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RELATÓRIO APONTA ESPÉCIES RARAS EM ESTAÇÃO ECOLÓGICA NO PARÁ

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2010

Espécies novas, raras e novos registros de distribuição de plantas e animais demonstram a diversificada história natural da calha do rio Amazonas. Relatório aponta alta diversidade de espécies na maior unidade de proteção integral em florestas tropicais

Belém, 01 de junho de 2010, 01 de junho de 2010 — Nesta terça-feira, 1º de junho, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente e do Ano Mundial da Diversidade Biológica, o Museu Emilio Goeldi (MPEG) e a Conservação Internacional (CI–Brasil) apresentam ao público imagens e números do diagnóstico ambiental da Esec Grão-Pará, uma mega unidade constituída por 4.245.819 ha, que demandou três expedições, em períodos distintos de 2008, para realizar seu inventário biológico. Os cientistas encontraram um grande número de espécies de plantas, peixes, mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Espécies de grande interesse para a indústria, a pesquisa científica e a conservação ambiental tornam a Grão-Pará uma área especial, uma poupança verde estratégica.

Os inventários biológicos confirmam a importância das mega unidades de conservação em fase de consolidação na porção mais preservada do estado do Pará. As riquezas da reserva biológica Maicuru, estação ecológica do Grão-Pará e das florestas do Paru, Faro e Trombetas estão sendo conhecidas por meio de relatórios científicos que apresentam os resultados obtidos em grandes expedições realizadas entre 2008 e 2009.

Criadas em 2006 pelo governo do Pará, as unidades estaduais da Calha Norte, em conjunto com o corredor de biodiversidade do Amapá e do corredor central da Amazônia, formam o maior corredor de biodiversidade do mundo. Essa região faz parte do chamado Centro de Endemismo das Guianas. A Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Pará (Sema-PA) formou um consórcio de instituições – além do Museu Goeldi e da CI-Brasil, conta com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Cooperação Técnica Alemã (GTZ) e o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) – para prover dados socioambientais necessários à implantação das unidades de conservação na Calha Norte.

Organizadas pelo Museu Goeldi, CI-Brasil e Sema-PA, sete expedições biológicas, que reuniram cerca de 30 pesquisadores e técnicos, desbravaram uma imensa região – mais de 12 milhões de hectares – até então desconhecida para a ciência e produziram um diagnóstico ambiental por meio de avaliações ecológicas rápidas.

Grão-Pará em números – Nos cursos de água investigados, os pesquisadores encontraram indivíduos de mais de 143 espécies diferentes de peixes. Em todas as áreas inventariadas, foram encontradas evidências de novas espécies que precisam ainda ser descritas. Riqueza também no que se refere aos répteis e anfíbios: foram registradas 62 espécies de anfíbios e 68 de répteis, com possíveis novas espécies.

Entre as descobertas dos especialistas em répteis, uma espécie de sapo deve despertar grande interesse no mercado de espécies ornamentais, especialmente fora do Brasil. Os coloridos sapos da família Dendrobatidae presentes na área (Allobates femoralis, Dendrobates tinctorius, Epipedobates trivittatus) são usados como animais de terrário na Europa, Estados Unidos e Japão. A ocorrência de espécies valiosas pode tornar a Esec Grão-Pará um alvo para o comércio ilegal de animais silvestres.

Esses estudos aperfeiçoam o mapa da riqueza do Pará. Um pequeno lagarto, com apenas quatro dedos nas patas (o usual são cinco), antes apenas conhecido do Amapá, foi encontrado na Esec, e, ainda, vários anfíbios até então conhecidos apenas das Guianas foram agora também registrados no norte do estado.

Aves – Espalhados pela Esec, foram encontrados um total de 355 espécies de aves. Segundo os pesquisadores, um número impressionante de 70 espécies da avifauna observadas na Esec Grão-Pará podem ser consideradas de especial interesse para conservação por serem endêmicas (só existem na região dos escudos das Guianas) ou raras, com distribuições locais na Amazônia.

Entre as 17 espécies que tiveram seu registro ampliado, o destaque é para a espécie Dacnis albiventris, comumente conhecida como o saí-de-barriga-branca, cujo registro inédito para o escudo das Guianas estende sua distribuição em mais de 1000 km, desde a região do alto Tapajós, onde a espécie foi documentada , também em formações de floresta de transição, somente na década de 1960.

A presença de todas as aves representativas de florestas do Centro de Endemismo das Guianas mostra que hoje na unidade esses animais se encontram bastante defendidos das ameaças de atividades predatórias, como a extração de madeira e a caça profissional ilegal. O registro de ocorrência na Esec do Morphnus guianensis, ave conhecida como uiraçu falso, gavião considerado quase ameaçado pela União Internacional pela Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, da sigla em inglês) é mais um atestado de bom estado de conservação da unidade.

O Cacaué (Aratinga pintoi), que é uma espécie ameaçada de extinção, pode ter na estação um local adequado para estudos e monitoramento, fundamental para sua preservação. Na parte central, foram encontradas também duas espécies de aves da família Thraupidae bastante raras e de ocorrência extremamente local: Saíra-Pintada (Tangara guttata) e Saíra-Carijó (Tangara varia). Na parte sul, existe uma ocorrência bastante única de aves que, no entanto, já pode ser considerada vulnerável devido à proximidade de reservas de bauxita na região.

