Panorama
 
 
 

ONGS DENUNCIAM O DESMONTE DA POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2010

29/04/2010 - Em nota divulgada nesta quarta-feira (28/4), organizações não governamentais manifestam em nota sua preocupação sobre os rumos tomados pelo projeto de crescimento econômico do governo federal, na contramão do desenvolvimento sustentável.

Esta não é a primeira vez que as organizações da sociedade civil organizada alertam para o desmonte da política ambiental no Brasil, que está em curso. Em junho do ano passado, um ato público conclamou o Presidente Lula a assumir a liderança da agenda socioambiental e impedir as tentativas de retrocesso nos avanços conquistados ao longo dos últimos anos. Novamente, a sociedade civil vem a público manfestar-se sobre o mesmo tema. Leia abaixo.

Nota

"As entidades signatárias manifestam nesta Nota sua forte preocupação com a atual conjuntura da política ambiental Brasileira, agravada ainda mais com a situação atual por que passam os servidores públicos federais ambientais (MMA / IBAMA / ICMBio / SFB) cujas reivindicações merecem nosso total apoio. O descaso do governo federal para com as carreiras ambientais constitui a derradeira e inequívoca evidência de que presenciamos uma crise inaceitável na política socioambiental brasileira, em pleno Ano Internacional da Biodiversidade.

As evidências de que o projeto de crescimento econômico fomentado pelo governo federal ruma na contramão do desenvolvimento sustentável são inúmeras e graves.

Vejamos:

1) Até agora o executivo federal não se posicionou de forma clara, pública e firme contrário ao movimento de flexibilização generalizada da nossa legislação federal sustentado - em dezenas de audiências públicas recentes - por representantes governistas da bancada ruralista no Congresso Nacional. Dentre as proposições em curso que visam desconstituir algumas das principais garantias legais pós-Constituição de 1988 destacamos:

I - a desfiguração do código florestal com propostas de anistia generalizada para consolidar o uso econômico de desmatamentos ilegais em áreas protegidas ou de risco (Reservas legais e áreas de preservação permanente);

II - propostas para enfraquecer o Zoneamento Ecológico-econômico como instrumento de planejamento fundamental para promoção da sustentabilidade retirando do próprio governo federal o controle sobre a sua qualidade e consistência;

III – proposta para eliminar o poder normativo do CONAMA, órgão de primeira importância do Sisnama por garantir a participação, legitimidade e transparência no desenvolvimento de normas e parâmetros técnicos ambientais;

IV – proposta para suprimir a prerrogativa do executivo de criar unidades de conservação, obrigando a sua homologação pelo legislativo.

2) A aprovação na Câmara dos Deputados, em dezembro de 2009, de dispositivo no Projeto de Lei Complementar (12/09) que suprime o poder supletivo do órgão ambiental federal para o exercício da fiscalização, ou seja, de cobrir a eventual omissão dos órgãos ambientais estaduais, comprometendo de forma significativa o controle do desmatamento e, conseqüentemente, o controle federal sobre o cumprimento das metas de redução de CO2 contidas na Política Nacional de Mudanças Climáticas.

3) O não lançamento até hoje, pela Casa Civil da Presidência da República, da revisão do Plano Nacional de Prevenção e Controle dos Desmatamentos na Amazônia, revisão esta iniciada no primeiro semestre de 2008. Espera-se que a atual revisão inclua as ações relativas aos compromissos estendidos para o Cerrado, parte integrante das metas do item anterior.

4) A defesa exaltada e publicitária de um Programa de Aceleração do Crescimento 2 pautado fundamentalmente em obras de infra-estrutura altamente impactantes e despidas de avaliação ambiental integrada e estratégica. O PAC, em nenhuma de suas versões, contém planejamento correlato que indique um fortalecimento da gestão ambiental capaz de garantir sustentabilidade aos seus objetivos.

