Panorama
 
 
 

EMPREENDIMENTOS NA AMAZÔNIA PRECISAM DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, DEFENDEM AMBIENTALISTAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2010

21/05/2010
Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A construção de grandes empreendimentos de infraestrutura na Amazônia precisa de um novo modelo de planejamento, com visão estratégica e medidas muito anteriores ao processo de licenciamento ambiental. A mudança passa pela inclusão de critérios mais transparentes na definição de que obras são necessárias e por um novo olhar sobre o papel da região para o desenvolvimento do país.

O assunto foi tema de debate organizado esta semana pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).

Para o diretor da organização não governamental Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, Roberto Smeraldi, a falta de planejamento estratégico acaba deixando para o licenciamento ambiental questões que deveriam ser respondidas antes da decisão de levar a obra adiante.

“Pensar a necessidade da obra é uma coisa, licenciar é outra. Faltou planejamento, jogam tudo para o licenciamento, que vira uma Caixa de Pandora”, comparou, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo Smeraldi, os planos de construção de mega projetos deveriam ter critérios “mais abertos e mais transparentes”, inclusive dentro do governo. “Hoje em dia essas prioridades são não são discutidas sequer dentro do governo. Vêm de grupos que têm que fazer essa ou aquela obra para garantir seus orçamentos”.

A decisão sobre as obras deveria ser compartilhada e discutida entre mais setores e não liderada pelos órgãos executores de infraestrutura, segundo Smeraldi.

“É como chamar o pedreiro em casa e deixar ele definir as obras que você vai ter que fazer. Ele vai dizer que é preciso refazer a casa toda”, comparou.

O coordenador adjunto do Programa de Política e Direito do Instituto Socioambiental (ISA), Raul do Valle, também critica a ausência de uma gestão estratégica de grandes projetos de infraestrutura. O processo integrado poderia substituir avaliações individuais de cada obra, e consideraria impactos, benefícios e custos conjuntos.

“É preciso avaliar a conta completa, e não caso a caso. Se isso fosse incorporado nesse processo, outros usos e valores dos recursos iriam emergir”, avalia. Valle também defende maior integração da sociedade na definição do aproveitamento dos recursos e do desenvolvimento da Amazônia, principalmente para a inclusão efetiva das populações tradicionais.

De acordo com o ambientalista, a visão que se tem da Amazônia como um grande território a ser explorado – sem o reconhecimento de que as pessoas que vivem na região são usuárias dos recursos – limita o desenvolvimento sustentável da região e não reconhece direitos dos povos da floresta.

“É preciso incorporar as necessidades das populações e a variável ambiental. As obras são planejadas segundo a concepção de que a região é uma exportadora de produtos baratos para o Brasil e para o mundo. A Amazônia fica com os prejuízos e com os impactos e as riquezas saem: madeira, soja, minérios”, lista.

+ Mais

Stédile alerta para o uso abusivo de agrotóxicos no campo

21/05/2010
Lúcia Nórcio
Enviada espercial
Francisco Beltrão (PR) – O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, alertou hoje (21), ao participar da 9ª Jornada de Agroecologia, que o uso de agrotóxicos na agricultura faz do Brasil o primeiro consumidor mundial desses produtos químicos usados para combater pragas ou para o preparo do solo.

Para ele, a agricultura brasileira vive um período histórico muito complexo. “Estão em disputa, diariamente, duas grandes propostas, a do agronegócio e outra da agroecologia.” Segundo Stédile, o país consome anualmente 720 milhões de litros de agrotóxicos que contaminam a natureza.

“Na semana passada, o Sindicato dos Fabricantes de Defensivos Agrícolas, que representa dez empresas – nove multinacionais e uma brasileira – anunciou que, na safra do ano passado, foram comercializados 1 bilhão de litros”, disse. Stédile comentou sobre os riscos do uso desse produtos. “É preciso que a população saiba que todo esse veneno é de origem química, não é biodegradável, contamina o solo, a água, depois atinge o organismo do homem e a consequência, todos nós já sabemos, é, provavelmente, um câncer”, observou.

