Panorama
 
 
 

FLORESTAS: TRAGÉDIA RUSSA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2010

O governo diz que está tudo sob controle. Mas basta olhar para as fotos, os vídeos e os números para saber que a Rússia continua enfrentando alguns de seus piores dias. Ou meses. Já vai completar 60 dias ininterruptos desde que começaram os primeiros incêndios no país. Na lista de prejuízos contabilizados até agora, estão três milhões de hectares de floresta queimados, 52 mortos atingidos diretamente, 127 assentamentos destruídos e 20 regiões em estado de emergência. Eis o cenário no verão russo mais quente dos últimos mil anos.

As autoridades bem que tentaram esconder a crise sob a fumaça. Apesar de as chamas já persistirem por quase dois meses, não faz mais de 15 dias que os órgãos oficiais começaram a abrir a boca para falar. E mesmo assim, pouco. Antes disso, porém, um grupo de ativistas do Greenpeace Rússia já estava nas ruas para monitorar e documentar o que estava realmente acontecendo. Sobressaindo-se como uma das únicas fontes de informação locais, o site da organização acabou caindo momentaneamente do ar essa semana, com cerca de 20 mil visitantes por dia em busca de notícias. Mas já voltou à ativa.

Para chegar às informações, o time do Greenpeace reuniu uma força-tarefa entre funcionários e voluntários. Além do trabalho de campo, a equipe tem acompanhado as imagens por satélite e analisado dados de pesquisa. Os levantamentos, aliás, já vinham sendo feito bem antes da temporada de queimadas.

Em 2007, o primeiro-ministro Vladimir Putin, assinou o Código Florestal do país, que, entre outras medidas, quebrou o sistema de controle de queimadas e deu fim à guarda florestal, que se debruçava sobre esses casos. Dois anos depois, o Greenpeace reuniu 50 mil assinaturas pedindo a reestruturação do cargo. Nada feito. No último mês de abril, após realizar uma expedição, a organização previu que o fogaréu começaria em breve, e enviou uma carta aberta ao presidente Dmitri Medvedev avisando. “Se a situação dos guardas florestais não for modificada, o país pode enfrentar uma catástrofe em suas florestas no próximo verão”, dizia o documento. Dito e feito.

Putin e Medvedev continuam fechando os olhos para as mudanças no clima. Mas as evidências estão a olhos nus. Só em julho, os termômetros no país bateram dez recordes de alta. Com temperaturas girando em torno de 40ºC e as cidades tomadas por uma cortina de fumaça, a média de mortes em Moscou dobrou, se comparada com o mesmo período do ano passado.

O prejuízo também chegou aos campos de agricultura, com pelo menos um quinto da produção afetada. E 12% das áreas federais protegidas já foram lambidas pelo fogo. Essa é a realidade que o Greenpeace tem encontrado e que vai continuar expondo, até que tudo esteja verdadeiramente sob controle.

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Luz no fim do túnel

É o "início do fim da grilagem”, declarou Felício Pontes, procurador do Ministério Público do Pará, sobre recente decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de anular mais de cinco mil registros imobiliários e matrículas consideradas irregulares no Pará. A medida pode devolver para as mãos da União quase um Pará inteiro em terras.

Depois de três anos cruzando informações do período entre 1934 e 1988, uma comissão de combate à grilagem, força-tarefa criada para passar a limpo a situação fundiária do estado, constatou o tamanho da farra dos títulos ilegais. Somados, são mais de 110 milhões de hectares de terras griladas Grande parte delas existe somente no papel. Cerca de 20 milhões de hectares declarados como privados correspondem a regiões onde hoje há Unidades de Conservação – na Terra-do-Meio, Porto de Moz e no entorno da rodovia BR 163.

Nos hectares restantes, terras possivelmente do estado brasileiro, anos de fraude resultam nas imensas taxas de desmatamento no estado, que já perdeu quase toda a sua madeira de valor em extração ilegal, além de abrir caminho para graves conflitos sociais.

“A justiça deu um passo definitivo para acabar com a grilagem, chaga que fez do Pará um palco de violência humana e destruição florestal”, diz Nilo D´Avila, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace. “A medida vence a resistência de entidades de representação do agronegócio, sempre contrárias a ações de cadastramento efetivo”, complementa.

Com o cancelamento dos registros, os supostos donos ficam impedidos de vender ou utilizar a propriedade em transações bancárias até serem – se forem, capazes de comprovar o direito à posse. Desta vez, com papéis verdadeiros.

