26 Maio 2010
Por Geralda Magela
De Campo Grande/MS
Em uma reunião realizada nesta quarta-feira,
26, representantes de ONGs que atuam no Pantanal
entregaram ao Governador do Mato Grosso do Sul,
André Puccinelli, estudo realizado pelas
instituições sobre a cobertura vegetal
da Bacia do Alto Paraguai, onde está o Pantanal.
Participaram do encontro com o governador representantes
da Ecoa-Ecologia e Ação, Conservação
Internacional, SOS Pantanal e WWF-Brasil.
O estudo denominado Monitoramento
das Alterações da Cobertura Vegetal
e Uso do Solo na Bacia Alto Paraguai foi realizado
por esse consórcio de ONGs com o apoio técnico
da Embrapa Pantanal. O resultado demonstrou o que
as instituições já imaginavam,
mas precisavam de comprovação técnica.
Os impactos são maiores no planalto do Pantanal.
Enquanto a planície inundável
mantém 86,6% da sua cobertura vegetal natural,
no planalto da BAP, apenas 43,5% da área
possui vegetação nativa. O desmatamento
também é maior na parte alta. De 2002
a 2008, o lado brasileiro da BAP, onde está
o Pantanal, teve uma perda de 4% de sua vegetação
natural, contra 2,4% da planície.
Durante o encontro, o coordenador
do Programa Pantanal do WWF-Brasil, Michael Becker,
destacou que o objetivo do estudo é ter uma
ferramenta de gestão e monitoramento do Pantanal,
que possa ser atualizada com regularidade. “Acreditamos
que esse diagnóstico pode ajudar a adoção
de políticas públicas para conservação
e recuperação dessas áreas
de maior risco e de valorização das
iniciativas positivas, que gerem menos impactos,
como a pecuária orgânica”, ressaltou.
O governador André Puccinelli
disse que o estudo será muito útil
ao governo. “Os dados apresentados neste estudo
de forma copilada são importantes porque
trazem novos elementos, novos conhecimentos. Vão
nos fazer mais aptos a melhorar nossas ações
de conservação”, afirmou o governador.
+ Mais
Estudo mostra importância
de áreas protegidas na redução
de emissões
27 Maio 2010
Por Isadora de Afrodite
Foi divulgado ontem artigo científico que
demonstra que as áreas protegidas (APs) da
Amazônia são efetivas para reduzir
a emissão de carbono para a atmosfera, por
desmatamento evitado. O artigo, preparado por pesquisadores
brasileiros e americanos, foi publicado no prestigioso
periódico Proceedings of the National Academy
of Sciences (PNAS).
De acordo com a pesquisa, as áreas
protegidas – que englobam as terras indígenas,
as unidades de conservação de uso
sustentável e as unidades de conservação
de proteção integral – abrigam 54%
das florestas remanescentes da Amazônia Brasileira.
Para definir o quanto as APs contribuem para impedir
a emissão do carbono armazenado na floresta
para a atmosfera, os pesquisadores analisaram os
efeitos de cada uma das 595 áreas protegidas
da Amazônia sobre o desmatamento. A conclusão
é que, entre 1997 e 2008, o conjunto de APs
demonstrou efeito de inibição do desmatamento.
Das áreas protegidas criadas depois 1999,
115 se mostraram efetivas imediatamente após
terem sido decretadas.
Ainda de acordo com o artigo,
a recente expansão do número de áreas
protegidas na Amazônia foi responsável
por 37% do total de redução de 13,4
mil km² no desmatamento entre 2004 e 2006.
É importante registrar que, nesses casos,
não houve vazamento, ou seja, a criação
de novas APs não desviou o desmatamento para
outros lugares, e sim evitou de fato que novas áreas
fossem desmatadas.
As estimativas do estudo apontam
que, além das APs, mudanças no ciclo
econômico contribuíram com 44% da redução
do desmatamento na Amazônia, enquanto 18%
podem ser atribuídos a outros fatores, como
fiscalização mais intensiva pelo governo
federal. Essas projeções foram feitas
a partir de um modelo econométrico de previsão
do desmatamento com base nas mudanças das
condições socioeconômicas.
Potencial de evitar emissões
De acordo com este estudo, os cientistas calculam
que as APs da Amazônia, se plenamente implementadas,
poderiam evitar a emissão de 8,0 (±2,8)
bilhões de toneladas de carbono até
2050.
No entanto, implementar as 595
áreas protegidas já existentes representará
um custo considerável para o Brasil, calculado
em cerca de US$ 147 bilhões. Esse valor compreende
os investimentos necessários para a consolidação
das APs e os lucros que o país deixará
de obter ao abrir mão de atividades econômicas
na região até 2050.
As florestas tropicais, entre
elas a Amazônia, exercem um papel crucial
no sistema climático mundial, por armazenar
grandes quantidades de carbono. Por essa razão,
os pesquisadores afirmam que o custo de manutenção
das áreas protegidas brasileiras deveria
ser parcialmente compensado por um acordo internacional
de clima que inclua incentivos para países
tropicais que reduzam suas emissões de carbono
por desmatamento e degradação florestal.
O estudo foi elaborado por 12
pesquisadores ligados a: Centro de Sensoriamento
Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais;
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia;
The Woods Hole Research Center; WWF-Brasil; e Gordon
and Betty Moore Foundation.