06/05/2010
Lisiane Wandscheer
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A audiência
pública promovida pela Comissão de
Meio Ambiente da Câmara dos Deputados para
discutir a instalação de usinas nucleares
no Nordeste brasileiro deixou os ânimos dos
representantes do governo e dos ambientalistas exaltados.
O governo federal pretende instalar
seis novas usinas nucleares na região. Os
locais ainda não foram definidos, mas, segundo
a Eletronuclear, empresa vinculada ao Ministério
de Minas e Energia, os estados com potencial são
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. O anúncio
dos locais deve ocorrer até 2011.
O presidente da Eletronuclear,
Othon Luiz Pinheiro, disse que a demanda por energia
no Brasil tende a aumentar e que as novas usinas,
apesar do alto investimento, tem custo energético
baixo. “Para suprir a demanda nacional teríamos
que disponibilizar 3 a 4 mil megawatts ao ano, isto
significa uma nova Itaipu a cada três, quatro
anos. Temos que contar com todas as fontes energéticas:
a eólica, a biomassa e, é claro, a
nuclear”.
O professor do Departamento de
Engenharia Elétrica e presidente da comissão
de Meio Ambiente da Universidade Federal de Pernambuco,
Heitor Scalambrini, criticou a ausência da
participação da sociedade na definição
da construção de novas usinas nucleares
no país e lembrou que o Programa Nuclear
no Brasil surgiu durante a ditadura militar.
“A energia nuclear, pelo poder
devastador, deveria ser debatida amplamente. Não
há benefícios econômicos, ambientais
ou em termos de segurança”, disse.
O assessor do Movimento Paulo
Jackson da Bahia, Sérgio Dialetachi, lembrou
as 6,5 mil pessoas contaminadas pelo Césio
137 em Goiânia, em 1987 e disse que não
se pode esquecer que o Césio é produto
da usina nuclear.
“Quando acidentes acontecem qual
é a infraestrutura que temos? Queremos que
o Brasil faça a sua diversificação
energética, mas que a nuclear esteja fora”,
salientou
O coordenador da Campanha Nuclear
do Greenpeace Brasil, André Amaral, disse
que a instalação de usinas nucleares
é resquício do regime militar e que
o Brasil não precisa desta tecnologia.
“Não precisamos de energia
nuclear, o país tem potencial imenso de energia
eólica e solar. Estaremos na contra-mão
da crise climática. O uso da energia nuclear
está decaindo no mundo inteiro em relação
às renováveis”, afirmou.
+ Mais
Cacique Raoni vai à França
pedir apoio de Sarkozy e Chirac contra construção
de Belo Monte
06/05/2010
Da Agência Brasil
Brasília - O cacique Raoni, da etnia dos
Caiapós, está em Paris para fazer
campanha contra a construção da Usina
Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu,
no Pará. O indígena se reuniu com
o ex-presidente francês Jacques Chirac e pediu
apoio para impedir a construção. Segundo
o cacique, o mesmo pedido será feito ao presidente
francês, Nicolas Sarkozy. As informações
são da agência BBC Brasil.
Raoni disse que vai buscar apoio
também das autoridades da União Europeia
e de Mônaco. Segundo o cacique, ele tem uma
reunião marcada para a próxima semana
com o príncipe Albert, de Mônaco. Chirac
é coordenador de uma fundação
que atua também na área ambiental,
com projetos de combate ao desmatamento e assina
o prefácio do livro Raoni, Memórias
de um Chefe Indígena, do cineasta e escritor
Jean-Pierre Dutilleux, lançado na última
segunda-feira (3) na França.
Em 1989, Raoni se transformou
em uma personalidade internacional ao receber o
cantor Sting que veio ao Brasil para pedir pela
proteção da floresta amazônica.
A imprensa francesa tem destacado a visita de Raoni.
“Vamos matar os brancos que construírem a
barragem”, disse o cacique, durante entrevista ao
canal de TV TF1. "Desde sempre, impeço
meu povo de guerrear, mas estou muito preocupado
e inquieto agora", afirmou.
Segundo Raoni, 3 mil índios
estariam preparados para pegar as armas, mas vão
esperar esgotar todas as negociações.
"Fui enviado por todos os índios Caiapó
para obter apoio e recursos para proteger a floresta",
afirmou.
Depois de duas décadas
de disputas judiciais, a Justiça Federal
brasileira autorizou a construção
da barragem, que deve entrar em funcionamento em
2015. A Usina de Belo Monte deverá ser a
terceira maior hidrelétrica do mundo em capacidade
instalada – atrás de Três Gargantas,
na China, e de Itaipu, na fronteira entre o Brasil
e o Paraguai.
