09/07/2010
Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Mais de 8 quilômetros de
extensão do litoral fluminense estão
tomados por uma mancha verde, provocada pela presença
de cianobactérias, também conhecidas
como algas azuis. Além de alterar a cor da
água, o microorganismo, que geralmente aparece
no verão, tem dividido a opinião de
especialistas sobre a ameaça à saúde
da população. A cianobactéria
pode ter a coloração azul, verde oliva
ou verde-azulada.
O biólogo Mário
Moscatelli, que sobrevoou parte da bacia hidrográfica
afetada, na zona oeste do Rio de Janeiro, classificou
a situação como “impressionante”.
Ele explicou que geralmente esse fenômeno
é provocado pela combinação
de temperaturas altas, que vem se repetindo durante
o inverno, e o escoamento de esgoto sem tratamento.
Segundo o biólogo, o descarte do esgoto nas
praias ocorre diariamente há décadas,
no Rio.
“Estamos colhendo o que plantamos
nos últimos 30 anos, quando o saneamento
básico não passou de uma peça
de mau humor, por parte do Poder Público,
que pouco investiu. Ainda falta muito dinheiro e
trabalho para as lagoas de Jacarepaguá deixarem
de ser os penicos da região onde estão
localizadas. Lagoa e rio não são lugares
para se jogar esgoto”, criticou o biólogo
ao sobrevoar a bacia hidrográfica que abrange
as lagoas de Jacarepaguá, do Camorim e da
Tijuca.
Quanto aos riscos para os banhistas,
o especialista alerta que “essas microbactérias
produzem uma substância que pode causar problemas
no fígado. A partir do momento que a célula
do microorganismo se rompe, a toxina é liberada
para o ambiente e pode gerar consequências
para os usuários da praia”.
A gerente de Qualidade da Água
do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) do Rio
de Janeiro, Fátima Soares, garante que a
situação está sob controle.
“Nós estamos acompanhando, fazendo o monitoramento
do complexo e biotestes [testes biológicos]
para ver se existe a liberação de
toxinas para a água. Até agora, não
foi detectada nenhuma concentração
de toxinas”.
Segundo Fátima, o Inea
vem acompanhando semanalmente a situação
na região afetada. Ela disse que, para que
o nível de toxina se torne um risco para
a população seria necessário
que muitos microorganismos se rompessem ao mesmo
tempo. Fátima afirmou, ainda, que o prejuízo
ao fígado não se dá pela água
consumida, mas só se forem ingeridos peixes
contaminados pelas toxinas do microorganismo. “O
processo não é tão imediato.”