Notícia - 27 abr 2010 -
Em comunicado, grandes empresas
internacionais de calçado reafirmam que só
continuam comprando do Brasil com a garantia de
que o produto não destruiu a floresta.
Adidas, Nike, Timberland e outras
grandes consumidoras de couro brasileiro estão
de olho nos novos passos dados pela cadeia produtora
de gado. Nesta terça-feira, o Leather Work
Group (LWG) – uma coalização formada
por empresas do setor de calçados – soltou
um comunicado reiterando o compromisso em não
comprar mais couro que venha de áreas desmatadas
na Amazônia.
A nota veio poucas semanas depois que os três
maiores frigoríficos do Brasil – JBS, Marfrig
e Minverva – pediram mais prazo para mapear seus
fornecedores e garantir que sua produção
não está envolvida com a destruição
da floresta.
O LWG ressalta a importância
de medidas governamentais para um monitoramento
eficaz na região. E reafirma que suas compras
serão canceladas caso as empresas processadoras
de couro não comprovem a origem do produto.
No dia 5 de julho, termina o novo prazo acordado
entre os frigoríficos para isso.
“As grandes empresas internacionais
de calçados não querem suas marcas
associadas ao desmatamento na Amazônia”, diz
Tatiana Carvalho, engenheira agrônoma da Campanha
Amazônia do Greenpeace Brasil. “Mas dependem
dos frigoríficos para poder assegurar isso”.
Em outubro de 2009, JBS, Marfrig e Minerva assinaram
compromisso público afirmando que, em seis
meses, teriam todas as fazendas de seus fornecedores
diretos da Amazônia cadastradas. Apesar de
terem avançado, os números foram aquém
do acordado. O registro das propriedades é
a única forma de mapear os produtores para
confirmar se o gado vem ou não de área
desmatada.
+ Mais
Sinar Mas pega pela boca
Notícia - 27 abr 2010 -
Maior fornecedora de óleo de dendê
da Indonésia vende mentiras a acionistas
e compradores ao garantir que parou com desmatamento.
Nós investigamos.
Enquanto hoje, 27 de abril, acionistas
do grupo Sinar Mas chegavam para sua reunião
anual em Jacarta, Singapura, para debater lucros
e dividendos, representantes do Greenpeace alardeavam
outro tipo de desempenho da empresa: o de, apesar
de garantir o contrário, continuar devastando
a floresta indonésia para plantação
de óleo de dendê.
Imagens e testemunhos colhidos
em uma investigação que levou nossos
ativistas às florestas devastadas em busca
de provas de que o desmatamento continua a todo
o vapor foram distribuídas à imprensa,
com o objetivo de desmascarar falsas promessas e
cobrar das empresas que compram da fornecedora,
que boicotem óleo de dendê fruto de
desmatamento da floresta e destruição
do habitat de orangotangos.
A investigação aconteceu
na região de Kalimantan, na Indonésia.
Por lá, florestas tropicais e de turfa, de
altíssimo valor para a conservação
de espécies, especialmente a do orangotango,
continuam vindo ao chão para dar lugar às
plantações de óleo de dendê,
usados em produtos de alimentação
e cosméticos. Isto, apesar da Sinar Mas insistir
em fazer bonito na frente de seus acionistas e compradores
com o falso comprometimento – emitido oficialmente
no começo de fevereiro, de produzir óleo
de dendê de forma sustentável e abandonar
a devastação.
Graças à vitoriosa
campanha do Greenpeace, a Nestlé na Indonésia
cortou contratos com a Sinar Mas e não usa
mais seu óleo de dendê nos chocolates
da marca. Outras fornecedoras internacionais da
empresa de alimentos, como a Cargill, no entanto,
mantém negociações com a fornecedora.
Segundo porta-vozes da Nestlé, haverá
pressão sobre a Cargill caso a mesma não
abandone a Sinar Mas até o fim de abril,
prazo dado para que provas do fim do crime ambiental
sejam enfim apresentadas.
