Panorama
 
 
 

MINISTRA DO MEIO AMBIENTE RECEBE MANIFESTO DE
ONGS CONTRA OBRAS DE INFRAESTRUTURA NO SUL DA BAHIA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2010

20 Maio 2010
Bruno Taitson, de Brasília
Representantes de ONGs ambientalistas entregaram nesta quarta, 19 de maio, para a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, um manifesto contrário ao projeto Porto Sul. O documento aponta uma série de problemas no investimento, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “É um projeto que coloca o sul da Bahia em um cenário de alto risco”, relata Rui Rocha, representante do Instituto Floresta Viva, sediado em Ilhéus (BA).

O manifesto denuncia que as obras estão previstas para uma área de grande importância socioambiental, incluindo a Área de Proteção Ambiental Lagoa Encantada. A construção da ferrovia e do porto – destinados prioritariamente ao escoamento de minério de ferro da Bahia Mineração (Bamin) – coloca em perigo espécies de plantas e animais, algumas delas com ocorrências apenas naquela região (endêmicas).

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, classificou como positivo o encontro. “Vou encaminhar as reivindicações das ONGs para o Ibama [Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], para que o processo de licenciamento da obra seja avaliado”, afirmou.

Outra alegação das ONGs é que o projeto vai alterar o modo de vida das comunidades locais, notadamente pescadores, indígenas e remanescentes quilombolas. Entre os signatários do manifesto estão instituições como Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Fundação SOS Mata Atlântica, Greenpeace, Instituto Floresta Viva, Instituto Socioambiental (ISA) e WWF-Brasil, além de colônias de pescadores da região.

Mário Mantovani, diretor da Fundação SOS Mata Atlântica, salienta que é preciso investir em estratégias de desenvolvimento baseadas na sustentabilidade socioambiental. “A SOS trabalha desde os anos 11000, juntamente com outras organizações, para desenvolver no sul da Bahia um modelo de turismo sustentável diverso daquele baseado em resorts, predominante no norte do estado. O projeto Porto Sul significa jogar fora todo esse esforço, além de desrespeitar a Lei da Mata Atlântica”, avaliou.

O Ministério Público Federal da Bahia registrou falhas no relatório de impacto ambiental (Rima) do projeto, produzido pela Bahia Mineração. O complexo Porto Sul inclui, além do porto, um trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste. As instalações portuárias seriam situadas na Área de Proteção Ambiental Lagoa Encantada, considerada pela Unesco patrimônio ambiental de relevância local, nacional e internacional.

Com o manifesto, as organizações esperam que o processo de licenciamento seja suspenso e que haja um debate mais aprofundado com a sociedade.

Segundo Rui Rocha, do Instituto Floresta Viva, há uma alternativa de logística mais sustentável que o projeto Porto Sul. “Trata-se do traçado original da Ferrovia Centro-Atlântica, que possibilitaria o escoamento do minério pelo Porto de Aratu, localizado na região metropolitana de Salvador. O sul da Bahia deve se dedicar a atividades sustentáveis para as quais a região tem vocação, como a pesca, o ecoturismo, a produção de cacau e chocolate, frutas e a movelaria associada à silvicultural tropical”, concluiu Rui Rocha.

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ONGs cobram metas mais ambiciosas da CDB

18 Maio 2010
Por Isadora de Afrodite
As organizações não governamentais que participam da reunião do Órgão Subsidiário de Aconselhamento Científico, Técnico e Tecnológico (SBSTTA, em inglês) da Convenção sobre Diversidade Biológica prepararam uma declaração coletiva para cobrar metas mais ambiciosas aos países-parte da CDB.

A nota foi lida por Muhtari Aminu-Kano, da entidade BirdLife International, na plenária do Grupo de Trabalho 2, que trata das metas do próximo plano estratégico da CDB. O novo plano estratégico, que deve ser aprovado na décima Conferência das Partes da CDB (COP 10/CDB) em outubro, terá duração de 2011 a 2020.

O ponto central da declaração das ONGs é que as metas que estão na atual proposta de plano estratégico não são suficientes para conter a perda de biodiversidade. As entidades que assinaram a declaração solicitam metas capazes de zerar a perda de biodiversidade até 2020.