Um dos ambientes mais frágeis do planeta corre o risco de se transformar no próximo eldorado do petróleo no mundo. A empresa escocesa Cairn Energy acaba de anunciar oficialmente que encontrou gás e indicadores de petróleo na areia de dois poços que perfura no Estreito de Davis, mais conhecido como o estreito dos icebergs, no sudoeste da Groenlândia. O Esperanza, navio do Greenpeace, está ancorado a dois quilômetros dos poços em sinal de protesto contra a exploração de petróleo no Ártico.

Os riscos de abrir poços na região são enormes e não há tecnologia hoje que garanta a segurança da perfuração. O óleo em contato com águas quase congeladas leva mais tempo para se dispersar e, em caso de desastre, poderia envenenar um dos mais importantes ambientes marítimos do mundo, lar de espécies de baleias como a azul e a narwal, ursos polares, focas, tubarões e diversas aves migratórias.

A localização remota e o clima, que só permite os trabalhos durante o verão do Ártico, dificultam qualquer medida emergencial. Um vazamento na temporada de perfuração só poderia ser contido no ano seguinte, mantendo o óleo acumulado abaixo de grossas camadas de gelo.

Ainda assim, os planos da Cairn Energy são ambiciosos. Além dos poços atuais, pretende abrir dois novos até o fim de outubro. A empresa não apresentou até o momento um plano de contingência de acidentes adequado e anuncia que tem 14 navios disponíveis para emergências com vazamentos – número sequer comparável aos 6.500 navios usados no desastre do Golfo do México, em abril de 2010, o maior da história dos Estados Unidos.

De acordo com o centro de pesquisa Americano United States Geological Survey, 30% do gás e 13% do óleo ainda não descobertos no mundo estão no Ártico, 84% deles em alto-mar. Se explorados, podem ser responsáveis por uma emissão de CO2 equivalente a do mundo inteiro em um ano. Permitir que a Cairn Energy comece a perfuração no estreito dos icebergs abre um perigoso precedente para a chegada de outras empresas.

“O mundo precisa ir além do petróleo e promover uma transformação de sua matriz energética, de uma suja e perigosa, para a renovável, como solar e eólica, limpa e segura”, diz Tzeporah Berman, diretora da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Internacional. “Nosso navio está na Groenlândia para pedir o fim da exploração de petróleo nos mares do Ártico e que empresas como a Cairn Energy mudem o foco de seus investimentos, rumo a um futuro de alternativas limpas”, conclui.

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Vento a favor

Governo, empreendedores e distribuidoras do setor de renováveis estiveram reunidos entre os dias 25 e 26 de agosto em uma negociação pelo futuro da nova energia ofertada para o Brasil nos próximos três anos. O resultado final dos dois dias de leilões de energia pode colocar o Brasil na lista dos dez países do mundo com maior capacidade instalada de eólicas na matriz elétrica.

Às 71 usinas contratadas no leilão de energia eólica do ano passado, somaram-se outras 70, com maior potência total de geração de energia. O preço médio de contratação ficou em R$130,86/MWh o que consolida eólica como a segunda fonte mais barata do país. Participaram também pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), com sete usinas vencedoras, e térmicas à biomassa, com doze. As térmicas fósseis, presentes nos leilões anteriores, onde foi negociada a energia que hoje suja a matriz elétrica nacional, felizmente ficaram de fora.

“O Brasil tem potencial de se tornar um país totalmente renovável. A energia hidrelétrica tem limitações para o crescimento, por conta dos seus impactos sociais e ambientais”. diz Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Energia. “Já a eólica tem toda a sua expansão pela frente. No Brasil, venta o suficiente para produzir até 300 mil MW de energia, o que seria mais do que suficiente para abastecer todo o país”.

A disputa entre os empreendimentos terminou com a contratação de 2.892,8 MW de potência, cerca de 2% da matriz elétrica atual do Brasil, ou mais do que duas usinas de Angra 2 somadas, a um preço médio de R$133,56 por MWh. Apesar do bom desempenho de eólicas, o preço médio negociado foi insuficiente para contratar números mínimos de usinas de biomassa e PCHs.

Ainda assim, o resultado sinaliza boa vontade do governo em promover o desenvolvimento da indústria de renováveis no país. “Os leilões deste ano reforçam a tendência de desenvolvimento e há compromisso de que venham a ser mais freqüentes”, conclui Baitelo.


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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