27 mai 2010
Em coletiva de imprensa realizada hoje (27) na Casa
Branca, o presidente dos Estados Unidos, Barack
Obama, confirmou moratória de seis meses
para novos poços de petróleo em alto
mar e suspendeu a perfuração na costa
do Alasca. A notícia vem acompanhada do anúncio
oficial de que o vazamento do Golfo é duas
vezes maior do que o esperado e já é
oficialmente o maior da história do país.
Durante a coletiva, o presidente
americano se disse frustrado com a atuação
da BP, garantiu ser o governo americano o responsável
por solucionar o problema e afirmou que o acidente
no Golfo do México revela a urgência
por soluções renováveis de
energia. Apesar do discurso, o tempo da moratória,
válida por seis meses, será usado
para novas avaliações sobre a segurança
da exploração em alto mar, que certamente
deverá ser retomada após a poeira
do desastre baixar.
“Enquanto permitirmos que empresas
como BP e Shell pressionem políticos a assinarem
as leis energéticas, continuaremos dependentes
de combustíveis fósseis. O lobby poluidor
deveria ser vetado do governo Obama”, diz John Hocevar,
Coordenador da Campanha de Oceanos do Greenpeace
nos Estados Unidos. "A suspensão anunciada
por Obama não é suficiente. A única
maneira de evitarmos outro desastre é banindo
por completo a exploração de petróleo
em alto mar”, complementou.
Desde ontem (26), as expectativas
estão altas no Golfo do México, palco
do desastre. A BP, empresa responsável pela
plataforma que explodiu, colocou em prática
uma nova técnica, chamada “Top Kill”, nunca
antes experimentada em profundidade, para paralisar
o vazamento.
A ideia é tapar o buraco
com um misto de lama e cimento. A expectativa de
sucesso é de 60%, mas a empresa vem afirmando
que o esforço está sendo bem sucedido.
Sete ativistas do Greenpeace que
há dois dias subiram em um navio de exploração
petrolífera ancorado em porto da Lousiana,
nos Estados Unidos, para protestar contra o vazamento
de óleo no Golfo do México e exigir
o fim da exploração petrolífera
em alto-mar foram indiciados por invasão
de propriedade.
Correm também o risco de
caírem na malha da lei antiterror americana
por invadirem infra-estrutura considerada crítica
para a economia do país. Os executivos da
BP não sofreram qualquer sançao legal
até agora.
+ Mais
US$ 4 bi contra o desmatamento
27 mai 2010
Sete países industrializados (Noruega, Alemanha,
Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, Japão
e França) anunciaram hoje, durante encontro
sobre a proteção de clima em Oslo,
na Noruega, a doação de quatro bilhões
de dólares para ajudar no combate ao desmatamento,
principalmente nas regiões de florestas tropicais,
responsável por cerca de 20% das emissões
globais de gases do efeito estufa. Apesar de receber
com bons olhos o anúncio de hoje, o Greenpeace
chamou a atenção para o fato de que
a questão de como os recursos serão
gastos permanece sem resposta. Durante a conferência
em Oslo, o presidente indonésio Yudhoyono
anunciou uma moratória de dois anos sobre
novas concessões para a conversão
de florestas no país.
O acordo de financiamento anunciado
hoje é o primeiro apoio internacional de
grande porte para reduzir as emissões de
desmatamento e degradação florestal
(REDD, na sigla em inglês) desde o fracasso
das negociações de clima em Copenhague,
em dezembro do ano passado. Para o Greenpeace, qualquer
mecanismo de REDD só será bem-sucedido
se salvaguardas robustas forem estabelecidas para
proteger a biodiversidade e se os direitos dos povos
indígenas forem contemplados.
“Os recursos doados pelos países
ricos para combater o desmatamento devem ser aplicados
de forma responsável e não devem ser
usados para subsidiar a exploração
de madeira ou atividades agropecuárias sob
o manto do ‘manejo florestal sustentável’.
Qualquer plano sério de proteção
às florestas deve ter uma abordagem nacional,
já que projetos menores e individuais podem
ter impacto negativo sobre as comunidades locais,
além de apenas ‘empurrar’ práticas
destrutivas que resultam em desmatamento para outras
áreas de floresta”, disse Susanne Breitkopf,
da campanha internacional de Florestas do Greenpeace.
Sobre a moratória na Indonésia,
o Greenpeace considerou a medida como um primeiro
passo importante para que a Indonésia cumpra
sua meta de redução de emissões.
A moratória era uma pré-condição
para viabilizar o acordo de 1 bilhão de dólares
com a Noruega. Mas, para o Greenpeace, se a moratória
não for estendida para cobrir também
as concessões já existentes, o desmatamento
no país deve continuar subindo. Além
disso, a medida deve entrar em vigor imediatamente.
“Ao anunciar a moratória
para novas concessões florestais, a Indonésia
deu um passo importante na direção
certa, mas para que a medida tenha impactos reais
na luta contra o aquecimento global, a moratória
deve incluir os milhões de hectares de florestas
do país que já foram alocados para
a destruição. Para isso, a medida
deve ser transformada em decreto presidencial com
efeito imediato”, disse Yuyun Indradi, conselheiro
político do Greenpeace no Sudeste Asiático.
“Recursos para a proteção
das florestas tropicais, como a doação
anunciada hoje em Oslo, devem ser usados de forma
a permitir que países com florestas tropicais,
como a Indonésia e o Brasil, implementem
políticas públicas para zerar o desmatamento,
ampliar a governança e beneficiar diretamente
as populações locais”, afirmou Paulo
Adario, diretor da campanha Amazônia do Greenpeace.
“Enfraquecer a legislação que proteger
nossas matas, como a bancada da motosserra quer
desfigurar o atual Código Florestal, só
vai afastar países doadores do Brasil e isolar
o país no cenário internacional”.