14/08/2010
Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A escassez progressiva da areia
pode fazer com que algumas praias do litoral brasileiro
desapareçam do mapa, principalmente
em cidades. A afirmação é do
geólogo e geógrafo Dieter Muehe para
quem os maiores vilões deste fenômeno
são o aquecimento global e as ações
nocivas do homem ao meio ambiente.
Em entrevista à Agência
Brasil, Muehe explicou que as mudanças climáticas
estão provocando elevações
do nível do mar e tempestades em ritmo acelerado
tornando vulneráveis as faixas de areia de
muitas praias no país.
“As regiões urbanas são
as que correm mais risco, pois geralmente a perda
de areia não é reposta naturalmente
e a orla sofre maior erosão. Isso já
ocorre em várias praias do Rio de Janeiro,
como Piratininga, Ipanema e Cabo Frio”.
O estudo foi apresentado na 62ª
Reunião Anual da Sociedade Brasileira para
o Progresso da Ciência (SBPC), de 25 a 30
de julho, em Natal.
Embora preocupante, a situação pode
ser revertida, explicou o geólogo. “As areias
retiradas precisam ser repostas por meio de dragagens
com areias idênticas às da praia ou
mais grossas”.
Outra solução, segundo
o especialista é a exploração
de depósitos arenosos na zona submarina,
embora seja uma alternativa cara, por já
serem usadas pela construção civil
ou pela proibição de sua exploração
por questões ambientais.
Ele alertou que é fundamental
investir em estudos sobre as fontes de sedimentos,
com depósito de areia adequado, “além
de saber como tirar para não afetar a biologia
da área”.
Muehe repete o ditado de que é
melhor prevenir do que remediar. “O certo seria
adotar faixas de não edificação,
conforme previsto por lei, que variam de 50 a 200
metros e assim teremos a um espaço de ajustamento
da linha de costa”.
O pesquisador lamentou que este
procedimento seja praticamente impossível
em áreas urbanizadas. “No Leblon e em Copacabana,
por exemplo, não tem jeito. Neste caso compensa
o investimento na manutenção de praia
de forma artificial. Tem lugares do mundo em que
se repõe areia a cada ano em algumas praias,
estas precisam ser intensificadas e coordenadas
de forma mais eficiente”.
Edição: Rivadavia Severo