A declaração das ONGs foi respaldada pelo Malawi, país da África, e por isso agora faz parte dos documentos oficiais da reunião do SBSTTA.

Aos países-parte da Convenção sobre Diversidade Biológica:

O relatório Panorama Global da Biodiversidade 3 demonstra claramente que, apesar do progresso obtido em algumas áreas, os países-parte da Convenção sobre Diversidade Biológica falharam em atingir as metas estabelecidas para 2010.

A perda de diversidade biológica continua ocorrendo em níveis alarmantes, os serviços e funções dos ecossistemas estão diminuindo severamente e nem os benefícios dos recursos naturais e nem os custos de sua perda estão sendo repartidos equitativamente.

Nós falhamos porque não abordamos as causas da perda de biodiversidade. As atuais políticas econômicas e sistemas de governança promovem o consumo exacerbado dos recursos naturais por alguns países e segmentos da sociedade. Isso está levando à destruição dos habitats, o que debilita os direitos e os meios de vida de milhões de pessoas que dependem dos ecossistemas para sobreviver.
A capacidade do planeta de suportar a crescente população humana, com altos níveis de produção e consumo, é limitada. A sustentabilidade da vida na terra está sendo severamente enfraquecida.

Estamos num momento decisivo. Uma mudança fundamental é necessária e urgente. A sociedade precisa de uma nova visão que associe políticas socioeconômicas e ambientais.

A boa notícia é que ainda dá tempo. Podemos aprender com as experiências de sucesso e desenvolver abordagens inteligentes e equitativas para o futuro.

Os países-parte da CDB são agora desafiados a liderar o mundo nesta direção.

No entanto, o setor ambiental não pode fazer isso sozinho. Todos os outros setores relevantes, responsáveis por temas como finanças, comércio, mudanças climáticas, energia, redução de desastres naturais, saúde, agricultura, florestas e pesca, precisam agir, tanto no nível nacional quanto no internacional.

Esses setores têm muito a ganhar: a biodiversidade e os ecossistemas funcionais fornecem diversos serviços que apoiam suas metas e sustentam a economia global como um todo.

É do interesse dos países que os governos reconheçam o valor e os benefícios da diversidade biológica para setores relevantes, assim como o custo que terão de enfrentar com sua perda.

Há alguns exemplos em que setores integraram a biodiversidade em seus portfólios, mas é necessária liderança política para garantir essa integração em uma escala muito maior.

Governos devem agir nos níveis mais altos. Chefes de Estado devem se comprometer a mobilizar recursos e ações de todos os setores relevantes.

O atual esboço do Plano Estratégico da CDB para 2020 não contempla adequadamente esse desafio.
Nós reconhecemos o trabalho do Secretariado da CDB, mas a missão geral proposta não é suficientemente ambiciosa. A perda de biodiversidade deve ser interrompida até 2020.

O cumprimento de muitas das metas propostas será uma contribuição positiva para interrompermos a perda de diversidade biológica, mas elas devem ser reformuladas significativamente para serem capazes de atingir a escala dos desafios que enfrentamos.

Portanto, recomendamos:

1. Reformular a missão geral, de acordo com o que segue:
“Até 2020, a perda de biodiversidade deve ser interrompida, os ecossistemas devem estar restaurados e os valores e benefícios da biodiversidade e dos ecossistemas devem ser compartilhados equitativamente e plenamente integrado a todos os aspectos do desenvolvimento. Todos os países-parte devem ter os meios para isso”.

2. Reformular as metas para assegurar que os seguintes temas sejam adequadamente abordados:

• O engajamento dos governos no mais alto nível para integrar a biodiversidade a portfólios relevantes, por meio do estabelecimento de comitês intersetoriais liderados por chefes de Estado.

• A identificação de passos, mecanismos e cronogramas concretos para integrar processos, benefícios e valores da biodiversidade ao desenho de políticas econômicas e à contabilidade dos países, para a saúde e o benefício de toda a sociedade e considerando as dimensões sociais, culturais e de governança da biodiversidade.