Mamíferos – Com relação aos mamíferos, durante os inventários na Grão-Pará foram registradas 61 espécies pertencentes a oito ordens, o que demonstra a elevada riqueza dessa classe de animais, das quais 21 (cerca de 34% to total registrado) são consideradas de especial interesse para a conservação por seu status de endêmicas, ameaçadas de extinção, ou ainda por não terem sido descritas pela ciência. Quatro das espécies de mamíferos inventariados na Esec estão listadas oficialmente como ameaçadas de extinção no Brasil e no estado do Pará (MMA, 2003; Sema, 2007): onça pintada, onça parda, ariranha e tatu-canastra.

Plantas – Os botânicos registraram 125 espécies de pteridófitas (grupo no qual são encontradas as samambaias e avencas) e 653 espécies de fanerógamas (árvores com flores), das quais cinco são espécies consideradas como ameaçadas de extinção no estado do Pará: muirapuama, angelim, araracanga, maçaranduba e itauba.
Dentre o conjunto de plantas encontradas na Esec Grão Pará, os botânicos registraram também mais sete espécies consideradas ameaçadas de extinção pela IUCN (2008) num contexto mundial. Entre as consideradas criticamente em perigo está o angelim. Considerados em perigo estão o leiteiro, o macucu, e o cedro-rosa. Na categoria vulnerável, foram identificados o sapotizeiro, o abiu-rosadinho e tauarí.

Diversidade de ambientes - A Esec Grão-Pará, situada no noroeste do Pará, foi pesquisada em três pontos: primeiro na parte sul; depois na parte norte da reserva, já próximo à fronteira com a Guiana e, por último, em sua porção central. A porção sul da Esec é dominada pela bacia do Curuá, rio de águas claras cujas nascentes estão localizadas na Terra Indígena do Tumucumaque, e que drena em terreno rochoso com alta velocidade de correnteza e muitos trechos de corredeiras.

A porção inventariada norte da Esec Grão-Pará faz fronteira com a Guiana, na região conhecida por Serra do Acari, que apresenta uma altitude media entre 300 e 400m, podendo alcançar 900m em alguns pontos. Os riachos ou igarapés da serra fazem parte da drenagem da bacia do rio Trombetas. Os igarapés nascem de fontes aqüíferas localizadas nos morros e drenam pelos vales da serra com forte velocidade de corrente apresentando trechos encachoeirados.

Por fim, a porção central da Esec Grão-Pará possui relevo acidentado com manchas de vegetação do tipo savana amazônica. A drenagem é formada por riachos e igarapés, em terreno arenoso ou pedregoso, que correm pelos vales e por áreas de floresta e savana.

Os valores de riqueza e diversidade para a flora da Esec Grão-Pará são bem elevados e superiores aos registrados por vários pesquisadores em outras regiões amazônicas. O ambiente florestal da estação possui grande diversidade florística, e apresenta um bom nível de conservação. A presença de espécies ameaçadas de extinção confere uma grande importância para esta unidade de conservação na preservação destes organismos e ressalta seu papel estratégico para a gestão dos recursos naturais. “Os platôs amostrados dentro dessa unidade de conservação foram uma grata surpresa, com o registro de espécies típicas de outras regiões, como o sopé dos Andes, por exemplo, e que com os dados apresentados nesse relatório agora têm suas distribuições expandidas também para a região da Calha Norte. Esses platôs apresentam um conjunto de espécies únicas, até onde se sabe, dentro da região do Escudo das Guianas”, explica Patrícia Baião, diretora do programa Amazônia da Conservação Internacional.

Nilson Gabas Jr., diretor do Museu Goeldi, enxerga um diferencial especial nesse trabalho da Calha Norte, pois em uma larga porção do Pará, uma política de estado propiciou que o conhecimento científico estivesse na frente pioneira de desbravamento. “Para a ciência, as expedições biológicas da Calha Norte organizam e tornam disponível, informações inéditas e de alta qualidade sobre a biodiversidade amazônica. Apresentando esses dados, contribuímos para subsidiar políticas públicas que possam compatibilizar o uso sustentado e a conservação dos recursos biológicos existentes na região”, celebra Gabas.

Sobre a Conservação Internacional
A Conservação Internacional foi fundada em 1987 com o objetivo de promover o bem-estar humano fortalecendo a sociedade no cuidado responsável e sustentável para com a natureza – nossa biodiversidade global -, amparada em uma base sólida de ciência, parcerias e experiências de campo. A ONG está presente em 43 países e no Brasil tem sede em Belo Horizonte (MG). Outros escritórios estão estrategicamente localizados em Brasília (DF), Belém (PA), Salvador (BA) e Caravelas (BA). Para mais informações, visite www.conservacao.org.

Sobre o Museu Paraense Emílio Goedi
O Museu Paraense Emílio Goeldi/MPEG é uma instituição de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia/MCT. Fundado em 1866 e localizado na cidade de Belém (PA), suas atividades concentram-se no estudo científico dos sistemas naturais e socioculturais da Amazônia, bem como na divulgação de conhecimentos e acervos relacionados à região. Desde o final do século XIX, as expedições biológicas organizadas pela instituição constituíram o esteio do conhecimento sobre espécies e suas distribuições geográficas na Amazônia brasileira. Visite www.museu-goeldi.br


 

Fonte: Conservação Internacional Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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