Divulgação/Embrapa
- Plantação de cana de açúcar
no interior pauilista. 27/04/2010 - Mais da metade
da safra 2009-2010 de cana-de-açúcar
no estado de São Paulo foi colhida sem a
prática da queima da palha. O projeto Canasat,
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT),
monitora por imagens de satélites o modo
de colheita e mostra que 55,7% da última
safra foi realizada sem a
queima. Desde o início deste monitoramento,
em 2006, foi a primeira vez que a colheita sem queima
superou a realizada com queima da palha.
As regiões administrativas
tradicionais no cultivo da cana-de-açúcar
que registraram as maiores porcentagens de colheita
sem queima foram Barretos (61,4%), Central (61,2%)
e Campinas (60,7%). Já as regiões
administrativas de Marília e Presidente Prudente
foram as únicas que tiveram maior porcentagem
de área colhida com queima, 56,3% e 50,8%,
respectivamente.
A colheita manual, precedida pela
queima da palha da, tem sido gradativamente substituída
pela mecanização desde a assinatura,
em 2007, do Protocolo Agroambiental entre a Secretaria
Estadual do Meio Ambiente, a União da Indústria
de Cana-de-açúcar do Estado de São
Paulo (Unica) e as associações de
fornecedores. Os dados do Canasat são usados
para avaliar o cumprimento da norma.
São Paulo é responsável
por cerca de 60% da produção de cana-de-açúcar
do País. Para a safra 2009-2010, a área
disponível para colheita chegou a quase 4,9
milhões de hectares. Uma área tão
grande e o longo período da colheita, que
se estende de abril a dezembro, inviabilizam uma
fiscalização feita só em campo.
As imagens de satélites,
por cobrir grandes extensões territoriais
e em períodos regulares de tempo, são
ferramentas eficazes para monitorar com segurança
as áreas cultivadas e apontar se a colheita
foi realizada com ou sem queima da palha. O relatório
completo sobre a safra paulista 2009-2010 está
disponível para download na página
http://www.inpe.br/noticias/arquivos/pdf/canasat2009.pdf
Canasat
Utilizando técnicas de sensoriamento remoto
e geoprocessamento, o Canasat começou em
2003 a mapear a área cultivada e fornecer
informações sobre a distribuição
espacial da cultura de cana-de-açúcar
em São Paulo. A partir de 2005, o mapeamento
passou a abranger também Paraná, Minas
Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul.
O monitoramento da colheita para
verificação se houve ou não
a queima da palha, realizado desde 2006, é
restrito ao estado de São Paulo, mas deve
ser expandido para os outros estados nos próximos
anos. Em 2009, este monitoramento passou a ser mensal
para avaliar a evolução da colheita
ao longo da safra e auxiliar na fiscalização
e no fornecimento de autorização de
queimadas da Secretaria de Meio Ambiente do Estado.
Os dados do projeto Canasat estão
disponíveis no site www.dsr.inpe.br/canasat
Artigo
Recentemente, o periódico internacional Remote
Sensing, edição especial Global Croplands,
publicou artigo de pesquisadores do Inpe sobre a
rápida expansão da cana-de-açúcar
no estado de São Paulo. O trabalho descreve
a metodologia utilizada para o mapeamento do cultivo
da cana e da área disponível para
a colheita e apresenta os períodos propícios
para aquisição de imagens de satélite.
Também são abordadas
questões relacionadas à colheita e
à mudança de uso do solo, identificando
o uso do solo anterior ao cultivo da cana. O artigo
está disponível em http://www.mdpi.com/2072-4292/2/4/1057/
+ Mais
Embrapa e universidades pesquisam
técnicas de produção do biocombustível
Divulgação/MCT -
Cabritos da raça motoxó. 28/04/2010
- A cada ano o Brasil se destaca na produção
do biocombustível. O governo Federal investe
cada vez mais nas pesquisas neste setor para estimular
e descobrir novas técnicas que podem alavancar
a produção do bioetanol. Uma dessas
descobertas apoiadas ganha destaque pela curiosidade.
Os caprinos – bodes e cabras – têm um grande
potencial para a indústria do combustível.
Os animais da raça moxotó,
espécie nativa brasileira, se alimentam da
vegetação da caatinga. Na primeira
parte do estômagos desses animais – conhecida
como rúmen – existem diversas bactérias
que ajudam na digestão do pasto. As enzimas
dessas bactérias é que são
o alvo dos pesquisadores da Embrapa Agroenergia,
da Embrapa Caprino e Ovinos, da Universidade de
Brasília (UnB) e da Universidade Católica
de Brasília (UCB).
Segundo a pesquisadora da Embrapa
Agroenergia Betânia Quirino, qualquer planta
possui polímeros de glicose que podem ser
fermentados para produzir o etanol. “Se encontrarmos
as enzimas para quebrar esse material podemos utilizar
o método tradicional de fermentação
usando a levedura. Sabemos que para sobreviver os
bodes e as cabras quebram a glicose para sobreviver”,
explica.
Há dois anos em andamento,
o projeto já identificou quatro enzimas responsáveis
pela quebra da glicose. Mas esse número deve
aumentar. “Conhecemos apenas 20% da diversidade
bacteriana presente no rúmen dos caprinos”,
diz a professora Cristine Barreto da UCB, instituição
onde as pesquisas são desenvolvidas.
Assim que a fase de identificar
as enzimas chegar ao fim começa a última
etapa da pesquisa. “É preciso saber qual
é o comportamento dessas enzimas para quais
delas se adéquam ao processo industrial da
fabricação do etanol”, explica Betânia.
A intenção do estudo
é produzir o bioetanol com os restos da produção
agrícola, como o bagaço de cana-de-açúcar
e outras plantas. Os estudos são financiados
pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq/MCT) e pela Fundação
de Apoio e Amparo à Pesquisa do Distrito
federal (FAP-DF).
Na safra 2008/2009, o Brasil produziu
24,3 bilhões de litros de bioetanol, sendo
83% destinado ao mercado interno. Com o fim da pesquisa,
a produção deve ter um aumento significativo.
Com isso, o preço do produto deve baixar.
Os avanços tecnológicos
gerados pelas pesquisas contribuirão para
que o Brasil mantenha a liderança na produção
do biocombustível. Hoje, o etanol é
produzido apenas pela fermentação
do caldo de cana-de-açúcar.