15/07/2010
Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A exploração ilegal
de madeira caiu significativamente na última
década. Em três dos principais fornecedores
de madeira do mundo – Brasil, Camarões e
Indonésia –, a queda foi de até 75%.
Com a redução, uma área de
17 milhões de hectares de floresta, equivalente
ao Reino Unido, deixou de ser desmatada ilegalmente
e pelo menos 1,2 bilhão de toneladas de gases
de efeito estufa não foram lançadas
na atmosfera.
O diagnóstico foi divulgado
hoje (15) em estudo inédito do instituto
britânico Chatham House. A redução
da exploração ilegal teve reflexo
direto no contrabando da matéria-prima. A
importação de madeira ilegal pelos
principais países consumidores caiu pelo
menos 30%, segundo o levantamento.
Os pesquisadores analisaram a
cadeia produtiva da madeira ilegal em cinco países
tropicais detentores de florestas (Brasil, Indonésia,
Camarões, Malásia e Gana), em países
consumidores (Estados Unidos, Japão, Reino
Unido, França e Holanda) e na China e no
Vietnã, que processam a madeira e fornecem
produtos para o mundo industrializado.
De acordo com o relatório,
a redução mundial da exploração
e do comércio de madeira ilegal se deu graças
a ações de governos, da sociedade
civil e do setor privado. O resultado pode ser explicado
pela combinação entre as políticas
de combate ao desmatamento ilegal nos países
produtores, com regras mais severas, e exigências
de certificação nos mercados compradores.
No Brasil, segundo a Chatham House,
o desmatamento ilegal na Amazônia caiu 75%
na última década, principalmente nos
últimos cinco anos, quando o governo intensificou
o combate às derrubadas na região
e modernizou o sistema de transporte e comércio
de madeira, com o Documento de Origem Florestal
(DOF).
O relatório elogia o sistema
brasileiro de monitoramento de florestas e cita
o aumento no número de operações
policiais na Amazônia para combater o desmate.
No entanto, os pesquisadores ainda apontam falhas
no cumprimento das sanções aplicadas
nas infrações ocorridas na floresta
amazônica, onde a derrubada ilegal ainda representa
de 35% a 70% de todo o desmatamento. “As penas nem
sempre são aplicadas. No Brasil, por exemplo,
apenas 2,5% das multas são recolhidas”, acrescenta
o texto.
O estudo alerta ainda para o risco
de legislação ambiental incoerente
– crítica levantada recentemente por organizações
não governamentais por causa das alterações
no Código Florestal, aprovadas em comissão
da Câmara dos Deputados.
Apesar do declínio nos
últimos anos, “a exploração
ilegal de madeira continua a ser um grande problema”,
segundo o estudo. O relatório prevê
que, daqui para frente, o combate à extração
irregular e ao contrabando pode se tornar mais difícil,
por causa da multiplicação dos desmates
em menor escala – mais difíceis de monitorar
– e pelo crescimento da venda da madeira ilegal
nos mercados internos dos países produtores.
Para os países consumidores,
aumentou a dificuldade de identificar a origem da
madeira, que já chega aos mercados transformada
em móveis. Nesses países, a criação
de barreiras para madeira ilegal depende agora da
criação e implementação
de leis que proíbam a entrada de produtos
sem origem comprovada. “Apesar de os Estados Unidos
já terem aprovado uma lei nesse sentido e
a União Europeia esteja prestes a fazer o
mesmo; o Japão, que é um grande mercado,
continua a aberto à madeira ilegal”, de acordo
com o estudo.
Edição: Talita Cavalcante