(27/05/2010)
Uma nova tecnologia para aplicação
no manejo e monitoramento de florestas nativas da
Amazônia será testada em florestas
do Acre. Trata-se do sistema Lidar (perfilamento
a lazer aerotransportado), desenvolvido pela Embrapa,
no Laboratório Virtual da empresa nos Estados
Unidos (Labex EUA), em parceria com o Serviço
Florestal Americano e Governo do Acre. Os testes
com a tecnologia serão realizados na segunda-feira
(31), na Floresta Estadual do Antimary, principal
projeto de manejo do Estado, localizado no município
de Sena Madureira.
“A inovação representa
um salto na evolução do detalhamento
das informações sobre a composição,
estrutura, redes de drenagem e topografia de florestas
tropicais. O Lidar fornecerá informações
inéditas sobre a floresta, apresentadas em
alta resolução e em três dimensões,
que poderão ser utilizadas nas diversas etapas
da atividade de manejo florestal”, diz o pesquisador
Marcus Vinício d´Oliveira, um dos autores
da tecnologia.
Conforme explica o pesquisador,
o Lidar é uma tecnologia composta por um
pulsor a laser acoplado a um GPS, que funciona entre
mil e 1.500 metros de altura, emitindo feixes de
luz em alta frequência, sobre a floresta,
que variam de 100 mil a 200 mil pulsos por segundo.
“Esses feixes têm a capacidade de se infiltrar
na vegetação mais fechada até
atingir o solo. O nível de precisão
da tecnologia é tanto que o sistema é
capaz de identificar pequenos impactos produzidos
pela atividade florestal, como o corte de uma árvore,
podendo ajudar na identificação de
práticas ilegais de exploração
de madeira”, acrescenta.
Para realização
dos testes com a tecnologia, um avião partirá
de Rio Branco (AC) com uma equipe de pesquisadores
em direção à Floresta do Antimary.
A aeronave sobrevoará, por cerca de três
horas, uma área de mil hectares de cobertura
vegetal. O sistema será aplicado primeiramente
em uma área de 500 hectares, que já
vem sendo manejada; em seguida, em uma parcela de
500 hectares de floresta ainda intacta. O objetivo
é avaliar a eficiência da tecnologia
nestes ambientes e comparar os resultados obtidos
com os dados alcançados em florestas temperadas
de outros países que já dotam o sistema.
O governo do Acre, por intermédio
da Secretaria Estadual de Florestas (Sef), financiou
o levantamento de campo, que permitirá correlacionar
os resultados da tecnologia com o que acontece na
prática na floresta.
Para o secretário de florestas,
Carlos Ovídio, a nova tecnologia surge como
alternativa para melhorar a qualificação
do manejo florestal, do ponto de vista do planejamento
e processo exploratório, tornando a atividade
mais sustentável. “Esta ferramenta vai aperfeiçoar
o sistema de rastreamento de florestas e elevar
a credibilidade do manejo florestal na Amazônia.
Isto cria um diferencial no mercado, na medida em
que contribui com o processo de certificação
da atividade”, avalia.
Tecnologia multiuso
De acordo com d´Oliveira,
o mapeamento realizado pelo Lidar agrega informações
inéditas sobre a floresta. “Para cada pulso
que o sistema emite, retornam sete ou oito pontos
com coordenadas que ajudam a mapear a área.
Ao final da passagem do aparelho, uma nuvem de pontos
permite uma alta definição da cobertura
vegetal. Além disso, a tecnologia multiuso
fornece uma gama de informações que
as tecnologias convencionais não possibilitam
como, por exemplo, aspectos da topografia e da rede
hidrográfica da floresta. “Estes dados têm
ampla aplicação não só
no manejo florestal, mas também no trabalho
de monitoramento para controle do desmatamento e
outras atividades de fiscalização,
além de estudos relacionados à ecologia
e dinâmica de florestas e medição
de estoques de carbono”, enfatiza.
No caso específico do Acre,
além da atividade de manejo e das pesquisas
florestais, poderá ajudar, inclusive, na
localização de geoglifos, formas geométricas
antigas existentes nos solos da floresta. Estas
figuras vêm contribuindo com pesquisas arqueológicas
para explicar a existência de antigas civilizações
na Amazônia.
Diva Gonçalves
+ Mais
Teca pode ser alternativa para
plantios florestais no Brasil
(26/05/2010)
Na quinta-feira ( 27) e sexta-feira ( 28) , a Embrapa
Florestas e a Embrapa Mato Grosso realizam em Sinop/MT,
um workshop sobre o cultivo da Teca, uma espécie
florestal introduzida que pode ser alternativa para
plantios florestais no Brasil.
O workshop vai debater temas como
silvicultura, economia, manejo, sanidade e genética
com o objetivo de promover a discussão e
colaboração técnico-científica
entre os principais profissionais relacionados a
atividades com teca. Outro objetivo é o estudo
da viabilidade de um programa de melhoramento genético
para a espécie. Participam pesquisadores
de diversas instituições de pesquisa,
professores, extensionistas e empresários.
A madeira da Teca tem um grande
apelo estético, o que lhe posiciona entre
as madeiras mais cobiçadas do mercado, concorrendo
inclusive com o mogno, por isso, no mercado externo,
seu valor é bastante atrativo. Além
disso, a espécie apresenta óleo-resinas
em sua composição, o que garante grande
resistência a água e ao ataque de microorganismos
e insetos.
O Mato Grosso é, atualmente,
o estado que mais planta teca, uma alternativa às
espécies tradicionalmente cultivadas, como
pínus e eucalipto. Mas o Brasil conta ainda
com diversas regiões geográficas com
condições de clima e solo para a espécie.
Atualmente, segundo dados da Abraf, as áreas
de plantios comerciais de teca ultrapassam 65 mil
hectares. A teca poderia ser plantada nas grandes
áreas desmatadas ou descaracterizadas como
alternativa para as indústrias madeireiras.
O evento conta com apoio do Sindusmad
e acontece no Auditório do Auditório
do Senai. No primeiro dia acontecem palestras e,
no segundo, um grupo de trabalho vai discutir perspectivas
de atuação e pesquisas com a espécie.