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TECNOLOGIA 3D PERMITIRÁ MANEJO FLORESTAL EM FLORESTAS NATIVAS DA AMAZÔNIA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2010

(17/05/2010) Ações do documento A Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaria, por intermedio de seu Laboratório Virtual nos Estados Unidos (Labex-EUA), irá testar uma nova tecnologia, a ser aplicada no manejo e monitoramento das florestas nativas da Amazônia. Trata-se do sistema Lidar (pronuncia-se Laidar – perfilamento a lazer aerotransportado), que representará uma evolução na obtencão de informacão sobre a composicão e estrutura, redes de drenagem e topografia, em florestas tropicais.

No modelo tradicional todas estas informacões são obtidas diretamente de medidas feitas em campo ou por meio de imagem de satélite.O Lidar não somente permitirá a obtencão destas informacões em alta resolução mas também em 3 D. A tecnologia será testado em duas áreas de 500 hectares na Floresta Estadual de Antimary (FEA), situada no município de Sena Madureira, no Estado do Acre.A iniciativa é fruto da parceria entre a Embrapa, o Servico Florestal Americano (Forest Service) e o Governo do Acre.

De acordo com o lider do projeto, atualmente sediado no laboratório virtual da Embrapa nos Estados Unidos (Labex-EUA), Marcus Vinicio Neves d’Oliveira, no uso de imagem de satélite o monitoramento é feito em duas dimensões – latitude e longitude e normalmente a resolução no terreno não é suficiente para medir com precisão pequenos impactos produzidos na floresta pelo manejo florestal (ex. como o corte de uma única árvore). Ainda, com o sistema Lidar, acrescentamos a altitude como terceira variável, permitindo por exemplo a avaliação da biomassa florestal árvore a árvore e em 3D”, afirma Oliveira.

Manejo em 3D

Para conseguir essa terceira dimensão, o novo sistema realiza uma espécie de escaneamento da área a ser manejada por meio do sobrevoo e da utilização de um pulsor de laser acoplado a um GPS, que emite feixes luz em frequência elevada, de 100 mil a 200 mil pulsos por segundo. Esses feixes êem a capacidade de se infiltrar pela vegetção mais fechada até atingir o solo.

Como cada pulso refletido retorna um ou mais pontos com coordenadas x,y ez ao final consegue-se uma espécie de fotografia em três dimensões da região. Desta forma, é possível de se obter, por esse sistema, informacões praticamente impossíveis de se conseguir pelo uso de outras ferramentas de sensoreamento remoto, tais como relevo e hidrografia de áreas florestais em alta resolução.

Nesses casos, o grau de precisão das imagens do sistema Lidar, ao nivel do solo, chega a ser de apenas 15 cm. Além disso, o sistema Lidar também permitirá estimar com precisão a quantidade de biomassa das árvores da floresta (avaliações da Madeira e do carbono).

Em termos gerais, o sistema Lidar deverá proporcionar diversas aplicações, desde estudos de ecologia, e dinâmica de florestas, o monitoramento dessas áreas para o controle de desmatamento e atividades de exploração ilegal de madeira, além do manejo propriamente dito, visando o aproveitamento sustentável da floresta.

O Teste

O sistema Lidar vem sendo usado com sucesso, especialmente no manejo de florestas temperadas, em países como os Estados Unidos e Canadá desde meados dos anos de 11000. Nesses países o sistema tem também sido usado em areas remotas como as florestas do Alaska, que tem três pontos comuns com as florestas da Amazônia: grandes áreas, dificuldade de acesso e restrições climáticas para trabalho de campo (no caso do Alaska o inverno e na Amazônia a estação de chuvas). Estudos com Lidar de média resolução já foram feitos em outras regiões tropicais como na Costa Rica e recentemente no Peru.

Entretanto, esta será a primeira vez que a tecnologia sera testada como ferramenta de planejamento e monitoramento em florestas tropicais, como as encontradas na Amazônia. Para isso, será realizado um voo sobre duas áreas de 500 hectares no projeto de manejo florestal do FEA.

A primeira área e parte de um compartimento explorado em 2009 e a segunda uma área de floresta, ainda intacta, prevista para ser manejada em 2010. “Com essa experiência, estamos querendo saber se obteremos com o uso dessa tecnologia em florestas tropicais, resultados semelhantes ao obtidos quando ela foi aplicada em florestas temperadas” afirma Marcus Oliveira.