• A urgente prevenção da perda de habitats em todos os tipos de ecossistemas, por meio de planejamento territorial efetivo, manejo, uso sustentável e boa governança, com pleno respeito aos direitos de povos indígenas e comunidades locais.

• A integração dos objetivos da CDB a acordos multi-laterais relevantes. Em particular, decisões da Convenção sobre Mudanças Climáticas sobre mitigação e adaptação devem incluir abordagens com base nos ecossistemas que: mantenham ou ampliem a biodiversidade; contribuam com os meios de vida; reconheçam e respeitem os direitos de povos indígenas e comunidades locais; e mobilizem recursos adequados, de forma transparente e equitativa.

Nós incitamos os países-parte da CDB a anunciar compromissos nacionais para avançar nesses quatro temas antes da COP 10/CDB em Nagoya.

Estamos em uma encruzilhada. Como o relatório Panorama Global da Biodiversidade 3 avisa, sem ações rápidas, radicais e criativas, nós nos encaminharemos rapidamente para a destruição da vida na terra. Nossas organizações solicitam que os países-parte aproveitem essa oportunidade para tomar medidas concretas que vão transformar os pontos acima em realidade. Estamos ansiosos para trabalhar juntos durante a próxima década, que certamente será a Década da Biodiversidade para a Organização das Nações Unidas, garantindo que vamos conseguir colocar o planeta de volta em uma rota sustentável.

1. Birdlife International
2. BGCI -- Botanic Gardens Conservation International
3. Conservation International
4. EcoNexus
5. Ecoropa
6. Forest People’s Programme
7. Fundación Vida Silvestre Argentina
8. Global Forest Coalition
9. Global Invasive Species Programme
10. Greenpeace
11. Japan Civil Network for Convention on Biological Diversity (approximately 80 member organisations)
12. Plantlife International
13. The Gaia Foundation
14. The Timberwatch Coalition, South Africa
15. TRAFFIC
16. VAS – Green Environment Society (federation of 50 organisations in Italy)
17. Wetlands International
18. WWF

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Falta coerência à política climática no Brasil, dizem ONGs

06 Maio 2010
Por Observatório do Clima
O governo vive uma profunda contradição em relação à política de clima no Brasil. Ao mesmo tempo em que anuncia metas de redução de emissões de gases de efeito estufa e de desmatamento, age para alterar o Código Florestal, projeta obras civis de grande impacto socioambiental na Amazônia e ainda deixa de fora a sociedade na hora de tomar as decisões principalmente sobre a matriz energética nacional. Essas foram algumas das principais críticas feitas pelas 36 ONGs que atuam na questão climática durante o seminário realizado nesta quarta (5) em Brasília pelo Observatório do Clima. (www.oc.org.br)

O evento reuniu 200 participantes entre especialistas e membros do governo na tentativa de abrir espaço para que a sociedade civil possa participar do processo de regulamentação da lei que estabelece a Política Nacional sobre Mudança do Clima (12.187/09), sancionada no final do ano passado. A promessa do governo era a de que a regulamentação se daria por meio de grupos de trabalho até o final de março deste ano, o que não ocorreu até agora. Para contribuir, o Observatório do Clima prepara um documento com sugestões ao governo a ser colocado em consulta pública nas próximas semanas.

De acordo com o coordenador do Observatório do Clima, André Ferretti, as discussões públicas sobre a implementação da lei estão atropeladas pela corrida eleitoral. ‘’Não se pode comprometer a qualidade do plano de ação climática do país – que orientará o futuro desenvolvimento econômico nacional – pelos interesses eleitorais imediatos’’, afirmou.

Energia

Karen Suassuna, do WWF Brasil, criticou as incoerências entre as projeções de metas assumidas pelo Brasil na Política Nacional sobre Mudança no Clima as o Plano Nacional de Energia de 2030 e o Plano Nacional de Energia de 2030. ‘’O setor energético ainda é muito refratário à participação construtiva da sociedade civil nas discussões de energia. O governo injetou muita gordura nas projeções de energia, mais do que o crescimento real das emissões’’, disse ela. A falta de acesso da sociedade civil no planejamento energético não permite que falhas como essa sejam discutidas de modo transparente. ‘’O governo tem de ouvir a sociedade’’, finalizou.


 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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