+ Mais
Especialistas alertam: falta responsabilidade
dos governos no trato das questões climáticas
06/05/2010
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Falta responsabilidade aos três
níveis de governo – federal, estadual e municipal
– no sentido de promover o desenvolvimento econômico
sem agressões ao meio ambiente. Este sentimento
foi consensual entre os especialistas que participaram
hoje (6) do 1° Encontro Cidades e Mudanças
Climáticas, no Rio de Janeiro.
O encontro teve como objetivo
reafirmar a necessidade de conscientização
política e cidadã sobre a causa ambiental,
levando em conta o papel da comunidade acadêmica
e das empresas na busca por soluções
que garantam o bem-estar social, diminuindo às
agressões à atmosfera.
A pesquisadora do Instituto Alberto
Luiz Coimbra de Pós-Graduação
e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ) Suzana Kahn destacou
que “os aspectos fundamentais para a sustentabilidade
são as políticas públicas e
a cooperação das empresas no sentido
de otimizar os recursos usados nas linhas de produção.
A redução dos impactos ambientais,
como a poluição e a emissão
de carbono na atmosfera, estão diretamente
ligados ao consumo e à tecnologia. E como
o Brasil está se desenvolvendo, fica claro
que as emissões tendem a aumentar, sobretudo
por conta do setor de transportes, que tem níveis
de emissão muito próximos aos da indústria”.
A pesquisadora observa que o setor
terá que aprender a lidar com restrições
cada vez mais severas em relação às
emissões de poluentes na atmosfera, à
eficiência de combustíveis e ao modelo
tecnológico utilizado na mobilidade das pessoas
nos centros urbanos.
No encontro, o assessor especial
da prefeitura do Rio de Janeiro e membro do conselho
diretor da WWF-Brasil, Sérgio Besserman Vianna,
disse que o mundo está demorando para agir:
“Todos no mundo estamos muito atrasados em termos
de planejamento, mobilidade e adaptação
[às mudanças climáticas]".
Vianna acredita que só
o conhecimento poderá dar respostas às
questões do futuro. Ele enfatizou que é
preciso apoiar os centros de produção
de conhecimento, como o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), para que se produza um mapeamento
e um planejamento para as cidades com políticas
de defesa do meio ambiente.
A secretária de Mudanças
Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério
do Meio Ambiente, Branca Americano, reconheceu que
são papéis do governo criar e incentivar
políticas públicas que priorizem a
questão da sustentabilidade. De acordo com
a secretária, o ministério trabalha
para que as empresas ofereçam alternativas
ambientalmente responsáveis e que a maior
parte dos estudos feitos na secretaria conta com
a colaboração das universidades. "O
Brasil tem papel importante (de responsabilidade
sustentável). Podemos ser referência
para o mundo.”
+ Mais
Ministério esclarece recursos
destinados ao tratamento de resíduos sólidos
05/05/2010
Da Agência Brasil
Brasília - O Ministério das Cidades,
por meio da assessoria de imprensa, divulgou nota
hoje (5) com esclarecimentos sobre os recursos destinados
ao tratamento de resíduos sólidos.
O assunto foi tema de discussão durante audiência
pública sobre a Política Nacional
de Resíduos Sólidos realizada hoje
no Congresso Nacional
De acordo com o ministério,
foram contratadas desde 2007, no âmbito do
Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), obras no valor de R$ 175 milhões destinadas
à construção de galpões,
unidades de transbordo e usinas de reciclagem. Do
total de recursos, R$ 120,5 milhões vieram
do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS), dos quais R$ 31,3 milhões foram desembolsados.
Mais R$ 55,4 milhões, segundo
o ministério, referem-se à contratação
da fonte Orçamento Geral da União,
dos quais R$ 51,1 foram pagos. A nota esclarece
ainda que, no PAC, os recursos não são
contingenciáveis e o pagamento é efetuado
de acordo com a medição da obra feita
“por estados ou municípios”.
O Ministério das Cidades
informa ainda que o PAC 2 prevê investimentos
para a área de resíduos sólidos
no valor de R$ 1,5 bilhão e que “por força
do Decreto nº 5.940 (de 25/10/2006), os ministérios
que integram o Comitê Interministerial de
Inclusão de Catadores participam da coleta
seletiva solidária e da mobilização
dos demais órgãos públicos
federais em todo o país, estabelecendo uma
logística para doação do material
para as associações ou cooperativas
de catadores”.