(12/04/2010) Ações
do documento Um momento de reflexão foi proposto
na manhã de segunda-feira ( 12) , no auditório
da Embrapa Suínos e Aves (Concórdia/SC),
unidade descentralizada da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento.
O pesquisador Júlio Palhares
apresentou o seminário “Tendências
para o licenciamento ambiental na suinocultura brasileira”
e discutiu com o público presente as principais
projeções para a área nos próximos
dez anos. Os dois pontos mais destacados pelo pesquisador
foram educação e legislação.
“Acredito que é na educação
que acontece a evolução. Ela é
um processo mais lento, para futuro. Já a
legislação é algo imediato,
para hoje, uma vez que precisamos de leis para atuar
em alguns problemas”, comentou Júlio.
Antes da apresentação
da análise e da projeção ambiental
para a suinocultura, o pesquisador da Embrapa Suínos
e Aves desmistificou o licenciamento ambiental.
“Ele é apenas um pontinho numa discussão
mais ampla. É usado para conservar e preservar
o meio ambiente, mas não será o único
responsável pelo equilíbrio ambiental
da atividade.
O licenciamento possibilita o
desenvolvimento e não o limita, como muitos
dizem”, afirmou. Outra abordagem do licenciamento,
segundo Júlio, é que os custos não
são elevados como normalmente se divulga.
“Há estudos realizados em outros países
que mostram que ele representa entre 10 e 3% do
custo da produção. Então, é
tão oneroso assim?”, questiona. Ainda sobre
o licenciamento, Júlio diz não ser
favorável a que ele seja feito por região,
considerando a estrutura de nossas agências
ambientais e a disponibilidade de profissionais
que saibam manejar o ambiente.
A análise apresentada pelo
pesquisador Júlio Palhares é baseada
em observações, reflexões,
pesquisas e estudos, bem como na análise
da literatura mundial. Levou em consideração
também um horizonte apresentado pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
em dezembro de 2009. Júlio divide as tendências
em gerais, que ocorrerão ao longo do tempo
(incluindo curto, médio e longo prazo) e
para as leis de licenciamento ambiental da atividade.
As tendências
Nas tendências gerais o
pesquisador apontou algumas como: a elaboração
de novas leis relacionadas às produções
dependerão dos atores locais e regionais,
especialmente nas zonas de concentração;
continuarão a existir poucas leis ambientais
relacionadas diretamente à suinocultura,
mas cada vez mais a produção de suínos
será influenciada por leis ambientais gerais
e leis agrárias; leis de licenciamento mais
restritivas terão conseqüências
maiores para os pequenos produtores e produções
muito grandes; maior necessidade de informações,
de assistência e treinamentos para produtores
e técnicos relacionados ao manejo ambiental;
e maior interesse da sociedade pela qualidade do
alimento que ela consome, estando inserido nessa
qualidade a questão ambiental.
Nas tendências que ocorrerão
ao longo do tempo, o pesquisador dividiu em três
períodos. No curto prazo, que é de
um a cinco anos, estão projeções
como: Estados que já dispõem de legislações
de licenciamento específicos para a suinocultura
deverão aprimorá-las e estados que
ainda não dispõem de leis deverão
elaborá-las; aumento dos Termos de Ajustamento
de Condutas individuais e regionais; maior cobrança
pelos países desenvolvidos exportadores de
carne brasileira para que se demostre a condição
ambiental da produção nacional; as
agroindústrisa e as indústrias de
insumos terão corresponsabilidade na manutenção
do equilíbrio ambiental das produções;
e migração das produções
para áreas onde existe maior disponibilidade
de recursos naturais.
Para médio prazo, de cinco
a 10 anos, Júlio aponta como tendências
elaboração de legislações
ambientais mais restritivas por estados e municípios,
as quais influenciam a suinocultura; elaboração
de zoneamentos ecológicos/econômicos,
a fim de estabelecer as zonas propícias à
produção animal no País; as
cadeias produtivas constatarão que a solução
para o problema ambiental da suinocultura não
pode estar baseada em uma única tecnologia
e que também está solução
não é somente tecnológica;
mecanismos de mercado deverão ser utilizados
para auxiliar na absorção dos custos
ambientais das produções; e a exigência
do mercado em se ter profissionais especializados
no manejo ambiental da produções animais.
No longo prazo, de 10 anos em
diante, surgem tendências como o estabelecimento
de moratórias produtivas em zonas de extremo
conflito ambiental; disponibilidade de financiamentos
para tecnologias de tratamento de resíduos
que não apresentam viabilidade econômica;
e estabelecimento de cotas relacionadas ao total
de dejetos animais que poderão ser utilizados
por área e taxação para as
quantidades que excederem as cotas.
Nas tendências específicas
para as leis de licenciamento ambiental da atividade,
Júlio lembrou que algumas já são
realidade em alguns estados brasileiros. Além
disso, “todas as tendências estão baseadas
em exigências vigentes em países da
Comunidade Europeia, América do Norte e Leste
Asiático”, explicou. Uma das projeções
é a de exigência da documentação
de todo o manejo ambiental da granja; que seja adotado
o Plano de Manejo de Nutrientes para as propriedades,
elaborado anualmente; maior controle sobre as propriedades
que são utilizadas como receptoras do excesso
de resíduo; e possuir um Plano de Emergência
a fim de evitar desastres ambientais.
