22/05/2010
Carine Corrêa
São Paulo - Em seminário sobre a Mata
Atlântica realizado hoje (22/5) em São
Paulo, para celebrar o Dia Internacional da Biodiversidade,
a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira,
disse que há grandes chances de que sejam
criadas oito novas unidades de conservação
no bioma, no Espírito Santo e na Bahia, já
no mês de junho.
Ela afirmou que caso o projeto
não seja assinado pelo presidente Lula nos
próximos dias, até o fim do ano as
áreas de proteção devem ser
criadas. Fez referência também ao relatório
do Panorama Global da Biodiversidade da ONU, que
citou o Brasil como a nação que mais
implementou áreas protegidas em todo o mundo
(três quartos dos 700 mil km²), entre
2003 e 2009.
"A Mata Atlântica é
o bioma mais ameaçado do País, e é
muito importante dar prosseguimento à proteção
das áreas remanescentes e fomentar a criação
de novas áreas protegidas", afirmou
a ministra. Ela acrescentou ainda que, neste momento
em que o País experimenta um processo sólido
de crescimento, com muitas obras de infraestrutura
sendo realizadas, é preciso definir novos
modelos de gestão das unidades de conservação
(UCs) e dos fundos que liberam recursos para elas.
Izabella citou também o
desafio da regularização fundiária
nas UCs, bem como a implementação
dos mecanismos de pagamento por serviços
ambientais nessas áreas.
A ministra disse que foi assinado
um termo de cooperação entre o MMA
e os ministérios dos Esportes e do Turismo
que prevê investimentos destinados à
melhoria da infraestrutura dos parques federais
localizados nos estados que vão sediar a
Copa do Mundo de 2014.
Ela reforçou a necessidade
de conclusão de muitos projetos para criar
as bases de novos programas que devem ter continuidade
nos próximos governos.
"Quando vemos o Panorama
Mundial da Biodiversidade, as referências
mais exitosas são do Brasil. Mas também
há o fato de que nenhuma meta estabelecida
pelos países signatários da Convenção
sobre Diversidade Biológica (CDB) foi cumprida.
Ainda assim, o País é citado como
modelo na criação de áreas
protegidas", disse a ministra.
No evento, Izabella assinou o
abaixo-assinado de apoio à integridade do
Parque Nacional do Itatiaia.
Seminário - O Seminário
sobre Sustentabilidade e Conservação
da Mata Atlântica reuniu integrantes de ONGs,
ambientalistas, políticos e representantes
do setor produtivo. O objetivo foi discutir ações
de conservação e proteção
das áreas remanescentes do bioma, que tem
apenas 8% de sua cobertura vegetal original, atualmente.
A secretária de Biodiversidade
e Florestas do MMA, Maria Cecília Wey de
Brito, fez a exposição do Projeto
de Proteção da Mata Atlântica
II, que tem como metas: criar 15 mil km² de
áreas protegidas, monitorar o bioma e implementar
projetos de pagamentos por serviços ambientais.
Maria Cecília explicou
que os recursos para o projeto são de 11,5
milhões de euros, sendo que R$ 9,5 milhões
são provenientes do governo alemão
e os outros R$ 2 milhões do governo brasileiro
e de entidades parceiras. "O projeto já
está em andamento, e deve ser executado dentro
dos próximos três anos", contou.
"É um momento muito
grave, e precisamos reunir todos os setores para
avançar não só na conservação
das conquistas já obtidas, mas também
para garantir outras conquistas", disse a diretora
da SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota.
Ela explicou que é a segunda
vez que a semana da Mata Atlântica acontece,
em paralelo ao evento Viva a Mata. Ressaltou, ainda,
que o trabalho da instituição em relação
à conservação da biodiversidade
vem acontecendo em parceria com a Conservação
Internacional.
Já o coordenador geral
da Rede de Ongs da Mata Atlântica, Renato
Cunha, defendeu o fortalecimento do sistema de gestão
ambiental no País.
As comemorações
do Dia da Mata Atlântica em São Paulo
neste ano foram feitas no Museu Afro Brasil, onde
os defensores da Mata Atlântica - definida
como um conjunto de formações florestais
e seus ecossistemas associados como as restingas,
manguezais e campos de altitude, mais ameaçados
de extinção do País - se reúnem
para fazer um balanço das ações
em curso.
Com isso, pretendem reverter a
destruição do bioma, que já
teve consumidos mais de 70% de sua vegetação
original, que cobria cerca de 1,3 milhão
de quilômetros quadrados do território
nacional.
O evento também pretende
pressionar os candidatos às eleições
deste ano para que assumam compromissos de proteção
ao que restou da Mata Atlântica, bem como
de recuperação de áreas degradadas.
De acordo com dados da Fundação
SOS Mata Atlântica, as áreas bem conservadas
e com tamanho suficiente para garantir a biodiversidade
do bioma no longo prazo não chegam a 8%.