Entretanto, o pesquisador da Embrapa está confiante que a eficiência dessa tecnologia será tão boa na Floresta Amazônica quanto a encontrada nas florestas temperadas do Alasca. Essa experiência, está sendo patrocinada pelo Servico Florestal Americano (Forest Service), Embrapa e pelo Governo do Acre e de acordo com os resultados obtidos deverá ser aplicada em outros países da Amazonia.
Wilson Fonseca Junior

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Pesquisas estudam o uso sustentável da bacia do rio São Francisco

(17/05/2010) Para o engenheiro agrônomo Tony Jarbas Ferreira de Cunha, pesquisador da Embrapa Semiárido, um dos grandes desafios para a recuperação da mata ciliar do rio São Francisco é conciliar a produção agrícola, que garante alimento às famílias ribeirinhas e renda aos empreendimentos privados, e o envolvimento ativo desses segmentos no processo de reconstituição da vegetação da beira do rio e dos seus afluentes.

Em recente relatório parcial do projeto “Contribuição à revitalização do rio São Francisco com base na reconstituição das suas matas ciliares e recuperação de áreas degradadas nos municípios de Petrolina, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista”, Tony faz um amplo levantamento das áreas afetadas pela degradação, identifica a relação que têm com a exploração agrícola ou atividades humanas inadequadas.

Assoreamento

É um volume detalhado de dados, mapas e informações, que esclarece a dimensão que o problema vem tomando, mas, também, ajuda a população ribeirinha, autoridades e empreendedores a se integrarem em iniciativas para conter práticas de desmatamentos, queimadas e cultivos em locais impróprios. O relatório foi encaminhado ao Banco do Nordeste que financia a execução do projeto coordenado pelo pesquisador da Embrapa.

Na sua elaboração foram empregadas técnicas de geoprocessamento, imagens de satélites, além da observação in loco nas margens do rio. A paisagem que se sobressai é a gradativa eliminação da vegetação da caatinga, e parte dela sendo convertida ao processo agrícola.

Nos três municípios, Tony Jarbas delimitou as áreas em não degradada e degradada. Esta, ele subdividiu em quatro grupos: antropizadas – considerada a mais importante para as questões relacionadas aos impactos negativos das atividades humanas sobre o rio São Francisco; de influência urbana – as cidades, complexos industriais, aeroportos e vilarejos; cultivos – onde estão os projetos de irrigação e assentamentos rurais; e pastagem natural.

Tamanho

Conforme o relatório do projeto, a degradação na zona ripária do rio acontece de forma diferente em cada um dos municípios. Em Petrolina, que tem o quarto maior PIB agrícola do país, as áreas afetadas correspondem a 43.164,04 (29%) do total de 146.398.22 hectares das margens do São Francisco.

Neste município, as maiores extensões de áreas degradadas estão relacionadas aos cultivos – 19.366.51 ha – e às áreas antropizadas -17.479.39 ha. Em Lagoa Grande, de um total de 19.013,58 ha de margem de rio, 34,4% (6.549.64 ha) apresentam problemas ambientais, cujas causas mais relevantes são as ações antrópicas (3.182,13 ha) e os cultivos (3.035,08 ha).

No caso de Santa Maria da Boa Vista as informações registradas pelo pesquisador Tony Jarbas são as seguintes: a área total de margem é 56.807,71 ha que sofre processos de degradação já em 15.708,2 ha (27,65%). As áreas antropizadas (8.886,30 ha), seguida dos cultivos (6.335,54 ha) são os fatores que mais interferem no ambiente desse município pernambucano.

As alterações provocadas pela expansão urbana são relevantes em Petrolina. Aqui, as anotações de degradação referente a esta questão correspondem a 11%. Em Lagoa Grande e Santa Maria, os percentuais são de pouco mais de 0,82% e 1,22%, respectivamente.

Sedimentos

Para Tony Jarbas, agricultores e autoridades ligadas ao meio ambiente e ao desenvolvimento regional precisam estar atentas a esses percentuais até porque eles revelam situações que vêm acontecendo ao longo do tempo. Em alguns locais, a degradação alcança grau tão elevado que os solos não prestam mais para uso algum e, em parte delas, apenas a algaroba, que é uma espécie exótica, apresenta resistência para suportar a salinização das terras que margeiam o rio.

Engenheiro Florestal com atuação na área de Sensoriamento Remoto, o pesquisador Iedo Bezerra Sá, da Embrapa Semiárido, afirma que os problemas decorrentes do desmatamento e queimadas da mata ciliar, as práticas agrícolas inadequadas, se estendem por toda a bacia do rio São Francisco.

No estudo “Sedimentação do rio São Francisco: uma abordagem utilizando técnicas de sensoriamento remoto orbital e geoprocessamento” ele aponta “evidentes agressões provocadas ao rio”. Na sua realização, utilizou a série histórica de dados orbitais do sistema de satélite da série Landsat 5-7, entre os anos de 1995 e 2005, e o mosaico de imagens Geocover da NASA, do ano de 2006.

