Estudo
mostra que mais de uma entre seis espécies
de manguezais no mundo estão ameaçadas
de extinção.
Washington, USA, 14 de abril de
2010 — De acordo com a primeira avaliação
global sobre o estado de conservação
dos manguezais realizado pelas organizações
não-governamentais IUCN e Conservação
Internacional (CI), mais de uma em cada seis espécies
de manguezais existentes no planeta correm perigo
de extinção devido, em parte, ao desenfreado
desenvolvimento urbano em regiões litorâneas
e costeiras, e à diversos outros fatores,
incluindo as mudanças climáticas,
o desmatamento e a agricultura.
Os estudos foram conduzidos pela
Unidade de Avaliação Global de Espécies
Marinhas (Global Marine Species Assessment Unit
– GMSA), segmento que faz parte da Unidade de Avaliação
da Biodiversidade, uma iniciativa conjunta da IUCN
e CI, juntamente com os maiores especialistas em
manguezais do mundo. Publicado na última
semana no jornal científico PLoS ONE, a pesquisa
mostra que 11 das 70 espécies de manguezais
(16%) analisadas entraram na Lista Vermelha de Espécies
Ameaçdas da IUCN. Os resultados da pesquisa
mostram que as costas Atlântica e Pacífica
da América Central se configuram como as
regiões mais afetadas mundialmente, onde
mais de 40% das espécies são consideradas
ameaçadas de extinção.
“A perda potencial dessas espécies
é um sintoma da destruição
e exploração generalizada das florestas
de mangue,” afirma Beth Polidoro, pesquisadora associada
ao GMSA na Old Dominion University e principal autora
do estudo. “Os maguezais formam um dos mais importantes
habitats tropicais que mantem diversas espécies
de vida, e sua perda pode afetar a biodiversidade
marinha e terrestre muito mais amplamente”, continua.
Berçários da vida
marinha em perigo – Os manguezais nascem do encontro
entre a água salgada e a costa em regiões
tropicais e subtropicais, servindo como uma interface
entre ecossistemas terrestres, marinhos e de água
doce. Estima-se que as florestas de mangues sejam
responsáveis por prover até 1.6 bilhões
de dólares por ano em serviços dos
ecossistemas.
Além de sua importância
natural para a manutenção da vida
nos oceanos, os manguezais também desempenham
um importante papel no cotidiano de comunidades
costeiras, protegendo estas localidades dos danos
causados por tsunamis, erosões e tempestades,
e servindo como berçário para peixes
e outras espécies que garantem a subsistência
costeira. Somado a isso, está a incrível
habilidade que os manguezais possuem de sequestrar
carbono da atmosfera, funcionando tanto como fonte
quanto como repositório de nutrientes e sedimentos
para outros habitats marinhos, como os leitos de
águas marinhas e recifes de corais.
Proteção urgente
é necessária principalmente para duas
espécies de manguezais que estão classificadas
como criticamente ameaçadas, ou seja, com
maior probabilidade de extinção segundo
a Lista Vermelha da IUCN. São elas: Sonneratia
griffithii e Bruguiera hainesii.
A Sonneratia griffithii é
encontrada na Índia e no sudeste da Ásia,
onde 80% dos manguezais foram perdidos nos últimos
60 anos. Já a Bruguiera hainesii é
uma espécie ainda mais rara, que cresce apenas
em uma pequena parte da Indonésia, Malásia,
Tailândia, Myanmar, Singapura e Papua Nova
Guinea. Estima-se que existam menos de 250 árvores
maduras restantes dessa espécie.
“A perda dos manguezais terá
consequências devastadoras para a economia
e o meio ambiente,” diz Greg Stone, vice presidente
do Programa Marinho da Conservação
Internacional. “Esses ecossistemas não são
apenas um componente vital nos esforços contra
as mudanças climáticas, mas também
protegem algumas das populações mais
vulneráveis do planeta de climas extremos,
funcionando como fontes de comida e renda”, finaliza.