22 de abril de 2010
Fonte: Agência Museu Goeldi
A Exposição
“Kayapó, Mebêngôkre nhõ
pyka” abre as portas da aldeia ao povo não
indígena com o objetivo de promover a cultura
do povo Kayapó, conservar a biodiversidade
do mundo, por meio dos conhecimentos tradicionais
dos povos indígenas, e orientar a sociedade
a ter um outro olhar sobre essa manifestação
cultural.
A inauguração aconteceu
na última sexta-feira (16), por meio de uma
parceria científica entre o Instituto Francês
de Desenvolvimento para a Pesquisa (IRD) e o Museu
Goeldi, e contou a participação de
representantes das duas instituições,
do povo Kayapó e da Aliança Francesa
do Governo do Estado do Pará.
O início das atividades
de abertura da Exposição foi marcado
por danças e cantos, e menção
a história do povo indígena e a sua
importância social, identificando também
as semelhanças entre esse povo e os “não
indígenas.
Após o início das
atividades de abertura, o representante do povo
Kayapó, complementou o seu discurso, apresentado
ao público na língua indígena
e traduzido por outro indígena aos presentes,
dizendo, “hoje é dia de festa, aqui e na
Aldeia”. Foi esse sentimento que marcou a inauguração
da Exposição, o indígena complementou,
“celebrações como essas não
podem ser só no Dia do Índio, e sim
todos os dias”.
Ao passar pela exposição
o visitante é convidado a conhecer a cultura
Kayapó e visualizar os instrumentos de caça
e de pesca, os utensílios de beleza, tais
como cocares, braceletes e outros adornos, as pinturas,
as fotografias e os vídeos de rituais religiosos.
Quando tudo começou - A
idéia da exposição Kayapó,
Mebêngôkre nhõ pyka realizada
pelo Museu Goeldi em comemoração a
Semana dos Povos Indígenas 2010, nasceu há
sete anos, quando o cacique Kaikuare da aldeia de
Moikarakô contava sobre a sua preocupação
em mostrar à população que
muitas vezes o que sai nos jornais ou livros sobre
eles não têm ligação
com a realidade da aldeia, notou-se que era hora
de levar ao conhecimento de todos um relato contado
pelos Kayapós. A exposição
é um dos vários resultados da colaboração
e cooperação entre indígenas,
pesquisadores, o IRD e o Museu Goeldi, que lançaram
uma primeira versão do trabalho no Museu
Histórico Estado Pará (MHEP) em 2009
durante o Ano da França no Brasil.
Outro ponto de vista - A pesquisadora
do Museu Goeldi e uma das curadoras da Exposição,
Cláudia Lopez, também lembra da importância
da existência do povo e da sua contribuição
para diversidade cultural, dizendo que “existem
várias formas de entender o mundo”. E essa
diferente forma de ver e entender a vida é
que a exposição se propõe a
mostrar, assim como a busca do povo Kayapó
em se afirmar como povo.
Informar ao público da
importância dos conhecimentos tradicionais
dos povos indígenas para a conservação
da biodiversidade do planeta, orientar um outro
olhar sobre esses povos indígenas também
são apontados pelas curadoras como objetivos
da Exposição.
De nós, sobre nós
– As peças expostas mostram a vida cotidiana
e tempos de festas dos povos, e quase todos os objetos
foram escolhidos pelos Kayapó. A ideia é
mostrar os aspectos mais importantes da cultura
deles, tais como a cosmologia, a agricultura entre
outras práticas.
“Além de ser uma forma
didática de divulgar resultados de pesquisa
para o público em geral, espera-se que a
exposição aproxime o público
da cultura Kayapó. Nosso objetivo é
trabalhar no sentido de quebrar preconceitos, valorizar
a diversidade cultural e apoiar os indígenas
no seu objetivo de falar sobre eles”, é o
que pretendem as curadoras Claudia Lopez e Pascale
de Robert, do IRD.
Escolas na Exposição:
a Exposição “Kayapó, Mebêngôkre
nhõ pyka” também será aberta
ao público jovem, por meio de visitas orientadas
das escolas de ensino fundamental e médio,.
promovidas pelo Núcleo de Visitas Orientadas
ao Parque Zoobotânico do Museu Goeldi (Nuvop).
Os alunos serão acompanhados
por monitores do Núcleo, que receberão
instruções diretamente da curadora
Pascale de Robert, e lhes apresentarão de
forma didática a exposição.
As visitas serão marcadas
para as terças e quintas-feiras até
o encerramento da Exposição, que acontece
em agosto. Para mais informações entrar
em contato com o Nuvop pelo telefone: (91) 3259-6588
Serviço: A exposição
pode ser visitada até dia 29 de agosto, nos
horários de 9h às 17h durante a semana
e, nos fins de semana, das 9h às 15h, no
Prédio da Rocinha – Parque Zoobotânico
do Museu Goeldi.