Com base nas imagens de última geração associadas a deslocamentos para a verificação no campo das observações realizadas por satélite, Iedo Sá é categórico: em praticamente todos os locais analisados, observa-se intensa atividade agrícola, associada a práticas de manejo inadequadas, queimadas, subtração da vegetação ciliar, loteamentos de urbanização, parques industriais de alto potencial poluidor, estruturas de laser não regulamentadas e emissão de esgotos sem nenhuma forma tratamento.

Segundo o pesquisador da Embrapa, os sedimentos já são registrados no leito do rio a taxas “altíssimas”. Levantamento feito pela Agência Nacional das Águas divulgado em 2003, os sedimentos na bacia eram assim distribuídos: 8,3 x 106 T/ano no Alto São Francisco, nas imediações de Pirapora (MG); 21,5 x 106 T/ano, no Médio São Francisco, próximo a Morpará (BA); 12,9 x 106 T/ano, no Sub-médio, nos arredores de Juazeiro (BA); e 0.41 x 106 T/ano, no baixo, nas cercanias de Própria (AL).

Para Iedo, é como se fossem despejados no ano milhares de toneladas de terra no leito do rio. No caso de Pirapora, por exemplo, a quantidade de sedimentos anotados pelo estudo da ANA equivale à capacidade de aproximadamente 593 mil caçambas, com disposição para 14 toneladas cada. Nas proximidades de Juazeiro, os números indicam que algo como o carregamento de areia de 921 mil caçambas está indo por ano parar no leito do rio São Francisco.

As quantidades mais elevadas no médio e no submédio se devem à pequena declividade do rio. Em outras palavras, o rio não tem força para empurrar os sedimentos na correnteza, explica Iedo. Assim, se precipitam para o fundo dos rios, causam assoreamento, e, em conseqüência, diminuem de vazão, a água perde qualidade, diminuem a navegabilidade e a piscosidade.

Para ele, a erosão do solo e o conseqüente assoreamento dos cursos d’água são dois dos problemas mais graves. O desmatamento, sobretudo da mata ciliar, para o estabelecimento da agricultura, da pecuária extensiva e retirada de madeira, tem contribuído de forma determinante para a degradação.
Portanto, recompor a vegetação das margens do rio e dos seus afluentes é fundamental para minimizar os problemas que ocorrem na bacia hidráulica e por extensão em toda a bacia hidrográfica, assegura o pesquisador.

Intervenção

Atualmente, já estão em andamento iniciativas de recuperação da mata ciliar do rio organizadas por diversas instituições públicas e organizações da sociedade civil. Em uma delas, o Escritório de Petrolina da Embrapa Transferência de Tecnologia produziu cerca de 200 mil mudas de espécies nativas para apoiar as ações de revegetação da Codevasf ao longo de 400 km da margem esquerda do rio, entre os municípios pernambucanos de Petrolina e Petrolândia, no Submédio São Francisco.

O engenheiro agrônomo Ivan Andre Alvarez, pesquisador da Embrapa Semiárido na área de Manejo e Conservação de Formações Vegetais, considera que um desafio para garantir bons resultados neste trabalho de recuperação de mata ciliar está na abordagem aos proprietários de terras próximas às margens do rio.

A fragmentação das propriedades com uma grande diversidade de usos agrícolas e de lazer aumenta a complexidade do planejamento de ações que reduzam os impactos ambientais sobre a bacia hidrográfica. Para ele, o manejo vegetal precisa estar associado ao uso e às expectativas da população que vive no entorno do rio.

No projeto que coordena, “Diagnóstico de áreas degradadas e plano piloto de recuperação das margens do rio São Francisco para o bioma caatinga na região de Petrolina (PE)/Juazeiro (BA)”, Ivan explica que a questão da mata ciliar é pesquisada no conjunto das estratégias de produção dos agricultores e ribeirinhos. Consideramos fundamental trabalhar a recuperação florestal aliada ao manejo da propriedade com alternativas que sejam viáveis aos proprietários, afirma.

Neste projeto atua uma equipe de 30 pesquisadores da Embrapa (Semiárido, Floresta e Solos/UEP Recife), das universidades do Vale do São Francisco (Univasf), Federal Rural de Pernambuco (UFRPE, do Estado da Bahia UNEB) e Estadual de Santa Cruz (UESC).

Em 16 propriedades, das mais de 100 selecionadas inicialmente, já estão diagnosticadas quanto à cobertura vegetal, qualidade do solo, presença de polinizadores e forma de uso da propriedade. O objetivo é propor um plano piloto para futuras intervenções na paisagem do entorno do rio São Francisco na área da Região Integrada de Desenvolvimento (Ride) formada pelos municípios de Juazeiro, Curaçá, Casa Nova e sobradinho – na margem baiana, e Petrolina, Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista e Orocó – do lado pernambucano.


 

Fonte: Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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