26/05/2010
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Uma espécie florestal relativamente
nova no Brasil pode vir a ser adotada para reflorestamento
de áreas desmatadas no país e servir
como opção a outras madeiras usadas
no plantio, como o eucalipto e o pinus. Trata-se
da teca, que é objeto de pesquisas na Embrapa
Florestas.
O chefe de pesquisas da unidade
da Embrapa, Ivar Wendling, disse hoje (26) à
Agência Brasil que a teca, nativa da Ásia,
chegou ao país há 15 anos e está
crescendo de importância devido às
demandas do setor florestal. “De acordo com as estatísticas,
existem mais de 50 mil hectares plantados com teca
no Brasil, com perspectiva de aumento”, e Mato Grosso
é o estado que mais planta a espécie,
disse.
Wendling explicou que a teca se
adapta às áreas de clima seco e de
temperatura alta, mas que não há ainda
informações suficientes para afirmar
que ela poderia ser eficaz no reflorestamento em
regiões úmidas, como a Amazônia.
“A ciência ainda não tem essa resposta
se pode ou não pode [servir]”, disse.
Na avaliação do
pesquisador, as espécies florestais novas,
como a teca, têm de início uma área
de preferência mais restrita. Após
os melhoramentos genéticos, ela pode crescer
e aumentar a produtividade, melhorando inclusive
a qualidade da madeira. “É nessa linha que
a pesquisa precisa avançar um pouco mais
para dar essas respostas”. E como se trata de uma
espécie nova no Brasil, ela tem potencial
que precisa ser explorado, afirmou Wendling.
Para as indústrias madeireiras,
a teca é uma opção ao pinus
e ao eucalipto. “Ela tem um nicho de mercado bem
interessante. A qualidade da madeira pode ser muito
boa, dependendo do manejo e da idade em que vai
ser cortada. Tem um valor agregado bastante bom”.
O problema, frisou, é que há pouco
material disponível. “Hoje, se a gente quisesse
aumentar a área de plantio, não teríamos
sementes ou mudas suficientes. Isso seria uma restrição
à ampliação”.
O custo de plantio não
varia muito em relação a outras espécies.
Em geral, no primeiro ano, o custo de implantação
de uma espécie florestal oscila entre R$
1,5 mil e R$ 2,5 mil por hectare. No segundo ano,
esse valor diminui para cerca de R$ 200 a R$ 600.
Mas, a partir do terceiro ano, quase não
há necessidade de manutenção.
A adoção da teca
como alternativa para plantios florestais no país
será debatida a partir de amanhã (27)
no município de Sinop, em Mato Grosso, durante
workshop promovido pela Embrapa Florestas. O objetivo
é levantar questões, como a necessidade
de se fazer um programa de melhoramento genético
para a espécie e uma rede de pesquisa integrada
entre instituições públicas,
privadas, empresas e produtores para atuarem em
sintonia.
Edição: Aécio Amado