29/08/2010
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A criação de uma
rede de monitoramento contínuo do mar, que
envolve marés fora da baía, mudanças
de direção de
ondas e tempestades, pode ser um elemento preventivo
à elevação do nível
das águas dos oceanos, em função
do aquecimento global. A tese é defendida
pelo pesquisador da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), Dieter Muehe.
O professor é um dos palestrantes
do seminário Aquecimento Global e seus Impactos
no Rio de Janeiro com a Elevação do
Nível do Mar, que o Conselho Regional de
Corretores de Imóveis (Creci/RJ) promove
na terça-feira (31). O encontro faz parte
do Movimento Ação e Cidadania, cujo
tema central é a Sustentabilidade e o Mercado
Imobiliário.
Ele explicou à Agência
Brasil que o monitoramento deve começar a
ser feito de maneira imediata, uma vez que os resultados
são observados somente após algumas
décadas. Imagens de satélites, embora
caras, podem facilitar esse monitoramento, de acordo
com o especialista em vulnerabilidade costeira.
A partir dessa rede de monitoramento,
poderão ser elaboradas políticas públicas
para prevenir ou, pelo menos, minimizar os problemas
decorrentes do aquecimento global. “Políticas
públicas só vão ter respaldo
a partir de informações.”
Na avaliação do
especialista o risco é maior quanto às
enchentes. “Tem que ter uma política pública
no sentido de prevenir inundações
e identificar quais seriam as áreas em que
se poderia permitir ou não a expansão.
Esse é um ponto importante para o futuro
da ocupação das regiões, principalmente
de baixadas.”
O problema mais imediato da elevação
do nível do mar é a erosão
nas praias, que podem perder areia. Isso ocorre
em especial com as praias urbanas. “As praias urbanas
são um problema por causa dos muros. E a
linha de costa não consegue se adaptar à
nova posição. Você acabaria
erodindo as pistas de rolamento e teria que fazer
ou obra dura, que é menos favorável,
ou então aterro artificial de praias, como
já se fez em Copacabana, Flamengo e Leblon”,
expôs.
Dieter Muehe esclareceu, contudo,
que em cidades onde se paga impostos mais elevados,
poderia ser criado um fundo para que não
faltem recursos quando for necessário. “Tem
que recuperar a areia que foi perdida. E, em alguns
lugares, esse aterro teria que ser feito com urgência,
até anualmente”. O benefício compensaria,
segundo ele, os gastos que fossem efetuados.
Muehe defendeu, também,
a criação de uma agência reguladora
que centralize esses estudos e seja capaz de interpretar
os dados medidos, de forma que o trabalho tenha
garantia de continuidade.
Edição: Talita Cavalcante