26/07/2010
Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A quarta reunião dos países
que integram o grupo formado por Brasil, África
do Sul, Índia e China (Basic), terminou hoje
(26), no Rio de Janeiro, sem a definição
dos critérios para estabelecer o volume máximo
de emissão de gases de efeito estufa para
cada um dos países que integram o G77, grupo
de países em desenvolvimento.
Segundo a ministra do Meio Ambiente
brasileira, Izabela Teixeira, o encontro foi importante
por sinalizar um posicionamento comum em torno de
um acordo.
“O acordo sobre mudanças
climáticas passa pelo debate da equidade,
do espaço de carbono e do acesso a este espaço,
de uma série de questões que foram
discutidas aqui com fundamentação
técnica e científica e visão
política. A expectativa é avançar
e ter dialogo convergente na reunião de Pequim
[prevista para outubro] de tal maneira que possamos
juntos trabalhar para a reunião de Cancún
[onde ocorrerá a próxima Conferência
das Partes do Clima (COP-16) convocada pelas Nações
Unidas]”, explicou a ministra.
A presença de especialistas
e negociadores, que pela primeira vez participaram
do encontro, foi outro avanço apontado pela
ministra que destacou a apresentação
de “números concretos sobre cenários
dos países e o diálogo transparente”.
Segundo Izabela, com esses dados,
os países envolvidos no debate poderão
avaliar o impacto da decisão sobre equidade
nos critérios de emissões sob as economias
domésticas e definir o caminho comum para
esse objetivo.
Entre as propostas apresentadas
pelos países que integram o grupo, estão
a de emissões per capita, apresentada pela
Índia e os critérios que consideram
a intensidade de emissões do Produto Interno
Bruto (PIB), defendidos pelos japoneses.
O grupo Basic reúne-se
desde novembro do ano passado para buscar um consenso
entre os países em desenvolvimento sobre
a emissão de carbono, baseada em acordos
sobre mudança climática firmados pelo
Protocolo de Quioto e o Acordo de Copenhague e na
pressão que os países desenvolvidos
vêm exercendo sobre um compromisso de redução
das emissões também pelas nações
em desenvolvimento.
+ Mais
Especialistas estão otimistas
em relação ao mercado global de créditos
de carbono
13/07/2010
Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Embora o mercado global de créditos
de carbono ainda não tenha se recuperado
dos efeitos da última crise financeira mundial,
que reduziu à metade o preço pago
em 2008 pelo equivalente a 1 tonelada de gases que
contribuem para o aquecimento global, especialistas
reunidos hoje (13), em São Paulo (SP), se
disseram otimistas quanto ao crescimento futuro
do setor.
Segundo a Associação
Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono (Abemc),
o valor dos créditos já havia caído
no ano passado no mundo inteiro, passando de 20
euros por tonelada de gases – equivalente a um crédito
de carbono – para 10 euros a tonelada. De acordo
com o especialista financeiro da Unidade de Financiamento
de Carbono do Banco Mundial, Alexandre Kossoy, esse
preço ainda se mantém.
Os profissionais que atuam no
setor, no entanto, alegam que dificilmente o segmento
voltará a crescer no ritmo que vinha alcançado
nos últimos anos antes da crise. Para eles,
indefinições governamentais e a necessidade
de os países aprimorarem leis têm afastado
potenciais investidores, sobretudo as instituições
financeiras que, por precaução, preferem
aguardar até 2012 para colocar dinheiro em
projetos capazes de gerar os créditos por
meio da redução da poluição.
Daqui a 18 meses, quando se encerra o primeiro período
de vigência do Protocolo de Quioto, muitas
das atuais regras terão de ser revistas ou
simplesmente deixarão de valer.
Em vigor desde 2005, o protocolo
estabelece que, até 2012, os países
desenvolvidos signatários do acordo terão
que diminuir em ao menos 5,2% o volume de emissão
de gases de efeito estufa registrado em 11000. Contudo,
para não comprometer a economia desses países,
o acordo prevê a possibilidade de os Estados
que não conseguirem cumprir tal meta poder
comprar no mercado internacional os créditos
vendidos pelos países menos poluentes.
Para Kossoy, embora o cenário
para o próximo ano e meio não seja
dos mais otimistas, a tendência é que
a procura por créditos volte a crescer após
2012. "A Europa, por exemplo, não conseguirá
por si só reduzir seus níveis de emissão
de gases poluentes. Portanto, terá que continuar
comprando créditos e a questão então
é saber o quanto o mercado poderá
crescer", disse Kossoy durante evento promovido
hoje (13), em São Paulo (SP), pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela Bolsa
de Valores de São Paulo.
"Atualmente só há
garantias até 2012, mas sou otimista em relação
ao que virá depois. Hoje, não existe
nenhuma indústria europeia que vá
pensar em um projeto e não pense em créditos
de carbonos. Mas há sim o risco de as empresas
quebrarem ou deixarem o mercado devido à
falta de garantias de que o mecanismo irá
continuar", disse o especialista, acrescentando
que o tempo médio de aprovação
de um projeto leva em média três anos
e que, em 2009, o Brasil abocanhou apenas 3% dos
US$ 2.7 bilhões negociados no ano passado.
Para Kedin Kilgore, representante
do banco inglês Barclays Capital, a regulamentação
internacional do mercado é fundamental para
que os investidores se sintam seguros para investir
em projetos limpos. "Não se pode esperar
investimentos se não se sabe quais serão
as regras no futuro. Mesmo sendo diferenciado, o
mercado ambiental precisa ser padronizado e tratado
como qualquer outro ou então haverá
uma depreciação de projetos, já
que as incertezas regulamentares tornam impossível
fixar contratos de longo prazo".