, disse
Venditti.
A manhã também foi
movimentada na Alemanha. Ativistas escalaram o prédio
da Nestlé e abriram uma gigantesca faixa
mostrando como os orangotangos estão sendo
ameaçados.
Desde o lançamento da nossa
campanha KitKat, 200 mil pessoas em todo o mundo
enviaram emails e centenas ligaram pedindo que a
Nestlé mude sua política de compras.
E, hoje, outras centenas de pessoas se juntaram
ao coro - em vários países, o Greenpeace
encorajou o público a enviar mensagens à
Nestlé e seus acionistas. Durante o evento,
eles foram convidados a lerem o conteúdo
em nossa página na internet.
Como resposta à nossa campanha,
a Nestlé cancelou todos os seus contratos
diretos com a Sinar Mas, a maior produtora de óleo
de dendê da Indonésia, por causa do
seu vasto histórico de abuso ambiental. No
entanto, essa decisão não significou
‘um tempo’ para as florestas da Indonésia,
pois a Nestlé continua comprando óleo
de dendê indiretamente da Sinar Mas através
de fornecedores como a Cargill. Além disso,
a multinacional suíça de alimentos
também usa, em algumas embalagens de produtos
Nestlé, papel fornecido pela Asia Pulp &
Paper – o braço da Sinar Mas no setor de
papel e celulose.
O pior é que a Sinar Mas
continua destruindo as florestas de turfa da Indonésia
e áreas de Alto Valor para a Conservação
(HCV, na sigla em inglês), apesar de ter assumido
um compromisso de parar o desmatamento, em fevereiro.
“A cada dia que a Nestlé
deixa de tomar atitudes concretas para tirar o desmatamento
– e a Sinar Mas – da sua cadeia produtiva, mais
ela empurra os orangotangos para a beira da extinção”,
disse Venditti.
A Indonésia apresenta uma
das taxas de desmatamento que cresce com maior velocidade
no mundo. O óleo de palma e a produção
de papel e celulose são os maiores vetores
de destruição florestal na região,
colocando o país na posição
de terceiro maior emissor de gases do efeito estufa,
atrás apenas de China e Estados Unidos.