5) A insistência na aprovação, inclusive com pressão política exercida sobre técnicos do órgão de licenciamento ambiental federal e manifestações autoritárias na mídia por parte de representantes do TCU e da ABIN contrárias às organizações da sociedade civil que questionam legitimamente no judiciário obras de infra-estrutura comprovadamente anti-econômicas e flagrantemente causadoras de graves impactos socioambientais, como a UHE – Belo Monte, no Pará, e a rodovia BR 319, no Amazonas, cortando o coração da Amazônia.

6) O bloqueio na Casa Civil, em atendimento à pressão do Ministério de Minas e Energia, na criação de novas áreas protegidas sob pretexto de desenvolver estudos para prospecção de áreas para mineração pondo em risco áreas com alto potencial de conservação de biodiversidade.

E por fim,

7) a recusa do executivo federal em cumprir acordo firmado com servidores das carreiras ambientais federais, induzindo com isso a evasão de técnicos qualificados do setor ambiental para outros órgãos públicos melhor estruturados e remunerados, ou mesmo instituições privadas, o que comprometerá sobremaneira a já pouco estruturada política ambiental brasileira.

O fortalecimento institucional dos órgãos responsáveis pela implementação das políticas e legislação ambientais é vital, e não acontecerá sem um tratamento sério e responsável às legítimas demandas dos seus servidores ambientais e da sociedade civil.

O tratamento anti-isonômico e de 2ª categoria conferido às carreiras ambientais nos órgãos federais precisa ser revisto e as demandas apresentadas merecem ser atendidas no curtíssimo prazo.

A omissão do poder executivo federal em relação ao flagrante ataque à nossa legislação socioambiental em curso no Congresso Nacional é também inaceitável cabendo aos líderes políticos do governo federal, em especial ao Presidente Lula, defender a implementação da legislação em vigor e o fortalecimento das instâncias de gestão ambiental federal."

Em 28 de abril de 2010, assinam:

Grupo de Trabalho Amazônico
Rede de Ongs da Mata Atlântica
Apremavi – Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida
Amigos da Terra - Amazônia Brasileira
Associação de Defesa Ambiental - Kanindé
Conservação Internacional - CI
Fundação SOS Mata Atlântica
Gambá – Grupo Ambientalista da Bahia
Imaflora - Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola
Imazon – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
Inesc – Instituto de Estudos Socioeconômicos
IPAM - Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
ISA - Instituto Socioambiental
ICV - Instituto Centro de Vida
Vitae Civilis - Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz
WWF - Brasil

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Movimento Xingu Vivo para Sempre divulga nota sobre Belo Monte e a decisão do TRF

21/04/2010 - Em nota divulgada ontem à noite (20/4), o Movimento Xingu Vivo para Sempre expressa sua indignação: mais com a decisão do TRF da 1ªRegião do que propriamente com o resultado do leilão da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
No dia de hoje (20/04) foi realizado o leilão para a concessão do aproveitamento hidrelétrico de Belo Monte, que o Governo Federal pretende instalar no rio Xingu, no Estado do Pará. Sob um forte aparato policial, os investidores tiveram de entrar por uma porta lateral da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, com medo dos manifestantes que estavam do lado de fora. Só que estes estavam proibidos pela Justiça de se manifestar: um interdito proibitório interposto pela ANEEL, e acatado pela Justiça (!), proibia qualquer manifestante de se aproximar a menos de 1 quilômetro do local do leilão!

Mais do que as empresas interessadas em arrematar a obra - e se beneficiar dos generosos subsídios públicos que serão destinados à sua construção – foi a Justiça o grande ator desse dia. Nas mãos do Presidente do Tribunal Regional Federal da 1a Região, Jirair Meguerian, repousava, desde a noite anterior, um recurso interposto pela ANEEL para sustar os efeitos da medida liminar que havia sido outorgada pelo Juiz Federal de Altamira, Antônio Carlos Campelo, e que suspendia a realização do leilão.