Encerrando sua apresentação,
o pesquisador da Embrapa deixou uma reflexão
no ar. “Estamos numa encruzilhada, com dois caminhos
para seguir: sermos os grandes produtores de suínos
do Brasil e conservando nossos recursos naturais,
e com isso arcar com desafios que envolvem uma série
de atores, ou apenas seremos produtores de suínos.
O que vamos fazer hoje? A decisão deve ser
agora!”, enfatizou Júlio.
Monalisa Leal Pereira
+ Mais
Briquetes ao vivo no TecnoShow
Comigo 2010
(09/04/2010) De 13 a 17 de abril,
a partir da palha de arroz, os visitantes do TecnoShow
Comigo 2010 poderão ver ao vivo a produção
de briquetes pela Embrapa Agroenergia, uma das 45
unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento.
Os briquetes são produzidos
a partir de qualquer biomassa vegetal, matéria-prima
que deve ser processada por uma briquetadeira, máquina
com capacidade para processar entre 50 e 1000 kg/h
de resíduos, diz o pesquisador da Embrapa
Agroenergia, José Dilcio Rocha, que estará
apresentando a tecnologia.
A briquetadeira, produzida pela
empresa Bioware, de Campinhas (SP), funciona de
forma simples. Os resíduos são colocados
no compartimento chamado silo de armazenagem. Em
seguida, o material é conduzido para a caixa
extrusora, que retira a umidade, e depois para a
matriz aquecida. “A matriz que dá a forma
e o tamanho do briquete que será usado como
lenha”, explica Dilcio. Esses materiais são
produzidos sem adição de produtos
químicos ou adesivos e podem ter comprimento
de 50 cm a 2 metros.
Todo esse processo poderá
ser visto na Casa da Embrapa na TecnoShow Comigo
- Feira de Tecnologia Rural do Centro-Oeste Brasileiro
acontece em Rio Verde/GO. Dilcio reforça
que a característica principal dos briquetes
é ter volume menor do que os resíduos
originais, com o mesmo poder calorífico,
o que favorece o manuseio e barateia o transporte.
“Os briquetes podem ser vendidos para a indústria
cerâmica, gesseira, laticínios, etc.,
todo tipo de indústria que usa caldeiras
e podem ser usados em pizzarias, padarias, lareiras”,
esclarece o pesquisador. Com relação
a briquetadeira, é um equipamento apropriado
para ser adquirido em cooperativa ou associação
de produtores e ser multiusuário.
Os briquetes são biocombustíveis
sólidos produzidos a partir de resíduos
ou sub-produtos agrícolas, florestais ou
industriais utilizados para queima em fornos, caldeiras
e outros equipamentos, em substituição
a lenha ou carvão vegetal ou mineral. O biocombustível
substitui a lenha na sua totalidade, sem a necessidade
de qualquer modificação nos equipamentos,
inclusive os novos fornos a lenha, trazendo assim
economia, comodidade, rentabilidade e a garantia
no fornecimento. “Esse aproveitamento ajuda na renda
do pequeno produtor, além de evitar que este
material seja queimado a céu aberto, causando
danos ao meio ambiente”, enfatiza.
Além da casca de arroz,
que será utilizada no Tecnoshow Comigo como
resíduo, para produção de briquetes
podem ser utilizados o bagaço e palha de
cana-de-açúcar, bagaço de laranja,
serragem e aparas de madeira obtidas em serrarias
ou em fazendas de exploração florestal,
cascas de coco, de babaçu, de macaúba,
de pinhão manso, folhagens, resíduos
orgânicos de filtração. Também
podem ser utilizados troncos finos que não
são aproveitáveis para a confecção
de móveis ou tábuas, mas que podem
ser adensados e utilizados como fonte de energia
térmica.
Espaço Casa da Embrapa
A Casa da Embrapa, espaço
permanente de transferência de tecnologia
da Empresa localizada na área da feira, vai
ser um ponto de atração de produtores,
técnicos e população em geral.
A área interna do espaço está
equipada com auditório de 50 lugares e duas
cozinhas com capacidade para 15 e 10 pessoas cada.
A área externa da Casa
será transformada em uma vitrine de tecnologias
composta de Jardim de Tecnologias onde os visitantes
poderão observar flores tropicais, cultivos
de hortaliças e maracujá ornamental
em vasos, além de ter contato com espécies
como amaranto quinoa, e kenaf. Sob a coordenação
da Embrapa Transferência de Tecnologia, 17
centros de pesquisa da Empresa estarão expondo
tecnologias na 9ª edição da TecnoShow
Comigo 2010.
Mais informações
sobre a produção de briquetes pode
ser obtida no site da Embrapa Agroenergia www.cnpae.embrapa.br,
twitter.com/cnpae ou pelo email sac.cnpae@embrapa.br
e sobre a programação da Embrapa na
9ª edição da Tecnoshow Comigo
acesse o site do evento: www.tecnoshowcomigo.com.br
http://www.tecnoshowcomigo.com.br.
Embrapa Agroenergia
Daniela Garcia Collares