Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar de ter apresentado no ano
passado o maior índice de energia gerada
por fontes renováveis dos últimos
18 anos, o Brasil ainda precisa avançar na
geração de energia limpa, de acordo
com a organização não governamental
(ONG) Greenpeace. Para o coordenador
da campanha de energias renováveis da ONG,
Ricardo Baitelo, apesar de positivo, o aumento da
participação de energias renováveis
na matriz brasileira não pode ser considerado
significativo.
O balanço energético
nacional, divulgado ontem (29) pela Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), mostra que as fontes renováveis
de energia, que incluem a geração
por meio de hidrelétricas, biomassa e produtos
da cana-de-açúcar, foram responsáveis
por 47,3% da geração de energia no
país no ano passado, o maior índice
desde 1992.
Baitelo disse que o resultado
estava previsto, já que em 2008 houve um
acionamento muito grande de termelétricas
fósseis, que diminuiu no ano passado devido
à grande quantidade de chuvas, que permitiram
o maior uso de energia gerada pelas hidrelétricas.
Uma das maiores bandeiras defendidas
pelo Greenpeace na área energética
é a necessidade de aumentar o uso de energia
eólica no Brasil, considerado por Baitelo
ainda pequena. Ele lembra que o governo irá
realizar um leilão de energias renováveis
ainda no primeiro semestre deste ano, mas as usinas
movidas a vento vão demorar para entrar em
operação.
“Ainda vai levar um tempo após
o leilão para que essas novas eólicas
sejam construídas e terem um papel significativo
na matriz brasileiras, como já acontece em
outros países”, afirmou.
Segundo a EPE, a participação
de energia eólica na matriz elétrica
do país seguiu a tendência dos últimos
anos, crescendo 5,1% em 2009 em relação
ao ano anterior. Mesmo assim, essa fonte correspondeu
a 0,2% do total de energia gerada no ano passado.
Na opinião do presidente
do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, “a matriz
elétrica brasileira é de deixar qualquer
país orgulhoso no atual cenário mundial”.
Segundo ele, o Brasil é um dos países
com a matriz elétrica mais limpa do mundo,
graças ao seu potencial hidrelétrico,
mas ainda precisa de energia térmica para
que não fique totalmente sujeito às
oscilações climáticas.
“O Brasil é um dos poucos
países do mundo que tem o privilégio
de poder fazer as melhores escolhas sem ter que
botar a carapuça de grande poluidor global,
muito pelo contrário”, avalia. Segundo Sales,
não é possível gerar a quantidade
de energia necessária para o crescimento
do país apostando apenas em fontes alternativas.
“Se o Brasil precisa ter 3,5 mil
megawatts novos de energia por ano, é claro
que é inviável imaginar isso sendo
produzido apenas com painéis solares ou com
energia eólica. Essas energias são
complementares e têm sua inserção
viabilizadas em situações específicas.
Não se deve imaginá-las como capazes
de suportar a expansão da demanda de energia
que o Brasil tem para poder suportar o ritmo de
crescimento da nossa economia”, disse.
+ Mais
Fiscalização apreende
13 toneladas de carvão ilegal no Rio
30/04/2010
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Coordenadoria contra Crimes Ambientais
(Cicca) da Secretaria do Meio Ambiente do Rio de
Janeiro apreendeu hoje (30) 13 toneladas de carvão
vegetal ilegal. A apreensão foi no município
de São Gonçalo, na região metropolitana
da capital fluminense. O carvão era proveniente
de área de desmatamento ilegal e a venda
era amparada por um registro falso do Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis (Ibama). O dono da mercadoria,
Rickson Cunha da Silveira, foi preso em flagrante.
O material apreendido será distribuído
em comunidades carentes de São Gonçalo.
De acordo com o coronel Luiz Maurício
Padroni, coordenador da Cicca, esse tipo de apreensão
é comum. Mas, agora, as operações
estão se concentrando nos atacadistas e distribuidores
e não mais nos pequenos produtores de carvão.
Durante a operação,
foi identificada uma área ilegal de criação
de porcos nas margens do Rio Guaxindiba, que deságua
na Baía de Guanabara e pertence à
Área de Proteção Ambiental
de Guapimirim. “Os dejetos estão contribuindo
para o assoreamento do rio e para a poluição
da baía”, afirmou o coronel Padroni. Os responsáveis
terão 72 horas para retirar os animais do
local. Caso contrário, serão apreendidos
e levados para um curral público.
+ Mais
Motor multicombustível
aproveita resíduos e ajuda a preservar o
meio ambiente
26/04/2010
Lisiane Wandscheer
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O motor multicombustível
é uma das atrações da 7ª
Exposição Ciência para a Vida,
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa). Ele usa combustível produzido
com vários tipos de resíduos agrícolas
e aquecimento solar para a produzir energia.
A tecnologia foi criada em 1816
pelo pesquisador Robert Stirling, mas, com a invenção
de motores mais potentes, foi abandonada. Atualmente,
por causa da crescente preocupação
mundial com a preservação do meio
ambiente, o motor está sendo adotado pela
Alemanha, Holanda e pelos Estados Unidos. No Brasil,
o modelo foi adaptado pela Embrapa.
“A tecnologia foi retomada pela
Embrapa para aproveitar resíduos da agricultura
e das cidades como restos de lixo, lenha e carvão
e todo tipo de combustível alternativo”,
afirma o agrônomo da Embrapa Meio Ambiente,
Luiz Wabp.
O motor é adequado a regiões
com carência de infraestrutura como áreas
da Amazônia e do Cerrado, que também
têm baixa cobertura de rede elétrica.
Além disso, é produzido por meio de
uma tecnologia simples e de baixo custo e não
exige qualquer tipo de manutenção
ou lubrificação.
Segundo o agrônomo, os criadores
de suínos e aves têm que queimar os
dejetos para não poluir a atmosfera com o
gás metano, liberado por meio das fezes desses
animais. A energia da queima pode ser aproveitada
no motor e transformada em energia elétrica
e em bombeamento de água para irrigação
ou ventilação.
Outro destino ecológico
para a tecnologia é sua utilização
para a queima de gases em lixões e aterros
sanitários das grandes cidades.