Mas não era qualquer liminar. Era uma decisão de mais de cinquenta páginas, amplamente fundamentada não só em fatos objetivos e inquestionáveis, como também na legislação brasileira. Identificava diversas irregularidades no processo de licenciamento ambiental da usina, que iam desde a desconsideração de pareceres técnicos do Ibama até a postergação de estudos que deveriam ser necessariamente realizados antes de se tomar a decisão de construir ou não a obra. Reconhecia a interferência indevida de instâncias políticas superiores na decisão técnica do Ibama, o que levou a uma decisão apressada e insegura. Apontava para o desrespeito, pelo próprio governo, das regras estabelecidas.

O desembargador Jirair Meguerian, no entanto, provavelmente não leu a decisão que ele derrubou. Não contra-argumentou nenhum dos pontos da decisão de Campelo. Pior. Afirmou que a decisão havia sido baseada em “conjecturas” e que o Ibama, sendo um órgão “responsável”, não poderia ter cometido irregularidades. Baseado em dois artigos de jornal, sentencia que a obra não trará problemas ambientais, ignorando os muitos alertas feitos por pesquisadores independentes e do próprio Ibama.

Estamos indignados e estarrecidos com a decisão do TRF 1a Região, mais do que com o resultado do leilão. Um país no qual o Judiciário se furta de controlar os desvios cometidos pelo Poder Executivo está a meio caminho de um regime autoritário. Um país no qual um de seus principais tribunais fecha os olhos para as muitas irregularidades de um processo sob o pretexto de que isso é necessário para o “desenvolvimento”, tem um futuro sombrio. Como pode haver desenvolvimento sem respeitar as regras mínimas estabelecidas? Que regime democrático é esse que proíbe as pessoas de se manifestarem e põe os interesses econômicos por cima da lei? Esse é um dia triste para o país.

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Índios paralisam travessia de balsa no Rio Xingu e chamam Lula de inimigo número 1

26/04/2010 - Os Kayapó Metuktire, da aldeia Piaraçu, divulgaram nesta segunda-feira (26/4) comunicado no qual reafirmam sua intenção de resistir à construção da hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu. Desde sexta-feira, 23/4, os índios paralisam o tráfego da balsa que corta o Rio Xingu, na BR-080, no Mato Grosso. A rodovia inicia-se nos limites do Parque Indígena do Xingu, próximo à TI Capoto-Jarina, e corta a BR-163 e a BR-158. Os grupos que serão direta ou indiretamente afetados pelo empreendimento estão tomando iniciativas para impedir a obra e mandam recado contundente ao Presidente Lula. Leia abaixo o comunicado assinado pelo cacique Megaron Txucarramãe.

Comunicado

Nós lideranças e guerreiros estamos aqui em nosso movimento e vamos continuar com a paralisação da balsa pela travessia do rio xingu. Enquanto Luiz Inacio Lula da Silva insistir de construir a barragem de Belo Monte nós vamos continuar aqui. Nós ficamos com raiva de ouvir Lula falar que vai construir Belo Monte de qualquer jeito, nem que seja pela força!!! Agora Nos indios e o povo que votamos em Lula estamos sabendo quem essa pessoa. Nós não somos bandidos, nós não somos traficantes para sermos tratados assim, o que nós queremos é a não construção da barragem de Belo Monte.

Aqui nós não temos armas para enfrentar a força, se Lula fizer isso ele quer acabar com nós como vem demonstrando, mas o mundo inteiro vai poder saber que nós podemos morrer, mais lutando pelo nosso direito. Estamos diante de um Governo que cada dia que passa se demonstram contra nós indios. Lula tem demonstrado ser inmingo número um dos indios e Marcio Meira o atual Presidente da Funai tem demostrado a ser segunda pessoa no Brasil contra os indios, pois, a Funai não tem tratado mais assuntos indigenas, não demarcação de terra indigena mais, não tem fiscalização de terra indigena mais, não tem aviventação em terra indigena. Os nossos líderes indigenas são empedido de entrarem dentro do predio da funai em Brasilia pela força nacional. O que esta acontecendo com nós indios é um fato de grande abandono, pois, nós indios que somos os primeiros habitantes deste pais estamos sendo esquecidos pelo Governo de Lula que quer a nossa destruição, é esta a conclusão que chegamos.