+ Mais
Com maior orçamento de
sua história, Funai capacita agentes de execução
financeira
27 de abril de 2010 - No ano em
que o país comemora os cem anos da política
indigenista, a Fundação Nacional do
Índio (Funai) apresenta o maior orçamento
de sua história: R$ 423 milhões. O
montante torna-se ainda maior quando somado aos
5,8 milhões de emendas parlamentares aprovadas,
das quais onze estão direcionadas para ações
de etnodesenvolvimento, quatro dedicam-se à
proteção social e outras três
para promoção do patrimônio
cultural indígena. Não à toa
o Governo Federal tem se empenhado no fortalecimento
da instituição. Nos dois últimos
anos, o órgão indigenista superou
a marca de 130 milhões da execução
orçamentária financeira, superando
todas as marcas alcançadas anteriormente.
Em razão da nova metodologia
de atuação, estabelecida a partir
da reestruturação administrativa implantada
este ano, cerca de 70 gestores da Funai reúnem-se,
entre 26 e 30 de abril, no prédio da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Belém/PA.
Com foco no método de gestão compartilhada,
instituída por meio dos Comitês Regionais
criados na nova estrutura funcional da Funai, foram
convocados servidores das regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste do país para participar
do Curso de Orçamento, Contabilidade e Finanças,
realizado pelo Ministério da Justiça.
A meta é capacitar os agentes da gestão
financeira de norte a sul do país, promovendo
maior eficácia na aplicação
e controle dos recursos orçamentários,
em busca de uma maior eficiência no atendimento
das comunidades indígenas.
O Secretário Executivo
do Ministério da Justiça, Rafael Thomaz
Favetti, e o presidente da Funai, Márcio
Meira, estiveram presentes na abertura do evento,
segunda-feira (26).
+ Mais
Lula participa de festividades
na Raposa Serra do Sol
20 de abril de 2010 - O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva foi o convidado
de honra da celebração de um ano da
decisão do Supremo Tribunal Federal (STF),
que garantiu a homologação em área
contínua da Terra Indígena Raposo
Serra do Sol, em Roraima. A festa foi realizada
no Dia do Índio (19 de abril), na comunidade
Maturuca, onde a comitiva presidencial desembarcou
de helicóptero por volta das 11h30. Cerca
de 3 mil indígenas, entre moradores da Raposa
Serra do Sol e convidados de outras regiões,
estiveram presentes para agradecer o empenho do
governo na solução da disputa, mas
também para reivindicar mais desenvolvimento
para as comunidades. Lula foi recebido por lideranças
indígenas e por 400 estudantes que apresentaram
uma dança de boas-vindas. Em seguida, o presidente,
reuniu-se com representantes de 26 comunidades indígenas
da região.
Foto: Mário Vilela / Funai
“Eles me entregaram com uma mão um documento
agradecendo e me entregaram com a outra mão
vinte documentos reivindicando”, afirmou o presidente
Lula. Em discurso, Lula cobrou um levantamento de
todas as demandas indígenas para apresentação
à Comissão Nacional de Política
Indigenista (CNPI), na próxima reunião,
em maio. “Eu quero estar presente, com a Funai,
para que a gente veja o que está faltando
fazer para a gente poder fazer e, ao terminar o
meu governo, a gente já esteja, pelo menos,
com todas as reivindicações bem encaminhadas”,
determinou o presidente, como forma de recuperar
o atraso e o esquecimento a que foram submetidos
os povos indígenas da Raposa Serra do Sol.
O presidente da Funai, Márcio
Meira, lembrou da importância do Programa
Território da Cidadania Raposa Serra do Sol
e São Marcos, como perspectiva de futuro
e sustentabilidade para os indígenas. “É
importante que os prefeitos, lideranças,
tuxauas e o movimento indígena, cada vez
mais, se apropriem do Programa Territórios
da Cidadania, assim como já acontece no Rio
Negro (AM)”, lembrou Meira. O presidente do órgão
indigenista destacou, também, o fortalecimento
institucional a partir da reestruturação
da Funai e declarou que o movimento indígena
de Roraima já está trabalhando na
criação do Comitê Regional,
vinculado à Coordenação Regional
da Funai em Boa Vista. No Comitê, os membros
indígenas participarão diretamente
das decisões na execução do
Programa de Proteção e Promoção
dos Povos Indígenas, que orienta as atividades
da Funai. “Os indígenas serão os protagonistas
de sua própria história”, concluiu.