Iniciativa do Instituto Ethos,
em parceria com Alcoa, CPFL,
Natura, Philips, Vale e WalMart, visa ampliar o
debate sobre o tema
São Paulo, SP, 05 de agosto
de 2010 — Alcoa, CPFL, Natura, Philips, Vale e WalMart
lançaram hoje, na Fundação
Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo,
o Movimento Empresarial pela Conservação
e Uso Sustentável da Biodiversidade, com
a presença da Ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira. Esse grupo de empresas, liderado
pelo Instituto Ethos e com apoio da Aberje, Funbio,
UEBT (Union for Ethical Bio Trade), Conservação
Internacional (CI-Brasil), FGV-GVCes, Imazon, Ethos
e Ipê, visa abrir espaço para a construção
conjunta de uma agenda positiva sobre a conservação
da biodiversidade brasileira.
O Movimento promoverá painéis
de discussão entre líderes empresarias
e formadores de opinião. Essas reuniões
levarão à redação de
uma carta, que objetiva estimular a participação
ativa do Brasil como líder no assunto “biodiversidade”
na COP 10, 10ª Conferência das Partes
da Convenção sobre Diversidade Biológica
organizada pela ONU e que será realizada
em outubro em Nagoya, no Japão. A carta empresarial
pela Conservação e Uso Sustentável
da Biodiversidade será entregue em setembro
ao governo brasileiro e a todos os candidatos à
presidência nas eleições deste
ano.
O tema ficou ainda mais alarmante
com a divulgação do 3º relatório
global sobre o estado da biodiversidade no mundo
(3rd Global Outlook Biodiversity), que trouxe uma
avaliação desanimadora da aplicação
da Convenção da Diversidade Biológica
em diversos países.
Fábio Scarano, diretor
executivo da CI-Brasil, explica que a Terra está
imersa na chamada crise da biodiversidade. “Essa
crise deriva da perversa combinação
de consumo insustentável nos países
desenvolvidos com a persistência da pobreza
nas nações em desenvolvimento, o que
resulta em taxas de destruição do
mundo natural sem precedentes na história
da civilização”. Áreas silvestres
continuam sendo substituídas por expansão
agrícola, urbanização e desenvolvimento
industrial, enquanto muitas espécies estão
sujeitas à exploração, aos
impactos de espécies invasoras e riscos decorrentes
da poluição química do solo,
ar e água. Scarano lembra que as mudanças
do clima também são uma grave ameaça
à biodiversidade, que salvaguarda uma série
de processos vitais para o planeta e a humanidade.
“São os chamados serviços ambientais,
tais como equilíbrio climático, qualidade
da água e produção de alimentos,
sem os quais nossa vida ficaria seriamente comprometida.
E por ser um país megadiverso, o Brasil tem
um papel crucial na liderança quanto ao uso
sustentável e à conservação
da biodiversidade e os serviços ambientais
a ela associados. Temos que dar bons exemplos para
o mundo e o movimento empresarial que está
sendo lançado hoje é um ótimo
sinal disso!”, avalia.
Para Oded Grajew, presidente do
conselho do Instituto Ethos, a realização
desste Movimento é de relevância para
todas as empresas brasileiras ou que atuam no Brasil.
“2010 foi eleito pela ONU como o Ano Internacional
da Biodiversidade, que será o tema principal
da COP 10. O setor empresarial deve ser um importante
agente de mudanças, com capacidade de alterar
o modelo de desenvolvimento, promover mudanças
em processos produtivos, bem como propor soluções
inovadoras para a conservação da biodiversidade.
Até hoje tratamos o tema do aquecimento global
como prioridade, e temos o desafio de fazer o mesmo
com a exploração e uso sustentável
dos recursos naturais do planeta”.
O Brasil foi escolhido em janeiro
deste ano como um dos países-chave pela Comissão
da COP por possuir 25% da biodiversidade mundial
e o título de primeiro país em diversidade
do planeta.
Ao longo dos últimos anos,
o país avançou significativamente
no campo socioambiental, ampliando suas áreas
de conservação, diminuindo o desmatamento
da Amazônia e criando políticas públicas,
programas e instituições mais orientadas
para a conservação. Porém,
continua a perder seu patrimônio natural,
o que ameaça não apenas a qualidade
de vida dos brasileiros, como também a sobrevivência
de toda a espécie. A urgência do problema
estimula as empresas a assumirem imediatamente este
compromisso.
Dados rápidos - Alguns
números sobre a biodiversidade
• Atualmente, mais de 60% de todos os ecossistemas
do planeta estão ameaçados;
• Desse total, 35% são mangues e 40% florestas;
• A demanda por recursos naturais excede em 35%
a capacidade do planeta Terra;
• Caso o ritmo atual dessa demanda for mantido,
em 2030 serão necessárias duas Terras
para atendê-la;
• Entre2000 e 2005, a devastação das
florestas na América do Sul foi de 4,3 milhões
de hectares;
• Do total de hectares devastados, 3,5 milhões
foram registrados no Brasil;
• O prejuízo anual com o desmatamento é
de US$ 2,5 a 4,5 trilhões de dólares
à economia global - o equivalente a jogar
no lixo todo o PIB do Japão, o segundo maior
do mundo.