Lider indigena Megaron Txukarramãe

Aldeia Piaraçu, 26 de abril de 2010

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Fórum da ONU recebe denúncias sobre violação de direitos indígenas no Brasil

27/04/2010 - Durante o Fórum Permanente da ONU para Assuntos Indígenas, que se realiza em Nova York de 19 a 30 de abril, o relator sobre a situação dos direitos humanos e liberdades fundamentais indígenas, James Anaya, recebeu denúncias sobre a violação do direito de consulta dos povos indígenas afetados pela hidrelétrica de Belo Monte (PA) e sobre invasões garimpeiras na Terra Indígena Yanomami, enviadas pela Hutukara (HAY).

Nesta terça-feira, 27/4, Anaya respondeu às denúncias considerando que as informações são relevantes para o cumprimento de seu mandato. O relator comentou que em situações urgentes que requeiram ações imediatas, a ONU pode enviar um comunicado ao governo brasileiro para garantir a segurança dos indivíduos e da comunidade. Pode, ainda, solicitar informações complementares e fazer recomendações ao Estado brasileiro para que os direitos indígenas reconhecidos sejam respeitados. Leia aqui a carta enviada pela Hutukara. Veja também o documento da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira)e do ISA sobre Belo Monte . A resposta de Anaya, em inglês, pode ser lida aqui.

Duas manifestações reafirmaram a importância dos princípios e direitos contidos na Declaração da ONU sobre Direitos dos Povos Indígenas (link). Em uma delas, o governo da Nova Zelândia, que em 2007 foi um dos quatro países contrários à declaração, neste fórum manifestou-se favoravelmente. Também a embaixadora americana Susan E. Rice anunciou que os Estados Unidos estão revendo sua posição sobre a aceitação da declaração. O governo norte-americano, seguindo o espírito da declaração, reconhece que em seu país e em outras partes do mundo os povos indígenas continuam a sofrer desproporcionalmente com a pobreza, degradação ambiental, falta de acesso a serviços de saúde, violência e discriminação. Uma comissão foi criada para revisar a posição.

Em setembro de 2007, quando a declaração foi aprovada durante a Assembleia Geral da ONU por 143 países, entre eles o Brasil, quatro votaram contra: Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá e Austrália. No ano passado, a Austrália reviu sua posição. Agora só o Canadá mantém firme sua posição contrária.

Declaração busca garantir relação de respeito entre Estados e povos indígenas

A Declaração é hoje o instrumento internacional mais abrangente de direitos humanos para o contexto dos povos indígenas. Saiba mais. Na Assembleia Geral da ONU, o Brasil votou favoravelmente à declaração, reconhecendo formalmente os direitos dos povos indígenas, apesar de os esforços para a sua implementação ainda serem muito tímidos. Especialmente no que se refere aos direitos de auto-determinação (que significa o reconhecimento da autonomia e do controle indígena sobre sua vida, terras e recursos) e ao direito de consulta. Tais direitos são fundamentais para que se estabeleça uma relação mais igualitária e respeitosa entre povos indígenas e estados nacionais.

O tema de 2010 do Fórum Permanente da ONU é "Povos Indígenas: desenvolvimento com cultura e identidade". Representantes indicados por Estados e pela sociedade civil, membros do Fórum, apresentam suas análises e relatórios sobre o tema no mundo. Além de proporcionar o diálogo direto de representantes indígenas com representantes de governos e de agências da ONU para a melhoria das condições de vida e proteção cultural indígena, o Fórum da ONU monitora a implementação da declaração e auxilia os Relatores de Direitos Humanos nos encaminhamentos sobre violações de direitos indígenas.


 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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