O coordenador do MST adiantou que a Via Campesina vai realizar, em julho, um seminário nacional que reunirá representantes dos movimentos sociais, do governo, de uma rede de estudos de toxicologia, de hospitais, do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e de cientistas. O objetivo é organizar uma campanha contra o uso indiscriminado de agrotóxicos.

Stédile disse que são encontros como a Jornada de Agroecologia, que reúne 3 mil participantes, que fortalecem o modelo desse sistema agrícola que preconiza o uso de defensivos naturais. “Alguns movimentos chamam de reforma agrária popular, outros de plano camponês, agricultura familiar, mas a característica é a mesma. Ao invés da monocultura, prioriza a agricultura diversificada, que respeita a biodiversidade”, explicou.

Ele visitou as oficinas temáticas que estão sendo realizadas no local do encontro e se disse satisfeito com a disseminação do conhecimento cientifico nos movimentos sociais, com a troca de experiências do que cada um está realizando em sua lavoura. Aos participantes do evento, Stédile disse que, em sua opinião, nunca houve reforma agrária no Brasil. “Nunca conseguimos um programa de governo que consiga, de forma rápida, desapropriar grandes latifúndios improdutivos. O que há, no Brasil, é uma política de assentamentos.”

As áreas, segundo ele, são desapropriadas à medida que os trabalhadores fazem pressão. “Seiscentas mil famílias conquistaram áreas de terra, nos últimos 25 anos. Existem 4 milhões de famílias sem-terra no Brasil. Poderíamos resolver o problema da reforma agrária afetando pouquíssimas propriedades”, argumentou. De acordo com Stédile, existem 15 mil fazendeiros proprietários de terras com áreas superiores a 2 mil hectares . “Juntos, eles são proprietários de 98 milhões de hectares. Para assentar as 4 milhões de famílias, precisamos desapropriar apenas 4 mil fazendeiros.”


 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

Universo Ambiental  
 
 
 
 
     
SEJA UM PATROCINADOR
CORPORATIVO
A Agência Ambiental Pick-upau busca parcerias corporativas para ampliar sua rede de atuação e intensificar suas propostas de desenvolvimento sustentável e atividades que promovam a conservação e a preservação dos recursos naturais do planeta.

 
 
 
 
Doe Agora
Destaques
Biblioteca
     
Doar para a Agência Ambiental Pick-upau é uma forma de somar esforços para viabilizar esses projetos de conservação da natureza. A Agência Ambiental Pick-upau é uma organização sem fins lucrativos, que depende de contribuições de pessoas físicas e jurídicas.
Conheça um pouco mais sobre a história da Agência Ambiental Pick-upau por meio da cronologia de matérias e artigos.
O Projeto Outono tem como objetivo promover a educação, a manutenção e a preservação ambiental através da leitura e do conhecimento. Conheça a Biblioteca da Agência Ambiental Pick-upau e saiba como doar.
             
       
 
 
 
 
     
TORNE-SE UM VOLUNTÁRIO
DOE SEU TEMPO
Para doar algumas horas em prol da preservação da natureza, você não precisa, necessariamente, ser um especialista, basta ser solidário e desejar colaborar com a Agência Ambiental Pick-upau e suas atividades.

 
 
 
 
Compromissos
Fale Conosco
Pesquise
     
Conheça o Programa de Compliance e a Governança Institucional da Agência Ambiental Pick-upau sobre políticas de combate à corrupção, igualdade de gênero e racial, direito das mulheres e combate ao assédio no trabalho.
Entre em contato com a Agência Ambiental Pick-upau. Tire suas dúvidas e saiba como você pode apoiar nosso trabalho.
O Portal Pick-upau disponibiliza um banco de informações ambientais com mais de 35 mil páginas de conteúdo online gratuito.
             
       
 
 
 
 
 
Ajude a Organização na conservação ambiental.