22/07/2010
Cristina Ávila
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira,
anunciou hoje os dados sobre a supressão
da vegetação nativa do bioma Pampa
- que foram pela primeira vez consolidados - e sobre
o desmatamento na Amazônia, que entre agosto
de 2009 e maio de 2010 foi 47% menor do que o mesmo
período entre 2008 e 2009. O recorde é
ainda maior do que a redução de 42%
registrados pelos satélites do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) no ano passado.
O Pampa tem 54% de área
original suprimida ao longo de sua ocupação
histórica. Entre 2002 e 2008, foram perdidos
36.400 hectares anuais, que significam 1,23%. "Já
sabíamos que havia perdas, mas ainda não
haviam dados consolidados. Agora, estamos investigando
as causas dessas perdas", afirmou a ministra.
Uma das causas levantadas são os reflorestamentos
de espécies exóticas plantadas para
a fabricação de papel. Os dados foram
obtidos pelo MMA com base em mapas do satélite
Landsat.
O MMA propõe como soluções
para o problema a criação de novas
unidades de conservação no bioma,
a adoção de boas práticas na
agricultura e pecuária e a observação
das orientações do zoneamento econômico-ecológico
recentemente formulado pelo Conselho de Meio Ambiente
do Rio Grande do Sul.
Izabella Teixeira comentou que
pela primeira vez há "um quadro geral
sobre os biomas do país". Faltam apenas
serem anunciados os dados sobre a Mata Atlântica,
o que deverá acontecer no próximo
mês.
A redução do desmatamento
foi registrada em todos os estados, com exceção
do Amazonas, que teve aumento de 6%. O MMA vai avaliar
os motivos, começando por Lábrea,
município que aparece entre os 14 líderes
de desmatamento. O desmatamento acumulado do bioma
foi de 2.958,30 km² entre agosto de 2008 e
maio de 2009 e de 1.564,81 km² nos mesmos meses
entre 2009 e 2010. Entre os estados líderes
de desmatamento, em monitoramento em maio deste
ano, estão Mato Grosso (51,9 km²), Pará
(37,2 km²), Rondônia (10,7 km²)
e Amazonas (9,8 km²).
A ministra avalia que a redução
é uma tendência que vem se consolidando
por diversos fatores, inclusive ações
estaduais e fiscalizações que envolvem
Polícia Federal, Polícia Rodoviária
Federal, Força Nacional e Casa Civil. O diretor
de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano
Evaristo, anunciou que 14 operações
contra o desmatamento estão em andamento
hoje na Amazônia. Ele disse que serão
226 durante todo este ano, com 65 serrarias já
fechadas na região, 195 caminhões,
59 tratores e 103 mil metros cúbicos de madeira
apreendidos, entre agosto e maio.
+ Mais
Projeto para uso da biodiversidade
em agricultura deve melhorar alimentação
23/07/2010
Carine Corrêa
Para valorizar a importância da biodiversidade
na agricultura, está sendo desenvolvido um
projeto de conservação e uso sustentável
da diversidade biológica para melhorar a
nutrição e garantir segurança
alimentar no Brasil, Quênia, Sri Lanka e Turquia.
A ação terá
como agências implementadoras o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente
(Pnuma) e o centro internacional de pesquisas em
recursos genéticos Bioversity International.
Contará, ainda, com o apoio do Fundo Mundial
para o Meio Ambiente (GEF).
Além de ampliar o número
das espécies utilizadas na alimentação
e mitigar os problemas decorrentes da simplificação
da dieta, a proposta busca o fortalecimento, a conservação
e o manejo sustentável da agrobiodiversidade,
especialmente por meio da ação conjugada
de programas e estratégias já existentes
relacionadas à segurança alimentar
e nutricional desenvolvidas no Brasil, como o Fome
Zero - o Programa de Aquisição de
Alimentos -, e o Programa Nacional de Alimentação
Escolar.
O diretor de Conservação
da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente,
Bráulio Dias, esclarece que o programa possui
três pontos principais: levantamento de informações
técnicas sobre o valor nutricional de plantas
nativas (que devem auxiliar instituições
parceiras em compras públicas, alimentação
escolar e outras áreas); promoção
de capacitação e treinamento técnico
para valorizar o aspecto nutricional de espécies
locais; e a disseminação e divulgação
destas informações para ajudar órgãos
e instituições parceiras a incorporarem
estes dados nos diferentes setores que desenvolvem
políticas públicas.
De acordo com Danny Hunter, cientista
sênior do Bioversity International, os quatro
países apresentam regiões onde há
fome e dietas muito simplificadas, de baixo valor
nutricional. Ele explica que a intenção
é promover a diversificação
da base alimentar nestes locais e reavivar o interesse
pela alimentação tradicional de cada
nação. "Certas espécies
nativas e tradicionais possuem valor nutricional
mais elevado do que muitos cereais conhecidos, como
arroz, batata e feijão", afirma.
Para a coordenadora de projetos
de agrobiodiversidade do Pnuma, Marieta Sakalian,
as nações participantes estão
aptas a promover uma agricultura baseada na biodiversidade,
que possibilite a diversificação e
introdução de alimentos com alto potencial
nutricional. "O Brasil, por exemplo, tem lições
importantes para compartilhar com outros países
do mundo, que podem aprender muito com os resultados
deste projeto."