(20/07/2010)
Uma faixa de cerca de 30 metros de mata ciliar (de
cada lado) do igarapé Serrinha, em Mucajaí
(RR), será recuperada através de um
projeto da Embrapa Roraima. O responsável
é o pesquisador Otoniel Duarte, que desenvolveu
uma parceria com a Prefeitura do município
e a Petrobras Ambiental (financiadora da ideia).
O trabalho será realizado utilizando espécies
arbóreas e arbustivas nativas. Entre elas,
estão açaí, patauá,
bacaba, buriti, cajá, parapará, ingá,
quina quina, mutamba e jatobá. Segundo o
pesquisador, com a efetivação do projeto
será possível controlar a erosão
nas margens dos cursos d'água, evitando o
assoreamento e elevando a qualidade e o nível
da água.
As mudanças, conforme Duarte,
também vão fazer muito bem à
fauna da região. "Com este trabalho,
teremos mais peixes e ainda preservaremos o corredor
ecológico que serve para circulação
e reprodução dos animais. Enfim, todo
o meio ambiente em volta será recuperado",
informa o pesquisador.
A primeira parte do projeto já
está sendo colocada em prática. Agricultores
da região são capacitados para serem
protagonistas dessa ação. Eles recebem
aulas, em classe e em campo, para entender porque
é necessário a recuperação
das matas ciliares e de que forma ela deve ser feita.
O agricultor Sebastião Sousa, um dos participantes
no projeto, diz que as aulas são de grande
utilidade. "Aprendi sobre várias espécies
que não conhecia e sobre a importância
de cada uma delas. Entendi como podemos evitar a
erosão do solo", explica.
Na segunda etapa do projeto, cada
família engajada receberá cinco colmeias
de abelhas sem ferrão para a exploração
econômica do mel. "Nosso objetivo é
que as abelhas realizem o trabalho de polinização
da maioria dessas espécies vegetais, aumentando
a incidência delas no local. Além disso,
as famílias terão mais uma fonte de
renda com a possibilidade de venda do mel",
argumenta o pesquisador.
O que é mata ciliar
Mata Ciliar é uma área
de preservação permanente, que segundo
o Código Florestal (lei 4771/65) deve-se
manter intocada, e, caso esteja degradada, deve-se
prever a imediata recuperação. É
aquela mata que fica às margens dos rios,
igarapés, lagos, olhos d´água
e represas. O nome vem do fato de serem tão
importantes para a proteção dos rios
e lagos como os cílios são para nossos
olhos.
Essa vegetação tem o papel de controlar
a erosão nas margens dos cursos de água
evitando o assoreamento dos mananciais. Além
disso mantém a qualidade e quantidade de
água, filtra os possíveis resíduos
de produtos químicos, agrotóxicos
e fertilizantes, auxilia na proteção
dos animais existentes no local e controla pragas
nas plantações.
Liliane Cronemberger