Thiago de Mello Bezerra última
modificação 10/06/2010 19:31
Os três parques nacionais e o refúgio
de vida silvestre ficam na Mata Atlântica
na Bahia. Foi ampliado ainda o Parque Nacional do
Pau Brasil
Brasília (10/06/2010)
- Fruto de uma parceria entre o Governo Federal
e o governo do estado da Bahia para a realização
de estudos técnicos e consultas à
sociedade, o presidente da República, Luiz
Inácio Lula da Silva, assinou nesta quinta
(10/06) decretos de criação de quatro
novas unidades de conservação e ampliação
de uma já existente no estado, todas no Bioma
Mata Atlântica, em ambientes de alta diversidade
biológica.
Com a criação dos
Parques Nacionais Alto Cariri, Boa Nova e Serra
das Lontras, do Refúgio de Vida Silvestre
de Boa Nova e a ampliação do Parque
Nacional do Pau Brasil, o total de áreas
a serem criadas foi de 65.070 hectares.
Para a Mata Atlântica da
Bahia, isso representa um aumento de cerca de 60%
de área em unidades de conservação
integral, e um aumento de 5% no total de unidades
de conservação, considerando tanto
as de proteção integral quanto de
uso sustentável. São valores significativos,
considerando que o bioma Mata Atlântica é
o que possui a menor área de remanescentes
originais.
A região do Parque Nacional
do Alto Cariri, com área de 19.264 hectares,
localizada no município de Guaratinga, possui
grande importância biológica para a
conservação, com recomendação
para a criação de unidade de conservação
de proteção integral.
A UC contém o primeiro
registro do Muriqui-do-Norte (Brachyteles hypoxanthus)
na Bahia, espécie de primata considerada
até recentemente extinta no estado. Abriga
o último conjunto de fragmentos de Mata Atlântica
(Floresta Ombrófila Densa Montana, Floresta
Estacional Semidecidual e Floresta Estacional Decidual)
de grande porte da região leste do sul da
Bahia e nordeste do estado de Minas Gerais. Abrange
nascentes das bacias dos rios Buranhém e
Jequitinhonha.
A região do Parque Nacional
de Boa Nova e do Refúgio de Vida Silvestre
de Boa Nova, com área total de 27.089 hectares,
sendo 12.065 pertencentes ao Parque e 15.024 ao
Refúgio, localiza-se nos limites dos municípios
de Boa Nova, Manoel Vitorino e Dario Meira.
Abrange uma transição
entre florestas úmidas, ao leste, e a vegetação
seca da Caatinga, ao oeste, onde ocorre a Mata de
Cipó uma das fitofisionomias mais ameaçadas
da Mata Atlântica, com apenas 2,6% de remanescentes
preservados. Por se tratar de uma área de
transição de estreita faixa vegetacional,
possui alta diversidade biológica, abrigando
espécies do bioma Mata Atlântica e
Caatinga e ao mesmo tempo muitas espécies
raras e endêmicas.
Localiza-se em um dos poucos locais
de ocorrência da ave gravatazeiro (Rhoponis
ardesiaca), conhecido mundialmente por ser um dos
mais raros das Américas. Essa ave é
endêmica da Mata de Cipó e consta nas
listas brasileiras e mundiais de espécies
ameaçadas de extinção.
As regiões de localização
das unidades de conservação possuem
alto potencial para ecoturismo e birdwatching (observação
de pássaros), por conter espécies
endêmicas e de distribuição
restrita. A região já é internacionalmente
considerada em rotas de observadores de pássaros.
A região do Parque Nacional
de Serra das Lontras localiza-se nos municípios
de Una e Arataca e abrange uma área de 11.336
hectares. Tem elevada riqueza de espécies,
alta diversidade e significativa importância
biogeográfica. Trata-se de um centro de endemismos
de diversas espécies de aves e plantas.
A UC visa proteger fitofisionomias
florestais do Bioma Mata Atlântica, em especial
a Floresta Montana que ocorre acima de 400 metros
de altitude e cabrucas (sistema de plantio do cacau
sombreado) abandonadas a seu redor.
As Serras das Lontras, Javi e
Quati chegam a 1 mil metros de altitude e abrigam
raras formações de florestas de altitude.
Nos últimos anos, foram descobertas novas
espécies de aves e plantas no local.
Área sob intensa pressão
antrópica, principalmente por desmatamentos,
é uma das mais chuvosas e úmidas da
região cacaueira, onde os plantios de cacau
em seu sopé foram muito afetados pela vassoura-de-bruxa,
a maioria encontrando-se em estado de abandono há
mais de 20 anos.
É um dos maiores mananciais
de água da região cacaueira, abastecendo
Una e São José da Vitória.
Apresenta grande potencial para ecoturismo pela
beleza cênica e proximidade com a BR-101.
Além das novas unidades
de conservação, a Bahia contará
com uma ampliação do Parque Nacional
do Pau Brasil, localizado no município de
Porto Seguro, que ganhará mais 7.381 hectares,
totalizando uma área de 18.934 hectares.
A área de ampliação
possui regiões ocupadas por floresta ombrófila
em estágio avançado de regeneração
e formações geológicas singulares.
A fauna é bastante diversificada, incluindo
espécies ameaçadas. Entre as aves
destacam-se a Suia, o Papagaio-chauá, a Anambé-de-asa-branca
e um Beija-flor criticamente ameaçado: o
Balança-rabo-canela. O Gavião-real
foi recentemente avistado.
Entre os mamíferos, foi
descoberta uma espécie nova de roedor, que
ainda está sendo descrita (Trinomys sp.).
Também ocorrem a Suçuarana, Jaguatirica
e o Guigó.
A flora possui espécies
endêmicas e ameaçadas de extinção
tais como: Braúna, Paraju, Maçaranduba,
Bicuíba, Juerana-vermelha e Arapati, esta
última só encontrada na Bahia. Nas
áreas mais arenosas, perto da praia, ocorrem
muitas plantas raras, entre elas o Óleo-comumbá,
Mucujê, Pau-de-jangada e Imbirema, além
de muitas orquídeas e bromélias.
A vegetação da área
proposta para ampliação do Parque
do Pau Brasil protege inúmeros mananciais
e as nascentes das bacias dos rios Trancoso, da
Barra e Taípe, garantindo a conservação
e a qualidade desses recursos hídricos, beneficiando
toda a população do município
localizado no entorno da unidade.
Para os próximos dias está
prevista a finalização do processo
e assinatura do decreto de criação
do Parque Nacional do Descobrimento, também
na Bahia, localizado no município de Prado,
que será ampliado em 1.548 hectares, totalizando
22.693 hectares.
A área de ampliação
está localizado em uma região de grande
importância ecológica no bioma Mata
Atlântica, com ocorrência de floresta
ombrófila densa e mussunungas, abrigando
diversidade biológica ímpar.
A fauna é bastante diversificada,
incluindo espécies ameaçadas. Entre
as aves destacam-se a Suia, o Papagaio-chauá,
a Anambé-de-asa-branca, o gavião real
(Harpia harpyja) e os criticamente ameaçados
mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii) e balança-rabo-canela
(Glaucis dohrnii).
Abrangem nascentes das bacias
dos rios Cahy, Imbaçuaba, Peixe e Jucuruçu,
garantindo a conservação e a qualidade
desses recursos hídricos, beneficiando toda
a população do município localizado
no entorno da unidade.
ASCOM/MMA