“A Sinar Mas tem poucos dias agora
para limpar sua sujeira, ou corre o risco de perder
grandes contratos com a Cargill", comemora
Bustar Maitar, coordenador da campanha de florestas
no Sudeste da Ásia. E explica: “O Greenpeace
não é contra a plantação
de óleo de dendê, contanto que seja
de forma sustentável e não agrida
nossas florestas tropicais e de turfa, nem nenhum
orangotango”.
Este é o tipo de notícia que acionistas
de uma empresa detestam ler.
+ Mais
Elas têm tudo para fazer
mais
Notícia - 29 abr 2010 -
Terceira edição do Guia de TI Verde
lista empresas que rimam tecnologia com sustentabilidade.
Empresas do setor mostram suas propostas para reduzir
emissões
Grandes empresas de tecnologia da informação
como Google, IBM e Microsoft são hoje responsáveis
por 2% das emissões globais de gás
carbônico, com potencial de se tornarem ainda
mais vilãs. Agora, duas boas notícias:
Não só as mesmas empresas podem prover
soluções que mudam este cenário,
como estão, graças à nossa
pressão, dispostas a fazê-lo. É
o que comprova a terceira edição do
Relatório Cool IT – Guia de TI Verde.
Se aplicadas de forma inteligente,
novas tecnologias podem gerar cortes de até
15% de emissão de carbono em setores como
indústria, construção e transporte
até 2020. Sistemas de distribuição
e armazenamento de energia mais eficientes, casas
e prédios sustentáveis, softwares
inovadores de transmissão de dados e ferramentas
que poupem tempo e dinheiro, como vídeo-conferência
e plataformas de navegação em nuvem
são alguns dos exemplos de como TI, ou Tecnologia
da Informação, pode caminhar em favor
do meio ambiente.
Para que isso aconteça,
no entanto, é preciso pressionar os gigantes.
Na contramão deste imenso potencial, a pegada
de carbono das empresas de TI só faz crescer,
grande parte das oportunidades permanece inutilizada
e poucos são os estudos que mostram como
este cenário será modificado. De olho
no problema, o Greenpeace reúne pela terceira
vez as mais importantes e influentes empresas do
ramo – Cisco, Dell, Ericsson, Fujitsu, Google, HP,
IBM, Intel, Microsoft, Nokia, Panasonic, Sap, Sharp,
Sony e Toshiba – na terceira edição
do relatório Guia de TI Verde.
Entram em jogo três principais
critérios de avaliação: esforços
em desenvolver e oferecer soluções
tecnológicas que contribuam para a redução
de emissão no mundo, com objetivos mensuráveis
e ambiciosos, iniciativas internas de diminuir a
própria pegada de carbono e uso de renováveis
dentro de fora de casa e engajamento político
frente a outras marcas e ao círculo científico,
o popular lobby. Em cada critério, somam-se
pontos, em um total de 100. No quadro ao lado, confira
a nota alcançada por cada empresa em cada
um dos critérios.
Quem fez bonito, quem ficou atrás
A Cisco liderou o ranking, ficando
acima da média – 62 pontos, quase dez a mais
que o segundo lugar, a Ericsson. A empresa ofereceu
boa gama de soluções de redução
de energia em áreas como arquitetura e telecomunicação
e trouxe novidades no setor das chamadas Smart Grids
– redes inteligentes de distribuição
de energia. Já sua concorrente, a IBM, não
passou dos 42. Apesar de liderar reduções
de suas próprias emissões, a empresa
não esclarece como suas futuras ambições
em direção ao segmento de computação
nas nuvens poderá se harmonizar com menores
gastos energéticos.
A Ericsson fez bonito com um estudo
que mede o impacto de soluções energéticas
para o corte de emissões de carbono. O Google
foi a empresa que demonstrou maior potencial em
modificar posturas, liderando um movimento político
junto a outras marcas rumo a um futuro mais limpo.
A gigante do mercado, no entanto,
não apresentou metas de redução
de energia e peca por falta de transparência,
ao não revelar os seus percentuais de emissão.
A Microsoft, maior empresa de software do mundo,
decepcionou. Apenas recentemente começou
a demonstrar interesse em diminuir sua pegada de
carbono e, apesar de ser uma das empresas de mais
influência política no mundo, não
reserva espaço na agenda para falar de soluções
ambientais.